Sem liberdade de imprensa não existe democracia. Em alguns países europeus há jornais ligados a partidos políticos com grande credibilidade. O L'Unità, fundado por Antonio Gramsci, por exemplo, é ligado ao PDS (ex-PCI); há jornais ligados à igreja católica e, consequentemente, à Democracia Cristã. No Brasil os jornais vendem uma imagem de independência – quem não se lembra do anúncio da Folha, “de rabo preso com o leitor”? Só que não respeitam o leitor. Seria normal, por exemplo, a Folha – ou a Rede Globo – anunciar em editorial: “apoiamos a candidatura de Serra”, e fazer uma cobertura isenta. Ao contrário, não assumem quem apoiam e fazem uma cobertura coxa, a partir de denúncias plantadas, de preconceitos criados pelo senso-comum. Vendem ao leitor/telespectador propaganda política por matérias jornalísticas. Pior são alguns jornalistas que querem se passar por isentos, mas andam só dizendo bobagens. Algumas pérolas:
"O PSDB está virando um partido de massa, mas uma massa cheirosa."
Eliane Cantanhêde, da Folha
“Após governo sem brilho em SP, José Serra deve levar a uma disputa mais madura e propositiva pela Presidência do país.”
Editorial da Folha
“(…) esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada.”
Maria Judith Brito, presidente da Associação Nacional de Jornais-ANJ
sexta-feira, 16 de abril de 2010
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Adestramento tucano
A campanha eleitoral para a presidência da República – que deve ter início no dia 6 de julho – será uma guerra aberta entre PT e PSDB. A elite brasileira não engolirá mais quatro anos de PT no governo. A imprensa tucana de São Paulo já anda desesperada. Festa de lançamento da pré-candidatura de José Serra mereceu manchete no jornal O Estado de S. Paulo no domingo. Com direito a uma foto de Serra beijando Aécio Neves (seria um beijo de Judas?).
A ideia do partido é contrapor os currículos de Serra e Dilma Rousseff, pré-candidata do PT. O que isto significa? Atacar Dilma porque ela foi da Var-Palmares – grupo guerrilheiro – durante a ditadura militar e esconder que Serra fugiu para um auto-exílio no Chile?
O “Estadão” tenta, a todo custo, fazer de Aécio o vice de Serra – a tal chapa “puro-sangue”. Na edição de domingo voltou à carga. Quem conhece o mínimo de política sabe que se Aécio for o vice do Serra estará sepultando seu futuro político. O ex-governador de Minas também sabe disto...
Tucanos amestrados
Deu na edição da revista IstoÉ (edição 2109, de 9 de abril): “Na tentativa de formar uma rede de cabos eleitorais bem preparados para o debate político nas ruas, PSDB cria curso para dar aulas de antipetismo”. Trata-se do programa Comunicar 45. O repórter acompanhou o treinamento de militantes e simpatizantes do Recife (PE). O Comunicar 45 já treinou instrutores em São Paulo, Fortaleza, Espírito Santo, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia, Piauí e Maranhão.
O curso é dado por cientistas políticos ligados ao tucanos. De acordo com a reportagem, são fornecidos na aula teórica “atalhos para fugir de temas polêmicos. Por exemplo, se o eleitor mencionar o nome de Lula, o tucano deve reforçar que o debate não é mais entre o presidente petista e FHC. Caso a discussão gire em torno dos programas sociais, o militante deve responder de pronto que foi o PSDB que começou a construir a rede de proteção social do País, com a criação do Bolsa Alimentação, Bolsa Escola e Vale Gás”. E esquecer-se, certamente, que os tucanos – e a elite – são críticos ferrenhos dos programas sociais do PT. E a guerra pelo voto está apenas no começo, como lembra bem a reportagem de IstoÉ.
