Aos três ou quatro leitores deste humilde blog, peço desculpas pelo desaparecimento. É que estou curtindo merecidas férias. Por isso não serei tão constante nos comentários. Mas prometo não desaparecer.
"Na hora de descansar, descansar.
Na hora de trabalhar,
pernas pro alto que ninguém é de ferro".
Tenho dito!
sexta-feira, 10 de julho de 2009
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Uma dica de leitura
Sem saco para ler ou fazer outra coisa, dia destes estava vendo TV. Nada interessante para ver, até que parei na TV Cultura (a única emissora com algum conteúdo da televisão aberta, pelo menos em São Paulo). Peguei o final da entrevista com o jornalista Carlos Dornelles, agora na Record, no programa “Vitrine”. Ele contou uma história interessante. Disse que para não se estressar, não dirige em São Paulo. (Decisão sábia.) Pega muito táxi. Como é famoso, quase sempre é reconhecido pelos taxistas. Mais que depressa, os motoristas sintonizam o dial numa emissora de notícias. “Outro dia perguntei ao taxista o porque ele havia mudado de estação. Ele me respondeu: ora, o senhor é jornalista, tem que ficar por dentro das notícias. Respondi-lhe que quem gosta de notícia são taxistas, não jornalistas”. Dornelles tem razão. As pessoas pensam que informação é conhecimento. Não é bem assim. A quantidade de informação que recebemos hoje é de enlouquecer qualquer um. O pior é que as pessoas escutam – ou leem – as notícias sem fazer qualquer reflexão, sem questionar.
É preciso que tenhamos mais de uma fonte de informação para que possamos tirar conclusões. E sabermos qual a ideologia daquele veículo que nos vende tal informação; qual o posicionamento político, econômico.
Tenho minhas preferências de leitura, é óbvio. A revista “Veja”, por exemplo, deixei de ler há 20 anos, por alguns motivos. Em primeiro lugar, porque é uma revista elitista e preconceituosa; em segundo lugar, porque tem uma pauta editorializada. Quando leio uma revista, busco informação, não opinião que tem como fim último “fazer minha cabeça”.
Gosto muito da revista “Fórum”, que surgiu numa das edições do “Fórum Social Mundial”. É claro que tem uma vertente mais à esquerda, mas não é editorializada. Sempre traz ótimas matérias. Serve como contraponto à imprensa comercial. Por isto eu a recomendo.
Sério Cortela
A edição 75, que está nas bancas, traz como destaque de capa uma entrevista com o filósofo, teólogo e educador Mario Sérgio Cortella. Na entrevista, Corella, professor da PUC-SP, faz um histórico das políticas educacionais no Brasil. Estou cansado de ver economistas dando opinião sobre a educação pública no Brasil. Aliás, como diz minha esposa, uma educadora, todo mundo opina sobre educação no Brasil, do porteiro do prédio ao policial, menos o professor.
Alguns trechos da entrevista:
“O Brasil é um país que fez 509 anos de fundação, mas o Ministério da Educação foi fundado em 1930. Antes de 1930, não havia nenhum órgão nacional que cuidasse da educação. Aliás, a primeira universidade brasileira de fato é a de São Paulo, fundada em 1934. Para se ter uma ideia, Peru, Bolívia, Paraguai já tinham universidades no século XVI”.
“Quando as elites de um país, propositadamente, não cuidam da educação pública, é um sintoma de que não há necessidade de fazê-lo para sustentação do seu poderio econômico. No período da República, a educação só entra como prioridade a partir de 1930, quando há a revolução liberal, graças a pioneiros como Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo que levaram a essa lógica”.
“Por incrível que pareça quem vai potencializar de fato a educação como elemento de integração nacional será a ditadura militar. É ela que em 1964, ao assumir no golpe, gerencia a estrutura política e econômica até 1985 e vai dar uma certa integralidade a uma noção de educação pública.”
Por este e por outras dá para se entender a crise educacional. Você pode ler a íntegra da entrevista no sítio da revista: www.revistaforum.com.br .
É preciso que tenhamos mais de uma fonte de informação para que possamos tirar conclusões. E sabermos qual a ideologia daquele veículo que nos vende tal informação; qual o posicionamento político, econômico.
Tenho minhas preferências de leitura, é óbvio. A revista “Veja”, por exemplo, deixei de ler há 20 anos, por alguns motivos. Em primeiro lugar, porque é uma revista elitista e preconceituosa; em segundo lugar, porque tem uma pauta editorializada. Quando leio uma revista, busco informação, não opinião que tem como fim último “fazer minha cabeça”.
