terça-feira, 28 de setembro de 2010

Imprensa: partido informal

Reproduzo abaixo o contundente artigo do jornalista e escritor Eric Nopomuceno – tradutor do prêmio Nobel de Literatura Gabriel Garcia Marquez – sobre a imprensa brasileira, que faz o papel da oposição no Brasil. O título original do artigo é La prensa, verdadera oposición en Brasil. O artigo traduzido retirei do site RS Urgente, de Marco Aurélio Weissheimer.

Considerado o fundador do Estado moderno no Brasil, Getúlio Vargas foi alvo de uma contundente campanha encabeçada pelo jornal Tribuna da Imprensa, do Rio de Janeiro. Terminou se suicidando com um tiro no coração em agosto de 1954. Criador de Brasília e um dos presidentes mais populares do Brasil, Juscelino Kubitschek enfrentou a resistência feroz do conservador O Estado de São Paulo. Acusado de corrupção irremediável, jamais se comprovou nada contra ele. Histórico dirigente da esquerda, o trabalhista Leonel Brizola foi governador do Rio de Janeiro em 1982, no início do processo da democratização, e passou seus dois governos sob uma campanha implacável (e freqüentemente mentirosa) do mais poderoso grupo de comunicações da América Latina, que controla a TV Globo e o jornal O Globo.
Nunca antes, porém, um presidente foi tão perseguido pelos meios de comunicação como ocorre com Luiz Inácio Lula da Silva. Com freqüência assombrosa foram abandonadas as regras básicas do mínimo respeito cidadão. Um bom exemplo disso é a revista Veja, semanário de maior circulação no país, que sem resquícios de pudor público denuncia escândalos em seqüência que acabam não sendo comprovados. Em sua página na internet abriga comentaristas que tratam o presidente da Nação de “essa pessoa”. O mesmo grupo que controla a TV Globo, cujo noticiário tem a maioria da audiência, o matutino O Globo, principal jornal do Rio e segundo em circulação no Brasil, e a principal cadeia de rádio, CBN, não perde a oportunidade de destroçar Lula e seu governo, sem preocupar-se nem um pouco com a veracidade de seus ataques. O jornal Folha de São Paulo, de maior circulação no país, divulga qualquer denúncia como se fosse verdadeira e não se priva de aceitar que um ex-condenado por receptação de mercadorias roubadas e circulação de dinheiro falso se transforme em “consultor de negócios” e lance acusações sem apresentar nenhuma prova. Até o conservador O Estado de São Paulo, que até agora era o mais equilibrado na oposição ao governo, optou por ingressar neste jogo sem regras nem norte.
Frente à inércia dos principais partidos de oposição, o PSDB e o DEM, os meios de comunicação ocupam organicamente esse espaço. Isso foi admitido, há alguns meses, pela própria presidente da Associação nacional de Jornais (ANJ), Judith Brito, da Folha de São Paulo. Mais grave, porém, é o que nenhum destes grupos admite: mesmo antes de iniciar a campanha sucessória de Lula, esse enorme partido informal (mas muito eficaz) de oposição optou por um candidato, José Serra, que não respondeu às suas expectativas. E frente à incapacidade de sua campanha eleitoral, os meios de comunicação brasileiros decidiram atacar a candidatura de Dilma Rousseff, ignorando os limites éticos.
Essa politização absoluta e essa tomada de posição pela imprensa terminaram por provocar a reação de Lula. Suas críticas, por sua vez, provocaram uma irada onda de novas denúncias, indicando que o presidente pretendia impedir a liberdade de expressão e de opinião. No entanto, em seus quase oito anos como presidente, Lula em nenhum momento representou uma ameaça à grande imprensa, por mais remota que fosse. Alguns movimentos para impor algumas regras e impedir a permanência de um esquema de quase monopólio foram neutralizados pelo próprio Lula que optou pelo não enfrentamento com as oito famílias que concentram o controle dos meios de comunicação no maior país latinoamericano.
A liberdade de imprensa é absoluta no Brasil, ao ponto de ter se transformado em liberdade de caluniar. Os grosseiros ataques, freqüentemente baseados em nada, contra Lula e seus governo aparecem todos os dias, sem que ninguém trate de impedi-los. E, ainda assim, os grandes meios não deixam de denunciar ameaças à liberdade de expressão. Talvez a razão de tudo isso repouse no que ocorreu quando o Brasil voltou á democracia, há 25 anos. Ao contrário do que ocorreu em outros países que reencontraram a democracia – penso especificamente nos casos da Espanha e da Argentina -, no Brasil a imprensa não se democratizou. Não surgiram alternativas que respondessem aos diferentes segmentos políticos e ideológicos. Prevaleceu o cenário em que cada meio apresenta o eco de uma mesma voz, a do sistema dominante.
Para esse sistema, Lula era um risco suportável. Já a sua sucessão é outra coisa. E se o candidato da oposição se mostra um incapaz, o verdadeiro partido oposicionista revela sua cara mais feroz. Ao exercer a liberdade do denuncismo barato, mostra seu inconformismo com a manifestação do desejo dessa massa de ignaros que é chamada de povo. Essa gente que não era nada e passou a se considerar cidadã. Isso sim é inadmissível.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Aula de sacanagem, ou como chamar leitor de burro

