terça-feira, 31 de agosto de 2010

JB, agora só na Internet


A edição impressa do Jornal do Brasil vai às bancas pela última vez hoje, 31 de agosto. Fundado há 119 anos no Rio de Janeiro, o JB terá, de agora em diante, apenas a versão na internet. A decisão de suspender a impressão do jornal tem como principal motivo, não reconhecido pelos atuais proprietários do jornal, as dívidas acumuladas pela empresa – cerca de R$ 800 milhões em dívidas trabalhistas e fiscais.
Nas décadas de 1950-1960 o JB foi um dos principais jornais do País. Em 1958 promoveu uma reforma editorial, gráfica e industrial que tornou-se referência para outros periódicos e influenciou de forma decisiva o jornalismo brasileiro.
De acordo com matéria veiculada pelo jornal O Estado de S. Paulo, dos 50 jornalistas que trabalhavam na redação do JB, apenas 10 devem ficar na versão digital.
Não sou contra as inovações tecnológicas, mas como fui formado em redações onde ainda se batucavam nas “olivites”, a diagramação era feita a mão e ainda havia o past-up, sinto um pouco de tristeza pelo fim de um periódico impresso. Adoro o cheiro de tinta de jornal impresso.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Palestra e Livorno ganham

Em termos futebolísticos, o final de semana foi perfeito. O Palmeiras bateu o Atlético-MG, em Ipatinga, e o Livorno venceu a primeira pela Série B do Italiano. Fez 3 a 0 no Albinoleffe.
Confesso que não vi o jogo em que o Palmeiras venceu o Atlético-MG neste domingo, pela 17ª rodada do Brasileirão, por isto não posso dizer se jogamos bem ou não -- e, por conseguinte, se temos esperanças de o time melhorar muito e, pelo menos, conquistar uma vaga para a Libertadores 2011. Neto Beroba abriu o placar aos 7 minutos do segundo tempo; o Palmeiras empatou aos 21 minutos, com Marcos Assunção aproveitando rebote de Fábio Costa, e virou, aos 31, com Kleber. O Palmeiras foi a única equipe a vencer fora de casa na rodada deste final de semana.
Se não tivesse tropeçado diante do outro Atlético, o de Goiás, o Palestra estaria ocupando o sexto lugar. Por ironia do destino, depois de comemorar os 100 anos do Corinthians, os tifosi da Marginal s/nº torcerão na quarta-feira para o Palestra tirar pontos do Fluminense.
Na segunda rodada do Campeonato Italiano da Série B, o Livorno venceu por 3 a 0 ao Albinoleffe no estádio Azzurri d'Itália, em Bergamo, com gols de Tavano, Dionisi e Surraco. A próxima partida será domingo contra o Siena, em casa, no Estádio Armando Pecchi.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Visita do governador


Adhemar, quando governador de São Paulo, na década de 40.


As eleições estão perdendo a graça, não há clima de eleição nas cidades. Tudo é proibido. Os comícios, embora ainda aconteçam, já não são mais os mesmos. Aliás, o desinteresse pela política vem num crescendo desde a década de 1990. Para atrair o povão, os candidatos apelavam para mega-shows com estrelas da música popular. Depois que se proibiu os shows, o povão não tem mais participado em massa. Grande parte do público dos atuais comícios é formado pela militância dos partidos e, o que é pior, pelos cabos eleitorais “pagos” para segurar bandeiras de candidatos.
Os palanques hoje são eletrônicos – televisão, rádio, twitter, blogs etc.
Houve uma época em que os comícios agitavam os bairros das grandes cidades e especialmente as do interior. Os comícios eram eventos concorridos. E como bem lembrou o jornalista Mouzar Benedito numa deliciosa crônica publicada no sítio Via Política, comício de prestígio tinha que ter pelo menos um bêbado. A crônica ativou meus neurônios e lembrei-me de uma história que meu pai contava sobre Adhemar de Barros, um político de prestígio nas décadas de 40 e 50 em São Paulo, mas um tanto polêmico e até folclórico - teria sido o primeiro político a ser "defendido" pela frase "rouba mas faz". Aos fatos:
Então governador do Estado, Adhemar de Barros, que tinha fama de beberrão, foi a Gália – cidade natal de minha família – inaugurar uma ponte que a prefeitura construíra com verbas repassadas pelo Estado. O então prefeito, um tal Custódio, era aliado do governador.
O avião do governador desceu num pasto de uma fazenda vizinha à ponte. O carro do prefeito foi buscá-lo, arrastando atrás um sem número de moleques em algazarra. Já na entrada da ponte, pouco antes de cortar a fita de inauguração, Adhemar olhou bem para a construção, tirou o chapéu e interpelou o prefeito:
– Custódio, eu mando dinheiro pra fazer uma ponte e você constrói uma pinguela?
A ponte era de madeira, mas o projeto previa que fosse de concreto. Ainda sem graça, Custódio convidou o governador a entrar em seu automóvel e ser o primeiro a atravessar a nova construção para dirigirem-se ao centro da cidade, onde o povaréu os aguardava para um comício.
Já enfastiado, iniciou assim o seu discurso: “Povo de Garça...” Percebendo a gafe, um assessor tentou corrigir o mandatário-mor soprando-lhe ao pé de ouvido: “Governador, é povo de Gália”. Irritado e esquecendo-se que estava com o microfone em mãos, disparou: “Gália, Garça, é tudo a mesma merda”...