Gosto muito da revista “Fórum”, que surgiu numa das edições do “Fórum Social Mundial”. É claro que tem uma vertente mais à esquerda, mas não é editorializada. Sempre traz ótimas matérias. Serve como contraponto à imprensa comercial. Por isto eu a recomendo.
Sério Cortela
A edição 75, que está nas bancas, traz como destaque de capa uma entrevista com o filósofo, teólogo e educador Mario Sérgio Cortella. Na entrevista, Corella, professor da PUC-SP, faz um histórico das políticas educacionais no Brasil. Estou cansado de ver economistas dando opinião sobre a educação pública no Brasil. Aliás, como diz minha esposa, uma educadora, todo mundo opina sobre educação no Brasil, do porteiro do prédio ao policial, menos o professor.
Alguns trechos da entrevista:
“O Brasil é um país que fez 509 anos de fundação, mas o Ministério da Educação foi fundado em 1930. Antes de 1930, não havia nenhum órgão nacional que cuidasse da educação. Aliás, a primeira universidade brasileira de fato é a de São Paulo, fundada em 1934. Para se ter uma ideia, Peru, Bolívia, Paraguai já tinham universidades no século XVI”.
“Quando as elites de um país, propositadamente, não cuidam da educação pública, é um sintoma de que não há necessidade de fazê-lo para sustentação do seu poderio econômico. No período da República, a educação só entra como prioridade a partir de 1930, quando há a revolução liberal, graças a pioneiros como Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo que levaram a essa lógica”.
“Por incrível que pareça quem vai potencializar de fato a educação como elemento de integração nacional será a ditadura militar. É ela que em 1964, ao assumir no golpe, gerencia a estrutura política e econômica até 1985 e vai dar uma certa integralidade a uma noção de educação pública.”
Por este e por outras dá para se entender a crise educacional. Você pode ler a íntegra da entrevista no sítio da revista: www.revistaforum.com.br .
terça-feira, 30 de junho de 2009
Jornalistas debatem diploma

Na próxima quinta-feira, 2, a chapa de oposição ao Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo – “Sindicato é pra lutar!” – promove o debate “A decisão do STF e o futuro do jornalismo”. O encontro acontecerá às 20 horas no Bar Lua Nova (rua Conselheiro Carrão, 451 – esquina com a 13 de Maio) e contará com as presenças de Rodrigo Vianna, Gilberto Maringoni, Luka Amorim e Pedro Pomar.
Encontros regionais
O Sindicato também está promovendo debates regionais sobre o tema. No dia 2 acontecerá em São José do Rio Preto, na Câmara Municipal. No sítio do Sindicato há uma informação que o deputado Miguel Corrêa (PT-MG) solicitou uma audiência pública para debater a extinção da exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista. No dia 24 o requerimento do deputado foi aprovado pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados. Segundo o deputado, a matéria é polêmica e merece um debate mais amplo.
Minha opinião
Lembro-me quando cursava a faculdade, no longínquo ano de 1982, houve um debate sobre o tema. Na época tinha mil dúvidas sobre a necessidade do diploma para exercer a profissão. Eram poucas as faculdades que ofereciam o curso – se não me falha a memória, a USP, a Cásper Líbero, a PUC, a Metodista, a FAAP e a FMU. Não sei se todos, mas o curso da Cásper era ruim. Professores desinteressados, um currículo antigo, poucas aulas práticas. Muitas vezes arrependi-me de não ter feito vestibular para História ou Letras, as outras minhas opções. Com certeza me sentiria mais preparado para encarar a profissão de jornalista.
Quando estava no segundo ano, arranjei um “estágio” – o que era proibido na época – num jornal de Osasco. Dei sorte. Os jornalistas, fixos ou colaboradores, vinham da Abril, com passagem por outros jornais da Capital, como o “Última Hora”, já editado pelo Grupo Folha. Aprendi muito. Foi uma grande escola.
Hoje defendo a necessidade do diploma por um motivo: a decisão do STF levou em conta apenas os interesses maiores dos patrões. O fim da obrigatoriedade do diploma não tem o objetivo de melhorar a qualidade da informação, como querem alegar aqueles que defendem o fim do diploma. Mas o de precarizar ainda mais a profissão de jornalista.
