terça-feira, 30 de junho de 2009
Jornalistas debatem diploma
Na próxima quinta-feira, 2, a chapa de oposição ao Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo – “Sindicato é pra lutar!” – promove o debate “A decisão do STF e o futuro do jornalismo”. O encontro acontecerá às 20 horas no Bar Lua Nova (rua Conselheiro Carrão, 451 – esquina com a 13 de Maio) e contará com as presenças de Rodrigo Vianna, Gilberto Maringoni, Luka Amorim e Pedro Pomar.
Encontros regionais
O Sindicato também está promovendo debates regionais sobre o tema. No dia 2 acontecerá em São José do Rio Preto, na Câmara Municipal. No sítio do Sindicato há uma informação que o deputado Miguel Corrêa (PT-MG) solicitou uma audiência pública para debater a extinção da exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista. No dia 24 o requerimento do deputado foi aprovado pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados. Segundo o deputado, a matéria é polêmica e merece um debate mais amplo.
Minha opinião
Lembro-me quando cursava a faculdade, no longínquo ano de 1982, houve um debate sobre o tema. Na época tinha mil dúvidas sobre a necessidade do diploma para exercer a profissão. Eram poucas as faculdades que ofereciam o curso – se não me falha a memória, a USP, a Cásper Líbero, a PUC, a Metodista, a FAAP e a FMU. Não sei se todos, mas o curso da Cásper era ruim. Professores desinteressados, um currículo antigo, poucas aulas práticas. Muitas vezes arrependi-me de não ter feito vestibular para História ou Letras, as outras minhas opções. Com certeza me sentiria mais preparado para encarar a profissão de jornalista.
Quando estava no segundo ano, arranjei um “estágio” – o que era proibido na época – num jornal de Osasco. Dei sorte. Os jornalistas, fixos ou colaboradores, vinham da Abril, com passagem por outros jornais da Capital, como o “Última Hora”, já editado pelo Grupo Folha. Aprendi muito. Foi uma grande escola.
Hoje defendo a necessidade do diploma por um motivo: a decisão do STF levou em conta apenas os interesses maiores dos patrões. O fim da obrigatoriedade do diploma não tem o objetivo de melhorar a qualidade da informação, como querem alegar aqueles que defendem o fim do diploma. Mas o de precarizar ainda mais a profissão de jornalista.
A discussão, contudo, não passa só pela obrigatoriedade ou não do diploma. É preciso um grande movimento social para a democratização, de fato, dos meios de comunicação. No Brasil não há liberdade de imprensa, mas liberdade de empresa. Os grandes oligopólios defendem seus pontos de vista político e econômico, o que pode parecer natural, mas não é. Os jornais comerciais editorializaram a cobertura, o que é muito ruim para a democracia.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Tudo na vida é relativo
Três piadinhas engraçadinhas enviadas por uma amiga. Tudo na vida é relativo:
Ginecologista
Fim de tarde, um ginecologista aguarda sua última paciente que não chega. Depois de 45 minutos, supõe que ela não virá mais e resolve tomar um gin-tônica para relaxar, antes de voltar para casa. Se instala confortavelmente numa poltrona e começa a ler o jornal quando toca a campainha. É a tal paciente, que chega toda sem graça e pede mil desculpas pelo atraso.
- Não tem importância, imagine! - responde o médico - Olhe, eu estava tomando um gin-tônica enquanto a esperava. Quer um também para relaxar? - Aceito com prazer - responde a paciente aliviada.
Ele lhe serve um copo, senta-se na sua frente e começam a bater papo. De repente ouve-se um barulho de chave na porta do consultório. O médico tem um sobressalto, levanta-se bruscamente e diz: - É minha mulher! Rápido, tire a roupa, deite na cama e abra as pernas, senão ela pode pensar bobagem.!
Regras são regras
Depois da viagem de núpcias, o casal finalmente chega em sua nova casa. Ao entrar pela primeira vez no novo lar, o homem vai logo impondo regras:
– Meu amor, agora que viveremos sob o mesmo teto, quero deixar claro algumas regras para a nossa boa convivência: nas segundas e terças-feiras à noite tomo café com os amigos; às quartas-feiras à noite, vou ao cinema com o pessoal; às noites de quintas e sextas reservo para a cerveja com os colegas; aos sábados tem pescaria com a turma e só retorno no domingo pela manhã. Aos domingos, deito cedo para descansar.
– E foi enfático: “Se quer assim, quer, se não quer... Azar! A mulher fitou o sujeito e saiu-se com essa: – Bem, pra mim, meu amor, só existe uma regra: aqui em casa tem sexo todas as noites. Quem está, está. Quem não está... Azar!!!!!!!!!!
Raciocínio rápido
Pra testar o caráter de um novo empregado, o dono da empresa mandou colocar R$ 500 a mais no salário dele. Passam os dias, e o funcionário não relatou nada.
No mês seguinte, o patrão fez o inverso. Mandou o DP tirar R$ 500 do salário. No mesmo dia, o funcionário entrou na sala pra falar com ele: – Doutor, acho que houve um engano no meu pagamento. Retiraram R$ 500 do meu salário!!! - É? Curioso... no mês passado coloquei R$ 500 a mais e você não falou nada. - É que um erro eu tolero, doutor, mas DOIS, eu acho um absurdo !!!