Tirem as crianças da sala; escondam os jornais dos guris, escancarou geral: a imprensa brasileira está dando aulas de sacanagem. De sacanagem política! Manchete da “Folha” de hoje: “Com escândalos, cai vantagem de Dilma, mostra o Datafolha”. Do lado da manchete, um infográfico que mostra a “queda”: Dilma tinha 51% dos votos no dia 9 de setembro; agora aparece com 49%; Serra, 27%, agora, 28%. Se a própria metodologia da pesquisa prevê que a margem de erro é de 2 pontos percentuais, para cima ou para baixo, o leitor que domina as quatro operações matemáticas tem capacidade para perceber que nada mudou: 49 + 2= 51. Dos votos válidos, o jornal informa que a projeção é que 54% dos eleitores votariam na candidata do PT, fosse hoje as eleições.
Para piorar, Mauro Paulino, Diretor Geral do Datafolha – que está colocando sua credibilidade profissional à prova – escreve que “pela primeira vez em dois meses, Dilma apresenta revés na campanha”. Continua o “analista”: “A tendência reflete não só o prejuízo sofrido pela candidatura do governo após denúncias de tráfico de influência na Casa Civil, a consequente demissão de Eunice Guerra, como também a evolução de Marina Silva para segmentos menos elitizados do eleitorado.” Marina Silva passou de 11% para 13%, ou seja, dentro da margem de erro.
O pior é que todo mundo está repercutindo a “queda” da candidata petista. O “Estadão” insinua inclusive que o resultado levou o presidente do PT ao desespero.
Quem a imprensa pensa que engana. Independentemente de minhas preferências eleitorais, sinto-me agredido por tal postura. Afinal, a “Folha” está me chamando de burro.
É claro que as “denúncias” – que só ganharam importância jornalística com as proximidades da eleição – não surtiram qualquer efeito, e que estes jornais não querem enxergar. Eta imprensa golpista, sô!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A democracia "deles"