A discussão, contudo, não passa só pela obrigatoriedade ou não do diploma. É preciso um grande movimento social para a democratização, de fato, dos meios de comunicação. No Brasil não há liberdade de imprensa, mas liberdade de empresa. Os grandes oligopólios defendem seus pontos de vista político e econômico, o que pode parecer natural, mas não é. Os jornais comerciais editorializaram a cobertura, o que é muito ruim para a democracia.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Tudo na vida é relativo
Três piadinhas engraçadinhas enviadas por uma amiga. Tudo na vida é relativo:
Ginecologista
Fim de tarde, um ginecologista aguarda sua última paciente que não chega. Depois de 45 minutos, supõe que ela não virá mais e resolve tomar um gin-tônica para relaxar, antes de voltar para casa. Se instala confortavelmente numa poltrona e começa a ler o jornal quando toca a campainha. É a tal paciente, que chega toda sem graça e pede mil desculpas pelo atraso.
- Não tem importância, imagine! - responde o médico - Olhe, eu estava tomando um gin-tônica enquanto a esperava. Quer um também para relaxar? - Aceito com prazer - responde a paciente aliviada.
Ele lhe serve um copo, senta-se na sua frente e começam a bater papo. De repente ouve-se um barulho de chave na porta do consultório. O médico tem um sobressalto, levanta-se bruscamente e diz: - É minha mulher! Rápido, tire a roupa, deite na cama e abra as pernas, senão ela pode pensar bobagem.!
Regras são regras
Depois da viagem de núpcias, o casal finalmente chega em sua nova casa. Ao entrar pela primeira vez no novo lar, o homem vai logo impondo regras:
– Meu amor, agora que viveremos sob o mesmo teto, quero deixar claro algumas regras para a nossa boa convivência: nas segundas e terças-feiras à noite tomo café com os amigos; às quartas-feiras à noite, vou ao cinema com o pessoal; às noites de quintas e sextas reservo para a cerveja com os colegas; aos sábados tem pescaria com a turma e só retorno no domingo pela manhã. Aos domingos, deito cedo para descansar.
– E foi enfático: “Se quer assim, quer, se não quer... Azar! A mulher fitou o sujeito e saiu-se com essa: – Bem, pra mim, meu amor, só existe uma regra: aqui em casa tem sexo todas as noites. Quem está, está. Quem não está... Azar!!!!!!!!!!
Raciocínio rápido
Pra testar o caráter de um novo empregado, o dono da empresa mandou colocar R$ 500 a mais no salário dele. Passam os dias, e o funcionário não relatou nada.
No mês seguinte, o patrão fez o inverso. Mandou o DP tirar R$ 500 do salário. No mesmo dia, o funcionário entrou na sala pra falar com ele: – Doutor, acho que houve um engano no meu pagamento. Retiraram R$ 500 do meu salário!!! - É? Curioso... no mês passado coloquei R$ 500 a mais e você não falou nada. - É que um erro eu tolero, doutor, mas DOIS, eu acho um absurdo !!!
Ginecologista
Fim de tarde, um ginecologista aguarda sua última paciente que não chega. Depois de 45 minutos, supõe que ela não virá mais e resolve tomar um gin-tônica para relaxar, antes de voltar para casa. Se instala confortavelmente numa poltrona e começa a ler o jornal quando toca a campainha. É a tal paciente, que chega toda sem graça e pede mil desculpas pelo atraso.
- Não tem importância, imagine! - responde o médico - Olhe, eu estava tomando um gin-tônica enquanto a esperava. Quer um também para relaxar? - Aceito com prazer - responde a paciente aliviada.
Ele lhe serve um copo, senta-se na sua frente e começam a bater papo. De repente ouve-se um barulho de chave na porta do consultório. O médico tem um sobressalto, levanta-se bruscamente e diz: - É minha mulher! Rápido, tire a roupa, deite na cama e abra as pernas, senão ela pode pensar bobagem.!
Regras são regras
Depois da viagem de núpcias, o casal finalmente chega em sua nova casa. Ao entrar pela primeira vez no novo lar, o homem vai logo impondo regras:
– Meu amor, agora que viveremos sob o mesmo teto, quero deixar claro algumas regras para a nossa boa convivência: nas segundas e terças-feiras à noite tomo café com os amigos; às quartas-feiras à noite, vou ao cinema com o pessoal; às noites de quintas e sextas reservo para a cerveja com os colegas; aos sábados tem pescaria com a turma e só retorno no domingo pela manhã. Aos domingos, deito cedo para descansar.