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Tucanos recorrem ao TSE para bicar professores
Tucanos e DEMOS entraram no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com uma representação contra a APEOESP, o sindicato dos professores que lecionam no Estado. A alegação? Propaganda antecipada e “contra-propaganda”. Isto porque, numa assembleia, a presidente do sindicato criticou Serra. Desde o início do movimento tanto Serra quanto seu secretário da Educação, Paulo Renato, têm dito que a greve é política. A intenção é descaracterizar o movimento e esconder que nos últimos 14 anos o PSDB, no Estado de São Paulo, tem trocado os pés pelas mãos no que tange à área da Educação Pública, com planos mirabolantes e especialmente pela implantação, de forma atabalhoada e equivocada, do projeto de “promoção automática” – um Frankstein construído a partir de uma experiência espanhola, que transformou-se na prática em aprovação automática.
Os tucanos se acham acima do bem e do mal. Não aceitam críticas. Da mesma forma, no poder exercem a força para ofender seus adversários – e tentar aniquilá-los, claro. No fundo, tentam aniquilar a APEOESP, a pedra no sapato daqueles que ocupam ou ocuparam o Palácio dos Bandeirantes. Também usam a truculência na condução das coisas públicas, pois impõem políticas goela abaixo da população sem consultar ninguém – são auto-suficientes. Sequer atenderam os pedidos de audiência para negociar a pauta de reivindicações dos professores, que há 12 anos acumulam perdas salarias próximas a 30% (pode parecer pouco, mas em período de inflação controlada, é uma corrosão no poder de compra bem razoável).
Grande parte da imprensa paulista – também emissoras de rádio e TV – está usando a fantasia dos ranfastídeos. Só falta usarem como logotipo um tucaninho. Transformaram-se em diário oficial do PSDB. Felizmente há feixes de luz neste cipoal. Jânio de Freitas, colunista da “Folha”, publicou na edição de hoje um artigo coerente, A greve da hora:
“A ideia do PSDB de buscar uma punição judicial para o sindicato dos professores oficiais de São Paulo, por considerar que a greve da classe tem propósitos eleitorais, é um mau começo de campanha para José Serra e os candidatos peessedebistas em geral, no Estado.
“Não é preciso, nem seria sensato, duvidar do componente eleitoral da greve. Por ao menos dois bons motivos, melhor caberia louvar a ocorrência de uma greve também política.
“É legítimo, e da própria definição de sindicato, que participe da vida política com a posição mais conveniente à classe. Inclusive com greves, cuja base legal ou ilegal só à Justiça, e jamais a governos e à polícia, cabe proclamar. (…) No final, importa muito mais é que uma associação de classe se mostre viva, quando todas as associações devedoras da ação política própria da democracia parecem, há tanto tempo, sugadas de toda a sua vitalidade.
“Impedir que sindicatos e congêneres de se manifestar politicamente seria trazer de volta um pedaço de ditadura.”
O sindicato não pode fazer greve política, mas os jornalistas podem fazer propaganda – disfarçada de análise política – na TV. O cineasta travestido de jornalista Arnaldo Jabor é um deles. Leia o que falou ontem, 31, em seu quadro no Jornal da Globo:
A eleição este ano é importante para
atualizar o estado brasileiro
Atenção! Foi dada a partida para mais um páreo. De um lado tucanos bicudos e do outro sapos barbudos. Mas, não é Fla X Flu. Esta eleição é importante para atualizar o estado brasileiro, que precisa assimilar a complexidade do mundo atual.
Temos a mania de achar que o estado tem de ser uma fortaleza, um Deus de onde tudo emana. Dai a importância da democracia que é plural, ampla. Como disse Sérgio Buarque de Holanda: “a democracia no Brasil sempre foi um mal entendido.”
Democracia não é demagogia. É necessidade social. O país é muito amplo para caber em uma cabeça só, em um super estado divino. Isso leva a defeitos conhecidos: populismo, corrupção, política do espetáculo e, claro, autoritarismo.
Eleição não é Corinthians e Palmeiras como acham a CUT e sua líder que usou uma greve para gritar: “vamos quebrar a espinha dorsal do PSDB e do governador.” Isso não é campanha, é terrorismo.
Governar o Brasil não é mandar em tudo. Governar o Brasil não é matar as saúvas como se dizia antigamente. É confiar na sociedade e em seus empreendedores livres.
Por isso, o estado tem de se reformar para ser enxuto, malhado, eficiente e abrir caminhos que fortaleçam a infraestrutura precária e a educação catastrófica, pois, estas são as saúvas de hoje.
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