Intelectuais devem lançar hoje, quarta-feira, 22, “Manifesto em Defesa da Democracia”, cuja meta, segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, é o de “brecar a marcha para o autoritarismo”. Ao ler a cabeça da matéria, pensei: “Nossa, o 'Estadão' está denunciando o José Serra?” Bem, não sou ingênuo o bastante. Mas se há alguém com perfil autoritário concorrendo às eleições presidenciais esta figura é o senhor José Serra, que não aceita qualquer tipo de crítica. Serra mandou demitir uma jornalista da “Folha de S. Paulo” porque, durante a greve dos professores, “ousou” contestar dados que ele passava à imprensa numa coletiva no Palácio dos Bandeirantes. Nenhum intelectual, muito menos os jornalistas, levantaram qualquer bandeira em defesa da “liberdade” de imprensa; mais recentemente, mandou demitir o diretor de jornalismo da TV Cultura, porque ele “permitiu” que a emissora veiculasse num de seus programas jornalísticos matéria criticando o preço dos pedágios praticados nas principais rodovias do Estado de São Paulo. Não vi manifestação de nenhum intelectual em defesa do jornalista.
Quando Lula ganhou a eleição em 2002, derrotando o próprio Serra – 63% dos votos a 38,7% – disse a um colega: “No primeiro deslize do Lula no governo, a imprensa vai descer o pau!” Inebriado pela vitória, contestou minha análise. Não demorou muito para a “lua-de-mel” da imprensa com o novo governo – o primeiro eleito pela esquerda – transformar-se em “lua de fel”. Nestes 8 anos, a imprensa não economizou adjetivos pejorativos para referir-se a Lula. O presidente não cortou verbas publicitárias de nenhuma revista, nenhum jornal ou rede de TV.
Acontece que nesta campanha eleitoral, a grande mídia não vem desempenhando o papel de partido político, publicando uma série de matérias cujas denúncia não se sustentam, mas que ganham suítes diariamente. Este não é bom jornalismo. Ademais, não se dá para falar de LIBERDADE de imprensa quando os principais meios de comunicação do país ficam nas mãos de meia dúzia de famílias aristocráticas e de políticos minúsculos.
Em excelente artigo publicando pela Agência Carta Maior, Por que a grande mídia e a oposição resolveram jogar sujo, Vinicius Wu sintetiza bem a celeuma: “A grande mídia e a oposição não compreenderam que o país entrou em um novo período histórico e, desta forma, correm o risco de ficarem falando sozinhas por um bom tempo. As pessoas não estão votando em personalidades, como supunham os próceres da campanha Serra. Estão votando no futuro - no seu futuro e no futuro do país. A disputa eleitoral de 2010 não ficará marcada pelo 'confronto de biografias', como imaginavam os tucanos e seus aliados no início da campanha. Derrotados em seus próprios conceitos; perplexos diante de uma ampla maioria que lhes vira as costas, só lhes resta o golpe, que não tem força pra dar.”

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A culpa é do peru


Quanto tinha uns 5 anos, vivia numa casa enorme numa cidade do Interior, com um grande quintal – na minha visão de piá, um latifúndio onde se criava galinhas e até um peru. Uma vez entrei na cozinha em disparada carreira e topei com a mesa. A cabeçada doeu, mas o que mais me assustou foi a queda de uma xícara que estava sobre a mesa. Minha mãe adorava aquela louça, que se espatifou no chão. Com medo de levar um pito daqueles, peguei a vassoura e recolhi os cacos. Sem saber onde jogar, cavei um pequeno buraco no quintal e enterrei a prova do crime.
Como nem todo crime é perfeito – sem contar que minha mãe tinha um faro de Sherlock Holmes – fui descoberto. Os cacos mal varridos me denunciaram.
Quando minha mãe me perguntou: “Você quebrou minha xícara?”, não pensei duas vezes: “Não, mãe, foi o peru. Ele pulou a cerca e entrou na cozinha”. A bronca foi maior, não porque a xícara se quebrou, mas porque menti.
O governo do Estado de São Paulo – aliás, o tucanato em geral – não consegue admitir que erra. Sempre o peru é o culpado. Quem usa do metrô para ir trabalhar ou estudar sabe que todos os dias há problemas seja na linha azul, na vermelha ou na verde. Pois bem, hoje pela manhã a linha vermelha viveu mais um dia de caos que, como o efeito borboleta, repercutiu em todo o trânsito de São Paulo. Uma amiga ficou presa numa composição na estação Bresser e demorou mais de duas horas para chegar ao trabalho. Contou que os funcionários do metrô não tinham qualquer informação e que o problema teria ocorrido na estação Sé. Os alto-falantes da estação informavam que “usuários” estariam na linha.
Ainda pela manhã, o governo se antecipou e disse que uma blusa presa numa das portas causou o caos. Soninha Francine, do PPS (aquela que entende de futebol), coordenadora de campanha do Serra na Internet, saiu-se com essa: "Metrô de Spaulo tem problemas na proporção direta da proximidade com a eleição. Coincidência? #SABOTAGEM #valetudo #medo". A culpa é sempre do peru.
(A imagem é da "Folha de S. Paulo")