– E foi enfático: “Se quer assim, quer, se não quer... Azar! A mulher fitou o sujeito e saiu-se com essa: – Bem, pra mim, meu amor, só existe uma regra: aqui em casa tem sexo todas as noites. Quem está, está. Quem não está... Azar!!!!!!!!!!
Raciocínio rápido
Pra testar o caráter de um novo empregado, o dono da empresa mandou colocar R$ 500 a mais no salário dele. Passam os dias, e o funcionário não relatou nada.
No mês seguinte, o patrão fez o inverso. Mandou o DP tirar R$ 500 do salário. No mesmo dia, o funcionário entrou na sala pra falar com ele: – Doutor, acho que houve um engano no meu pagamento. Retiraram R$ 500 do meu salário!!! - É? Curioso... no mês passado coloquei R$ 500 a mais e você não falou nada. - É que um erro eu tolero, doutor, mas DOIS, eu acho um absurdo !!!
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Osasco vice-campeão, agora na A2
Como bom amante do futebol, estou feliz hoje. Feliz porque o Grêmio Esportivo Osasco – o glorioso GEO – conquistou o acesso para a série A2 do Campeonato Paulista. Na verdade já havia conquistado a vaga há algumas semanas. Disputou neste domingo a segunda partida da finalíssima da A3. Ganhou de 1 a 0 no domingo passado; ontem, 21, perdeu a partida para o Votoraty por 2 a 0.
Não importa, conquistou o caneco de vice-campeão. Um grande feito, pois a equipe foi fundada em 2007 por um grupo abnegado e competente e, ainda bebê, já galgou dois degraus importantes, passando da B1 para a A2. Estou feliz pelo meu grande irmão Luiz Pires, o Varinha, que é um dos diretores do clube.
No Brasil costuma-se dizer que o vice-campeão é o primeiro dos últimos. Discordo veementemente de tal axioma. A terceira colocação e o vice-campeonato também são títulos, e também devem ser comemorados.
No final dos anos 1980 e início dos 1990, acompanhei de perto as equipes de futebol profissional de Osasco, como repórter do extinto “Primeira Hora” – o PH. Na época, o Monte Negro disputava as divisões menores do Paulistão. Teve times deploráveis, mas também equipes competitivas e brilhantes. Lembro-me de uma memorável partida entre o Central de Cotia, então comandado pelo Luisão Pereira (ex-zagueiro do Palmeiras e da Seleção Brasileira que também brilhou nos gramados espanhóis) e o Monte Negro, no acanhado estádio da Vila Yolanda. Um ponta-direita do Monte Negro, cujo nome o tempo apagou na memória, fez uma jogada memorável, que levou a torcida ao delírio. Num lance, deu um drible seco em Luisão Pereira, que caiu sentado. O lance foi mais comemorado que um gol. Isto resume o que é o futebol paulista das divisões menores. Pura emoção!
Depois o ECO substituiu o Monte Negro e criou-se também o Osasco. Ambas as equipes nunca avançaram tão longe como o GEO.
Parabéns a todos os jogadores, equipe técnica e aos diretores do GEO.
Não importa, conquistou o caneco de vice-campeão. Um grande feito, pois a equipe foi fundada em 2007 por um grupo abnegado e competente e, ainda bebê, já galgou dois degraus importantes, passando da B1 para a A2. Estou feliz pelo meu grande irmão Luiz Pires, o Varinha, que é um dos diretores do clube.
No Brasil costuma-se dizer que o vice-campeão é o primeiro dos últimos. Discordo veementemente de tal axioma. A terceira colocação e o vice-campeonato também são títulos, e também devem ser comemorados.
No final dos anos 1980 e início dos 1990, acompanhei de perto as equipes de futebol profissional de Osasco, como repórter do extinto “Primeira Hora” – o PH. Na época, o Monte Negro disputava as divisões menores do Paulistão. Teve times deploráveis, mas também equipes competitivas e brilhantes. Lembro-me de uma memorável partida entre o Central de Cotia, então comandado pelo Luisão Pereira (ex-zagueiro do Palmeiras e da Seleção Brasileira que também brilhou nos gramados espanhóis) e o Monte Negro, no acanhado estádio da Vila Yolanda. Um ponta-direita do Monte Negro, cujo nome o tempo apagou na memória, fez uma jogada memorável, que levou a torcida ao delírio. Num lance, deu um drible seco em Luisão Pereira, que caiu sentado. O lance foi mais comemorado que um gol. Isto resume o que é o futebol paulista das divisões menores. Pura emoção!