Inferno astral


O Palestra fez 96 anos nesta quinta-feira. Mas o presente esperado pela torcida não veio. O mimo foi de grego. Elias, o goiano, saiu do cavalo de Troia e acertou três flechadas certeiras no calcanhar de Aquiles. Azedou o chope, roubou a azeitona das empadas, o rapaz. E como o Palmeiras gosta de ajudar os desesperados! Será reflexo do lado socialista do Belluzzo?
Infelizmente o Verdão não tem atravessado boa fase. É fato que no futebol só tem três resultados possíveis: empate, derrota e vitória. E a derrota é normal, como diria Durkheim, e só se transforma em anomalia quando se torna recorrente. É por isso que o Palmeiras precisa abrir o olho para não acompanhar o “grande” time da aristocracia das bandas do Morumbi na disputa por uma vaga na Série B!
Mas não tem nada não. Amanhã, quem sabe, seremos os caçadores.
O Livorno, o time que torço na Itália, não estreou bem na Série B do Italiano. Perdeu em casa para o Sassuolo, por 4 a 0. Neste sábado busca a reação contra o Albinoleffe. O Livorno era o time de coração de Antonio Gramsci (o “fundador” da esquerda ocidental) e é o time do coração dos comunistas italianos. Existe, inclusive uma torcida ultra (facções que agregam a política e o futebol) comunista.
Meus times, com certeza, andam na fase que os astrólogos – não, não os astrônomos – chamam de “inferno astral”. (Na foto, Valdívia é a imagem do time.)

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

96 anos de glórias


Aos meus quatro ou cinco leitores. Há tempos que não apareço por estas plagas cibernéticas. Primeiro, está faltando tempo (em tempos modernos, o que menos temos é tempo; praga do século XXI), e depois, tive problemas com esta merda de computador (ou seria analfabetismo informático?). Bem, vamos aos fatos. O glorioso Palmeiras completa no dia de hoje 96 anos de existência. Pensei em escrever uma crônica para homenagear meu time de coração. Faltou-me inspiração -- e tempo, ele de novo!. Assim, passeando pelo cipoal internético, deparei-me com a coluna do Roberto Torero, que publicou uma crônica de Marcio R. Castro. Não pedi licença nem pra um nem pra outro para publicá-lo (como não sou um ladrão cibernético, diria que emprestei o belo texto para editá-lo neste espaço). Diviram-se