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Serra, sua filha e a privataria

Aristóteles, o grande filósofo grego, dizia que os comerciantes, artesãos e agricultores estariam excluídos da cidadania por dois motivos: falta de virtude e falta de ócio. O ócio seria necessário para que o cidadão pudesse exercer com afinco as funções públicas judiciárias, legislativas e governamentais. Como meus dois ou três leitores sabem, voltei a estudar. Mais uma vez constatei que o ócio é também necessário àqueles que buscam o conhecimento. Coisa que me falta. Tenho usado o pouco tempo de folga – inclusive o trajeto trabalho-casa no transporte coletivo – para afundar meu nariz nos livros. Por isso as ausências constantes neste espaço.
Digo isto porque gostaria de acompanhar com mais dedicação o período eleitoral – inclusive com comentários neste espaço. Tenho, confesso, dado uma olhadela nos jornalões e pescado informações na internet. Já não tenho mais saco para as matérias sobre a violação do sigilo fiscal de alguns figurões do PSDB. É coisa antiga, remonta a 2009 e andou querendo renascer mesmo antes do início da campanha tomar as ruas pelas regras do TSE. Mas bastou a Dilma disparar nas pesquisas de intenção de voto para que o “escândalo” ganhasse as capas dos principais jornais de São Paulo e grande espaço dos noticiosos da Globo. História requentada, conforme já disse, pois “denunciada” pela “Veja” em maio.
Serra foi para a TV – de novo a Globo! – chorar pitangas e dizer que a Dilma estava usando armas de Fernando Collor em 1989 e “usando” sua filha para fazer “jogo sujo”. E a imprensa - por incopetência ou em descarada campanha golpista - repercutiu.
O PSDB entrou no Tribunal Superior Eleitoral pedindo a cassação do registro de Dilma. No dia 2 de setembro, o corregedor-geral eleitoral, ministro Aldir Passarinho Junior, arquivou o pedido. De acordo com o jornalista Marcos Aurélio Weissheimer, da agência “Carta Maior”, “na representação a coligação de Serra acusa Dilma e outras seis pessoas (o candidato ao Senado por Minas Gerais, Fernando Pimentel, os jornalistas Amaury Junior e Luiz Lanzetta, o secretário da Receita Federal Otacílio Cartaxo, e o corregedor-geral da Receita Federal, Antonio Carlos Costa D’Ávila) de 'usar a Receita Federal para quebrar o sigilo fiscal de pessoas ligadas ao candidato Serra, com a intenção de prejudicá-lo em benefício da campanha da candidata Dilma'”.
Por que citou os jornalistas Amaury Júnior e Luiz Lanzetta? Fui descobrir fuçando na internet, onde “descobri” uma matéria na "CartaCapital" assinada por Leandro Fortes, datada de 4 de junho. Peço licença à revista para reproduzi-la abaixo:

O dossiê do dossiê do dossiê…
04/06/2010 13:03:26
Leandro Fortes, na Carta Capital
No modorrento feriado de Corpus Christi, os leitores dos jornais foram inundados com informações sobre uma trama que envolveria a fabricação de dossiês contra o candidato tucano à Presidência, José Serra, produzidos por gente ligada ao comitê da adversária Dilma Rousseff. O time de espiões teria sido montado pelo jornalista Luiz Lanzetta, dono da agência Lanza, responsável pela contratação de funcionários para a área de comunicação da campanha petista. O primeiro desses documentos seria um relatório sobre as ligações de Verônica Serra, filha do candidato do PSDB, com Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Uma história tão antiga quanto os dinossauros e já relatada inúmeras vezes na última década, inclusive por CartaCapital.
A notícia sobre o suposto dossiê, que ninguém sabe dizer se existe de fato, veio a público em uma reportagem confusa da revista Veja e ganhou lentamente as páginas dos jornais durante a semana até ser brindada com uma forte reação do PSDB e de Serra. Na quarta-feira 2, o pré-candidato tucano acusou Dilma Rousseff de estar por trás da “baixaria” e cobrou explicações. A petista disse que a acusação era uma “falsidade” e o presidente do partido, José Eduardo Dutra, informou que a cúpula da legenda havia decidido interpelar Serra na Justiça por conta das declarações.
Os boatos sobre a fábrica de dossiês parecem ser fruto de uma disputa interna entre dois grupos petistas interessados em comandar a estrutura de comunicação da campanha de Dilma Rousseff, um ligado a Lanzetta, outro ao deputado estadual Rui Falcão. A origem dessa confusão era, porém, desconhecida do público, até agora. CartaCapital teve acesso a parte do tal “dossiê” que gerou toda essa especulação. Trata-se, na verdade, de um livro ainda não publicado com 14 capítulos intitulado Os Porões da Privataria, do jornalista Amaury Ribeiro Jr.
O livro descreve com minúcias o que seria a participação de Serra e aliados tucanos nos bastidores das privatizações durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. É um arrazoado cujo conteúdo seria particularmente constrangedor para o pré-candidato e outros tantos tucanos poderosos dos anos FHC. Entre os investigados por Ribeiro Jr. estão também três parentes de Serra: a filha Verônica, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marin Preciado. Está sendo produzido há cerca de dois anos e nada tem a ver com a suposta intenção petista de fabricar acusações contra o adversário.
É essa a origem das informações sobre a existência do tal “dossiê” contra a filha de Serra. E a razão de os tucanos terem lançado um ataque preventivo às informações que constam do livro. De fato, Ribeiro Jr. dedicou-se a apurar os negócios de Verônica. Repórter experiente com passagens em várias redações da imprensa brasileira, Ribeiro Jr. iniciou as apurações a pedido do seu último empregador, o Grupo Diários Associados, que congrega, entre outros, os jornais Correio Braziliense e O Estado de Minas. O livro narra, por exemplo, supostos benefícios obtidos por Marin Preciado em instituições financeiras públicas, entre elas o Banco do Brasil, na época em que outro ex-tesoureiro de Serra, Ricardo Sérgio de Oliveira, trabalhava lá. Para quem não se lembra, Oliveira ficou famoso após a divulgação de sua famosa frase “no limite da irresponsabilidade” no conjunto dos grampos do BNDES.
Em uma entrevista que será usada como peça de divulgação do livro e à qual CartaCapital teve acesso, Ribeiro Jr. afirma que a investigação que desaguou no livro começou há dois anos. À época, explica, havia uma movimentação, atribuída ao deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), visceralmente ligado a Serra, para usar arapongas e investigar a vida do governador tucano Aécio Neves, de Minas Gerais. Justamente quando Aécio disputava a indicação como candidato à Presidência pelos tucanos. “O interesse suposto seria o de flagrar o adversário de Serra em situações escabrosas ou escândalos para tirá-lo do páreo”, diz o jornalista. “Entrei em campo, pelo outro lado, para averiguar o lado mais sombrio das privatizações, propinas, lavagem de dinheiro e sumiço de dinheiro público.”
A ligação feita entre o nome de Ribeiro Jr. e o anunciado esquema de espionagem do comitê de Dilma deveu-se a um encontro entre ele e Lanzetta, em Brasília, no qual se especulou sobre sua contratação para a equipe de comunicação da campanha petista. Vencedor de três prêmios Esso e quatro prêmios Vladimir Herzog, entre muitos outros, Ribeiro Jr., 47 anos, é conhecido por desencavar boas histórias. Herdeiro de uma pizzaria e uma fazenda em Campo Grande (MS) e ocupado com a finalização do livro, o jornalista recusou o convite.
Na entrevista de divulgação do livro, Ribeiro Jr. afirma que a obra estabelece a ligação de diversos tucanos com as privatizações e desnuda inúmeras ações com empresas offshore para fazer entrar no Brasil dinheiro oriundo de paraísos fiscais. “São operações complicadas e necessitam ser explicadas com cuidado para os brasileiros perceberem o quanto foram lesados e em quanto mais poderão ser.”
A aproximação entre Ribeiro Jr. e Lanzetta, contudo, teria sido suficiente para que grupos interessados em ganhar espaço na campanha petista desencadeassem uma onda de boatos sobre a formação de um time de contraespionagem para produzir dossiês contra os tucanos. Diante do precedente dos “aloprados” do PT, a mídia embarcou com entusiasmo na versão depois assumida com tanto vigor pelos próceres tucanos. É mais um não fato da campanha.
O mesmo fenômeno envolveu o ex–delegado federal Onésimo de Souza, especialista em contraespionagem que chegou a oferecer serviços ao PT de vigilância e rastreamento de escutas telefônicas. Como cobrou caro demais, acabou descartado, mas foi apontado como futuro integrante da tal equipe de arapongas de Dilma Rousseff.
Por ordem da pré-candidata, qualquer assunto relativo a dossiê e afins está proibido no comitê de campanha instalado numa casa do Lago Sul de Brasília. Dilma se diz “estarrecida” com as acusações veiculadas, primeiro, na revista Veja e, em seguida, por diversos outros veículos – sempre com foco na suposta espionagem, nunca no conteúdo do suposto dossiê. Aos auxiliares, a petista mandou avisar que não aceitará, “em hipótese alguma”, a confecção de dossiês durante a campanha e demitirá sumariamente quem se envolver com tal expediente.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Dunga detona Serra