Depois o ECO substituiu o Monte Negro e criou-se também o Osasco. Ambas as equipes nunca avançaram tão longe como o GEO.
Parabéns a todos os jogadores, equipe técnica e aos diretores do GEO.
sexta-feira, 19 de junho de 2009
O sucesso do ProUni
Na quinta-feira, 18, recebi por e-mail um texto do jornalista Elio Gaspari, publicado no jornal “Folha de S. Paulo no dia anterior, intitulado “A cota de sucesso da turma do ProUni”. Peço licença ao jornalista para reproduzir o texto neste modesto espaço. Vale a pena ser lido.
“A DEMOFOBIA pedagógica perdeu mais uma para a teimosa insubordinação dos jovens pobres e negros. Ao longo dos últimos anos o elitismo convencional ensinou que, se um sistema de cotas levasse estudantes negros para as universidades públicas, eles não seriam capazes de acompanhar as aulas e acabariam fugindo das escolas. Lorota. Cinco anos de vigência das cotas na UFRJ e na Federal da Bahia ensinaram que os cotistas conseguem um desempenho médio equivalente ao dos demais estudantes, com menor taxa de evasão. Quando Nosso Guia criou o ProUni, abrindo o sistema de bolsas em faculdades privadas para jovens de baixa renda (põe baixa nisso, 1,5 salário mínimo per capita de renda familiar para a bolsa integral), com cotas para negros, foi acusado de nivelar por baixo o acesso ao ensino superior. De novo, especulou-se que os pobres, por serem pobres, teriam dificuldade para se manter nas escolas.“Os repórteres Denise Menchen e Antonio Gois contaram que, pela segunda vez em dois anos, o desempenho dos bolsistas do ProUni ficou acima da média dos demais estudantes que prestaram o Provão. Em 2004, os beneficiados foram cerca de 130 mil jovens que dificilmente chegariam ao ensino superior (45% dos bolsistas do ProUni são afrodescendentes, ou descendentes de escravos, para quem não gosta da expressão).“O DEM (ex-PFL) e a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino foram ao Supremo Tribunal Federal, arguindo a inconstitucionalidade dos mecanismos do ProUni. Sustentam que a preferência pelos estudantes pobres e as cotas para negros (igualmente pobres) ofendiam a noção segundo a qual todos são iguais perante a lei. O caso ainda não foi julgado pelo tribunal, mas já foi relatado pelo ministro Carlos Ayres Britto, em voto memorável. Ele lembrou um trecho da Oração aos Moços de Rui Barbosa: 'Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real'.“A 'Oração aos Moços' é de 1921, quando Rui já prevalecera com sua contribuição abolicionista. A discussão em torno do sistema de acesso dos afrodescendentes às universidades teve a virtude de chamar a atenção para o passado e para a esplêndida produção historiográfica sobre a situação do negro brasileiro no final do século 19. Acaba de sair um livro exemplar dessa qualidade, é 'O jogo da Dissimulação - Abolição e Cidadania Negra no Brasil', da professora Wlamyra de Albuquerque, da Federal da Bahia. Ela mostra o que foi o peso da cor. Dezesseis negros africanos que chegaram à Bahia em 1877 para comerciar foram deportados, apesar de serem súditos britânicos. Negros ingleses negros eram, e o Brasil não seria o lugar deles.“A professora Albuquerque transcreve em seu livro uma carta de escravos libertos endereçada a Rui Barbosa em 1889, um ano depois da Abolição. Nela havia um pleito, que demorou para começar a ser atendido, mas que o DEM e os donos de faculdades ainda lutam para derrubar:'Nossos filhos jazem imersos em profundas trevas. É preciso esclarecê-los e guiá-los por meio da instrução'.“A comissão pedia o cumprimento de uma lei de 1871 que prometia educação para os libertos. Mais de cem anos depois, iniciativas como o ProUni mostraram não só que isso era possível mas que, surgindo a oportunidade, a garotada faria bonito.”