 
Só de coisa importante
Por Marcio R. Castro
Seu Vittorino Gennaro completa hoje 96 invernos. Se bem que, mesmo em agosto, ainda inverno portanto, seria mais justo falarmos em
primaveras.
Primeiro porque inverno passa a impressão de fim da linha, o que definitivamente não é o caso do vecchio signore. Ele é daqueles que nos
causam admiração aos 30, inveja aos 50 e uma certa raiva depois dos 60.
Depois, porque primavera é a estação em que o verde fica mais verde. Argumento que basta, nada é mais verde que o coração do Seu Vittorino.
Palestrino de nascimento, parmerista desde sempre e palmeirense até a morte, se ela um dia vier.
De uns tempos para cá, vez ou outra a memória do patriarca resolvia falhar. Nada de muito grave, não se alarme. Esquecer onde estavam as
chaves era o que acontecia de mais preocupante. Vittorino dizia que sua memória estava ótima, ele só não tinha mais paciência para lembrar de
qualquer banalidade, só de coisa importante.
Mesmo assim, nonno Vitto percebeu que essas pequenas mancadas de sua memória haviam deixado seus familiares preocupados. No último
domingo, ao chegar à cozinha, se deparou com seus dois bisnetos adolescentes, que conversavam sobre futebol em meio a mordidas em
sanduíches de mortadela. Meio sem quê nem porquê, Dom Vittorino disparou:
- Fred, Júlio, nostro Palmeiras joga hoje pelo Rio-São Paulo?
Os dois se olharam ressabiados. Será que nonno Vitto começava a esquecer até as coisas do Palestra? Logo ele???
- Não, nonno, o Rio-São Paulo não é mais jogado. O Verdão é o maior vencedor do torneio, com cinco taças. E nossos títulos são todos inteiros,
nenhuma conquista dividida, nem inacabada, lembra?
- Ah, é vero, ando meio esquecido, jogamos agora no Brasileirone... A propósito, e campeone brasileiro, nós já fomos?
- Como assim, nonno?! O Palmeiras é o maior de todos, temos oito títulos. São duas Taças Brasil, dois Roberto Gomes Pedrosa e quatro
Brasileirões. Sem contar que também somos o clube com mais taças nacionais. Com a Copa do Brasil e a Copa dos Campeões, somamos dez
conquistas! Só a gente ganhou tanto. O senhor esqueceu?
- Dio santo, é vero! Agora me recordo, o Verdone também é o único clube a vencer todas as competiciones nacionais já disputadas, não é?
Com a piscada do nonno, a farsa acabava. Os garotos ficaram aliviados, sorriram com a pegadinha do bisavô, mas resolveram continuar a gincana
alviverde.
O primeiro título mundial do futebol brasileiro? Palmeiras, sete anos antes da Seleção. Na final da Copa Rio, mais de 100 mil pessoas no
Maracanã. Pobre Juventus de Turim...
Falamos de Seleção? Qual o único clube que representou o Brasil por inteiro, do goleiro ao ponta-esquerda, do técnico ao último reserva?
Palmeiras, 1965, inauguração do Mineirão. Os uruguaios tomaram de três.
Momentos críticos também vieram à baila, sem ressalvas. A fila de 16 anos? Acabou em grande estilo, 4 a 0 no arquirrival. E quando eles estavam
nos 20 anos de fila, nós os deixamos na espera por mais três.
O rebaixamento? Até quando cai, um gigante fica de pé. Fomos e voltamos campeões, sem tapetão, sem regulamentos estranhos, sem
pataquada. Com o Palmeiras, o futebol brasileiro finalmente se moralizou, pelo menos nessa questão: nunca mais houve viradas de mesa.
E a inusitada conversa foi se estendendo. As Academias, o jogo de estreia do Pacaembu, a Libertadores, o supercampeonato de 59, a arrancada
heróica de 42, a Copa Mercosul, o Palestra de São Paulo, a surra de seis em cima do Boca, os 24 títulos estaduais (sim, tem os dois Campeonatos
Paulistas Extras), a sova de oito pra cima do Corinthians (coitados!), os três troféus Ramon de Carranza (dois deles vencidos em cima de um tal
de Real Madrid), o "morreu líder, nasceu campeão", a Arena Palestra, a campanha dos mais de cem gols em 96, o tri da década de 30, o "dá-lhe
porco!", o campeão do século XX... Se tantas glórias e tradições mal cabem nesse planeta, imagine naquela cozinha!
Hoje, ao receber os parabéns, Vittorino tentou disfarçar a surpresa, mas não conseguiu.
- Tinha se esquecido do próprio aniversário, nonno?!!
- Hoje joga o Palestra, cazzo! Só me lembro de coisa importante!
 