O desespero baixou no ninho do tucano. O Zé só diz e faz bobagens. No programa de TV, o Serra dos pedágios atacou Dunga, levou o troco. Leia entrevista de Dunga publicada no “Diário de S. Paulo” de hoje, sexta-feira, 3:

Usado como exemplo pela campanha de José Serra no rádio para criticar a falta de experiência da candidata do PT Dilma Rousseff, o ex-treinador da seleção brasileira Dunga respondeu bem ao seu estilo. Em entrevista exclusiva ao DIÁRIO, Dunga rebateu a comparação feita pela campanha de Serra entre ele e Dilma. "O Serra tem experiência. É um craque para governar o Brasil. A Dilma não. É que nem o Dunga. Nunca foi técnico de nenhum time, foi para a seleção e deu no que deu", diz uma pessoa não identificada.

Veja o que diz o ex-técnico da seleção:
Comparação
É só ver os meus resultados e comparar. Quando eu fui campeão da Copa América e da Copa das Confederações, ele me elogiou. Agora crítica. Talvez ele esteja desesperado.

Defeitos
Eu acho que ele deveria assumir os seus defeitos para depois achar defeito nos outros.

Problemas
São Paulo não tem problema? Alaga mais que Veneza, ônibus são incendiados todos os dias. Só o fato de São Paulo ter decidido na última hora o estádio da Copa já diz tudo. Por que ele está preocupado comigo?

Lula
O Lula também não tinha experiência e tem 80% de popularidade. Ele está fazendo o que os outros não fizeram em cem anos.

Dilma
Dilma é uma mulher e pode ser a primeira mulher presidente do Brasil.

Democracia
Quando o Brasil precisou da Dilma ela não fugiu, lutou aqui pela democracia. Alguns correram.

Política
Para mim isso é natural (ser citado na propaganda). Se eles falassem o que deixaram de fazer seria melhor para o eleitor escolher.