“A DEMOFOBIA pedagógica perdeu mais uma para a teimosa insubordinação dos jovens pobres e negros. Ao longo dos últimos anos o elitismo convencional ensinou que, se um sistema de cotas levasse estudantes negros para as universidades públicas, eles não seriam capazes de acompanhar as aulas e acabariam fugindo das escolas. Lorota. Cinco anos de vigência das cotas na UFRJ e na Federal da Bahia ensinaram que os cotistas conseguem um desempenho médio equivalente ao dos demais estudantes, com menor taxa de evasão. Quando Nosso Guia criou o ProUni, abrindo o sistema de bolsas em faculdades privadas para jovens de baixa renda (põe baixa nisso, 1,5 salário mínimo per capita de renda familiar para a bolsa integral), com cotas para negros, foi acusado de nivelar por baixo o acesso ao ensino superior. De novo, especulou-se que os pobres, por serem pobres, teriam dificuldade para se manter nas escolas.“Os repórteres Denise Menchen e Antonio Gois contaram que, pela segunda vez em dois anos, o desempenho dos bolsistas do ProUni ficou acima da média dos demais estudantes que prestaram o Provão. Em 2004, os beneficiados foram cerca de 130 mil jovens que dificilmente chegariam ao ensino superior (45% dos bolsistas do ProUni são afrodescendentes, ou descendentes de escravos, para quem não gosta da expressão).“O DEM (ex-PFL) e a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino foram ao Supremo Tribunal Federal, arguindo a inconstitucionalidade dos mecanismos do ProUni. Sustentam que a preferência pelos estudantes pobres e as cotas para negros (igualmente pobres) ofendiam a noção segundo a qual todos são iguais perante a lei. O caso ainda não foi julgado pelo tribunal, mas já foi relatado pelo ministro Carlos Ayres Britto, em voto memorável. Ele lembrou um trecho da Oração aos Moços de Rui Barbosa: 'Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real'.“A 'Oração aos Moços' é de 1921, quando Rui já prevalecera com sua contribuição abolicionista. A discussão em torno do sistema de acesso dos afrodescendentes às universidades teve a virtude de chamar a atenção para o passado e para a esplêndida produção historiográfica sobre a situação do negro brasileiro no final do século 19. Acaba de sair um livro exemplar dessa qualidade, é 'O jogo da Dissimulação - Abolição e Cidadania Negra no Brasil', da professora Wlamyra de Albuquerque, da Federal da Bahia. Ela mostra o que foi o peso da cor. Dezesseis negros africanos que chegaram à Bahia em 1877 para comerciar foram deportados, apesar de serem súditos britânicos. Negros ingleses negros eram, e o Brasil não seria o lugar deles.“A professora Albuquerque transcreve em seu livro uma carta de escravos libertos endereçada a Rui Barbosa em 1889, um ano depois da Abolição. Nela havia um pleito, que demorou para começar a ser atendido, mas que o DEM e os donos de faculdades ainda lutam para derrubar:'Nossos filhos jazem imersos em profundas trevas. É preciso esclarecê-los e guiá-los por meio da instrução'.“A comissão pedia o cumprimento de uma lei de 1871 que prometia educação para os libertos. Mais de cem anos depois, iniciativas como o ProUni mostraram não só que isso era possível mas que, surgindo a oportunidade, a garotada faria bonito.”
Benjamin Button

Dias destes minha mulher reclamou que há tempos não vamos ao cinema. É verdade. Faz quase um ano que não experimentamos o prazer de ver uma fita (como se dizia antigamente) na “telona”. Bem, sobra-nos o DVD. Num final de semana destes aluguei o filme O curioso caso de Benjamin Button, de David Fincher, com Brad Pitt e Cate Blanchett. Ótimo. O filme é baseado num conto do escritor norte-americano F. Scoott Fitzgerald. Já havia lido o conto. Pelo menos na tradução que tenho, da Editora Casa Jorge, o título do conto é A curiosa história de Benjamin Button. A edição é de 2001.
Trata-se da história de um bebê que nasce com a aparência e doenças de uma pessoa em torno dos 80 anos. À medida que envelhece em idade, seu corpo rejuvenesce. Quem assistir ao filme primeiro e depois querer ler o conto talvez tenha uma pequena decepção. Não que o conto seja ruim, ao contrário. É ótimo. Mas as linguagens são diferentes e trata-se de uma adaptação. O roteirista foi muito feliz. Criou uma série de personagens interessantes e fatos que não são narrados no livro. Recomendo os dois, livro e filme.
Assinar:
Postagens (Atom)