quinta-feira, 2 de julho de 2009

Uma dica de leitura

Sem saco para ler ou fazer outra coisa, dia destes estava vendo TV. Nada interessante para ver, até que parei na TV Cultura (a única emissora com algum conteúdo da televisão aberta, pelo menos em São Paulo). Peguei o final da entrevista com o jornalista Carlos Dornelles, agora na Record, no programa “Vitrine”. Ele contou uma história interessante. Disse que para não se estressar, não dirige em São Paulo. (Decisão sábia.) Pega muito táxi. Como é famoso, quase sempre é reconhecido pelos taxistas. Mais que depressa, os motoristas sintonizam o dial numa emissora de notícias. “Outro dia perguntei ao taxista o porque ele havia mudado de estação. Ele me respondeu: ora, o senhor é jornalista, tem que ficar por dentro das notícias. Respondi-lhe que quem gosta de notícia são taxistas, não jornalistas”. Dornelles tem razão. As pessoas pensam que informação é conhecimento. Não é bem assim. A quantidade de informação que recebemos hoje é de enlouquecer qualquer um. O pior é que as pessoas escutam – ou leem – as notícias sem fazer qualquer reflexão, sem questionar.
É preciso que tenhamos mais de uma fonte de informação para que possamos tirar conclusões. E sabermos qual a ideologia daquele veículo que nos vende tal informação; qual o posicionamento político, econômico.
Tenho minhas preferências de leitura, é óbvio. A revista “Veja”, por exemplo, deixei de ler há 20 anos, por alguns motivos. Em primeiro lugar, porque é uma revista elitista e preconceituosa; em segundo lugar, porque tem uma pauta editorializada. Quando leio uma revista, busco informação, não opinião que tem como fim último “fazer minha cabeça”.
Gosto muito da revista “Fórum”, que surgiu numa das edições do “Fórum Social Mundial”. É claro que tem uma vertente mais à esquerda, mas não é editorializada. Sempre traz ótimas matérias. Serve como contraponto à imprensa comercial. Por isto eu a recomendo.

Sério Cortela

A edição 75, que está nas bancas, traz como destaque de capa uma entrevista com o filósofo, teólogo e educador Mario Sérgio Cortella. Na entrevista, Corella, professor da PUC-SP, faz um histórico das políticas educacionais no Brasil. Estou cansado de ver economistas dando opinião sobre a educação pública no Brasil. Aliás, como diz minha esposa, uma educadora, todo mundo opina sobre educação no Brasil, do porteiro do prédio ao policial, menos o professor.
Alguns trechos da entrevista:
“O Brasil é um país que fez 509 anos de fundação, mas o Ministério da Educação foi fundado em 1930. Antes de 1930, não havia nenhum órgão nacional que cuidasse da educação. Aliás, a primeira universidade brasileira de fato é a de São Paulo, fundada em 1934. Para se ter uma ideia, Peru, Bolívia, Paraguai já tinham universidades no século XVI”.

“Quando as elites de um país, propositadamente, não cuidam da educação pública, é um sintoma de que não há necessidade de fazê-lo para sustentação do seu poderio econômico. No período da República, a educação só entra como prioridade a partir de 1930, quando há a revolução liberal, graças a pioneiros como Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo que levaram a essa lógica”.

“Por incrível que pareça quem vai potencializar de fato a educação como elemento de integração nacional será a ditadura militar. É ela que em 1964, ao assumir no golpe, gerencia a estrutura política e econômica até 1985 e vai dar uma certa integralidade a uma noção de educação pública.”

Por este e por outras dá para se entender a crise educacional. Você pode ler a íntegra da entrevista no sítio da revista: www.revistaforum.com.br .

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