segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Ando meio desligado!


Ando meio Macunaíma neste janeiro chuvoso (ai que preguiça!) – chuvas que têm provocado tragédias anunciadas, aliás!
Escrevo este post em respeito aos meus sete ou oito leitores, pois minha ausência aqui deve estender-se até o final de janeiro, pois estou cobrindo férias de companheiros e coisa está complicada. Abraços a todos!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Kalango para ver e ler


Osni Dias é um daqueles amigos que cultivamos desde a infância. Estudamos juntos o antigo primeiro grau (hoje ensino fundamental). Depois de alguns anos, trabalhamos juntos no jornal “Primeira Hora”, de Osasco. Excelente diagramador, Osni trabalhou na “Folha de S. Paulo” e em outras publicações. Depois, resolveu seguir a carreira acadêmica. Lecionou jornalismo no Mato Grosso do Sul – Dourados e Campo Grande – e agora está dando aulas em Atibaia.
No ano passado Osni lançou a Kalango, uma revista digital que chega ao 4º número – edição na qual tive o imenso prazer em colaborar com um pequeno artigo (leia abaixo). Você pode acessar a edição completa no link http://revistakalango.wordpress.com/ . Boa leitura

Política X religião: “a César o que
é de César, a Deus o que é de Deus”

Por Luís Brandino
O grande pensador florentino Niccolò Machiavelli nos ensinou em Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio (“Discorsi”)1 que as calúnias são perniciosas às repúblicas. “(...) A calúnia deve ser detestada nas cidades que vivem sob o império da liberdade (…) É preciso atentar para o fato de que a calúnia dispensa testemunhos e provas: qualquer um pode ser caluniado por qualquer um”.
Na recente eleição presidencial, a democracia e o republicanismo foram afrontados. A calúnia, a difamação e a mentira deram o tom da campanha política, em detrimento de uma discussão mais clara sobre os planos de construção de um futuro para o País. Pelas redes sociais, assistimos a uma disseminação, quase sem precedentes, de barbaridades – o que é pior, muito do que foi dito sem provas e testemunhas encontrou eco na chamada grande imprensa. Chegamos ao cúmulo de transformarmos a eleição num plebiscito sobre a liberalização ou não do aborto – e mais uma vez com os meios de comunicação servindo de correia de transmissão.
A campanha do tucano José Serra apostou no terrorismo da boataria, explorando – com competência, é preciso dizer – a ignorância e os medos de uma boa parcela do eleitorado. Collor de Mello utilizou-se deste mesmo expediente contra o Lula, nas eleições de 1989. Os “colloridos” à época diziam que Lula iria “implantar o comunismo", tomar a casa das pessoas, as galinhas, os patos, os porcos, os carros. Deu no que deu. Se voltarmos 46 anos no relógio do tempo, nos depararemos com movimento reacionário que gerou consequências muito maiores. Em 1964, um padre irlandês – Patrick Peyton – liderou e fundou uma entidade chamada “Movimento da Cruzada do Rosário pela Família”. Este movimento foi o embrião da “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, que precipitou a derrubada do presidente João Goulart pelo golpe militar.
Ao apostar no voto e na influência dos setores mais conservadores da Igreja Católica Romana e entre as denominações evangélicas, o candidato Serra foi longe demais. Num cartão entregue a professores “convocados” pela Secretaria da Educação para um evento com o candidato tucano, durante a campanha para o segundo turno, Serra escreveu no verso: “Jesus é a verdade e a justiça”.
Desde a Proclamação da República o Estado é laico – mas non troppo, em alguns momentos. A Constituição de 1988 estabeleceu um Estado em que as liberdades de crença e culto, contudo o Estado laico ainda é uma meta a ser perseguida pelo Direito brasileiro, como lembrou Túlio Viana, em artigo para a revista Fórum (edição 92, p. 21). É preciso que nós, eleitores, aprendamos a máxima: a César o que é de César, a Deus o que é de Deus. A política é mundana, não está, portanto, nas esferas da fé. Urge separamos as duas coisas.
A grande arma contra a calúnia é a educação e a informação isenta e de boa qualidade. Tenho dito!

1- Machiavelli, Niccolò. Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio. Brasília: Editora UnB, 4ª edição, 2000