Marcio R. Castro é, obviamente, palmeirense.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Atiçando machos selvagens


As palavras têm poder, dizem. Poder de “profetizar”, poder de salvar, numa interpretação, digamos, etéria. E exercem influência sobre a grande massa (a língua é ideológica, não nos esqueçamos). Afinal, vivemos em tempos líquidos em que a informação deixou de ser coisa sólida para se desmanchar no ar, em função da quantidade – em detrimento da qualidade – do que se escreve, se fala e é veiculado pelos meios eletrônicos. As notícias, as opiniões ganham uma amplidão imensurável e uma áurea de “verdade” pura e, portanto, inquestionável, em função da falta de reflexão.
A bela e bem informada atriz Maitê Proença caiu na armadilha das opiniões jogadas ao léu sem qualquer prudência. Em entrevista à coluna de Sonia Racy, do Estadão, Maitê pisou no cocô da vaca e o escremento respingou para todos os lados. Vamos aos fatos.
A entrevista pautou-se pelas polêmicas que sua personagem na novela da Globo – uma balzaquiana devoradora de garotões – estão suscitando. Lá pelas tantas, a entrevistadora dispara: “Já decidiu seu voto? O que acha das atuais opções para a Presidência da República?”. A resposta: “Gosto da Marina e do Serra”. Se a atriz parasse por aí, OK. Todos têm suas preferências políticas e ideológicas. O escorregão aconteceu na sequência. A jornalista perguntou se o feminismo já era ou se as mulheres ainda precisam lutar contra a discriminação. A resposta foi de um infelicidade brutal, digamos até burra. “A mulher ainda é tratada como escrava na África, Ásia, países árabes, na maior parte do planeta. Só no ocidente houve progressos, muitos, mas ainda há discriminação. Quem sabe a própria [discriminação] a calhar nesse momento de eleição, atiçando os machos selvagens e nos salvado da Dilma?”.
Comentário que se equivale àquele famoso do Maluf, o estupra mas não mata!
Tenho dito!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Saudoso samba


Se vivo estivesse, João Rubinato completaria 100 anos na próxima sexta-feira, 6. Reuniria alguns amigos – a maioria octogenários, nonagenários – para uma gelada. Ninguém apagaria velinha, pois com certeza faltaria fôlego. Nossa sorte é que João Rubinato, filho de imigrantes italianos, teimou na vida e virou artista. Criou vários personagens que interpretava em programas de rádio. Um deles, Adoniran Barbosa. Por obra do destino, talvez, imortalizou-se com o nome fictício. João virou Adoniran, ator, cantor, compositor. Escreveu clássicos como Saudosa Maloca, Trem das Onze, Tiro ao álvaro, Samba do Arnesto.
Mas se João Rubinato não ganhará festa, Adoniran, que partiu fora do combinado há quase 28 anos, será comemorado. O Centro Cultural São Paulo preparou uma série de show, entre os dias 7 e 21 de agosto, no Projeto Adoniran 100 anos. Entre os presentes, a impagável Maria Alcina, a ótima Vânia Bastos, Cida Moreira e Passoca (um excelente violeiro), Cauby Peixoto e Maurício Pereira (Os Mulheres Negras). Os espetáculos acontecerão na Sala Adoniran Barbosa – de graça! – e o Centro Cultural fica na rua Vergueiro, 1000, Paraíso (próximo à estação Vergueiro do Metrô). Imperdível!

MARIA ALCINA E VÂNIA BASTOS
Dia 7, 19 horas.

FABIANA COZZA, OSVALDINHO DA CUÍCA E MILENA
Dia 8, 18 horas

CIDA MOREIRA E PASSOCA
Dia 14, 19 horas

CAUBY PEIXOTO, TOBIAS DA VAI-VAI E GRAÇA BRASSA
Dia 15, 18 horas

VIRGÍNIA ROSA, MAURÍCIO PEREIRA E MARKINHOS MOURA
Dia 21, 19 horas

Obs.: os ingressos devem ser retirados com antecedência – começam a ser distribuídos até três dias antes dos shows.