Ginecologista
Fim de tarde, um ginecologista aguarda sua última paciente que não chega. Depois de 45 minutos, supõe que ela não virá mais e resolve tomar um gin-tônica para relaxar, antes de voltar para casa. Se instala confortavelmente numa poltrona e começa a ler o jornal quando toca a campainha. É a tal paciente, que chega toda sem graça e pede mil desculpas pelo atraso.
- Não tem importância, imagine! - responde o médico - Olhe, eu estava tomando um gin-tônica enquanto a esperava. Quer um também para relaxar? - Aceito com prazer - responde a paciente aliviada.
Ele lhe serve um copo, senta-se na sua frente e começam a bater papo. De repente ouve-se um barulho de chave na porta do consultório. O médico tem um sobressalto, levanta-se bruscamente e diz: - É minha mulher! Rápido, tire a roupa, deite na cama e abra as pernas, senão ela pode pensar bobagem.!
Regras são regras
Depois da viagem de núpcias, o casal finalmente chega em sua nova casa. Ao entrar pela primeira vez no novo lar, o homem vai logo impondo regras:
– Meu amor, agora que viveremos sob o mesmo teto, quero deixar claro algumas regras para a nossa boa convivência: nas segundas e terças-feiras à noite tomo café com os amigos; às quartas-feiras à noite, vou ao cinema com o pessoal; às noites de quintas e sextas reservo para a cerveja com os colegas; aos sábados tem pescaria com a turma e só retorno no domingo pela manhã. Aos domingos, deito cedo para descansar.
– E foi enfático: “Se quer assim, quer, se não quer... Azar! A mulher fitou o sujeito e saiu-se com essa: – Bem, pra mim, meu amor, só existe uma regra: aqui em casa tem sexo todas as noites. Quem está, está. Quem não está... Azar!!!!!!!!!!
Raciocínio rápido
Pra testar o caráter de um novo empregado, o dono da empresa mandou colocar R$ 500 a mais no salário dele. Passam os dias, e o funcionário não relatou nada.
No mês seguinte, o patrão fez o inverso. Mandou o DP tirar R$ 500 do salário. No mesmo dia, o funcionário entrou na sala pra falar com ele: – Doutor, acho que houve um engano no meu pagamento. Retiraram R$ 500 do meu salário!!! - É? Curioso... no mês passado coloquei R$ 500 a mais e você não falou nada. - É que um erro eu tolero, doutor, mas DOIS, eu acho um absurdo !!!
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Osasco vice-campeão, agora na A2
Como bom amante do futebol, estou feliz hoje. Feliz porque o Grêmio Esportivo Osasco – o glorioso GEO – conquistou o acesso para a série A2 do Campeonato Paulista. Na verdade já havia conquistado a vaga há algumas semanas. Disputou neste domingo a segunda partida da finalíssima da A3. Ganhou de 1 a 0 no domingo passado; ontem, 21, perdeu a partida para o Votoraty por 2 a 0.
Não importa, conquistou o caneco de vice-campeão. Um grande feito, pois a equipe foi fundada em 2007 por um grupo abnegado e competente e, ainda bebê, já galgou dois degraus importantes, passando da B1 para a A2. Estou feliz pelo meu grande irmão Luiz Pires, o Varinha, que é um dos diretores do clube.
No Brasil costuma-se dizer que o vice-campeão é o primeiro dos últimos. Discordo veementemente de tal axioma. A terceira colocação e o vice-campeonato também são títulos, e também devem ser comemorados.
No final dos anos 1980 e início dos 1990, acompanhei de perto as equipes de futebol profissional de Osasco, como repórter do extinto “Primeira Hora” – o PH. Na época, o Monte Negro disputava as divisões menores do Paulistão. Teve times deploráveis, mas também equipes competitivas e brilhantes. Lembro-me de uma memorável partida entre o Central de Cotia, então comandado pelo Luisão Pereira (ex-zagueiro do Palmeiras e da Seleção Brasileira que também brilhou nos gramados espanhóis) e o Monte Negro, no acanhado estádio da Vila Yolanda. Um ponta-direita do Monte Negro, cujo nome o tempo apagou na memória, fez uma jogada memorável, que levou a torcida ao delírio. Num lance, deu um drible seco em Luisão Pereira, que caiu sentado. O lance foi mais comemorado que um gol. Isto resume o que é o futebol paulista das divisões menores. Pura emoção!
Depois o ECO substituiu o Monte Negro e criou-se também o Osasco. Ambas as equipes nunca avançaram tão longe como o GEO.
Parabéns a todos os jogadores, equipe técnica e aos diretores do GEO.
Não importa, conquistou o caneco de vice-campeão. Um grande feito, pois a equipe foi fundada em 2007 por um grupo abnegado e competente e, ainda bebê, já galgou dois degraus importantes, passando da B1 para a A2. Estou feliz pelo meu grande irmão Luiz Pires, o Varinha, que é um dos diretores do clube.
No Brasil costuma-se dizer que o vice-campeão é o primeiro dos últimos. Discordo veementemente de tal axioma. A terceira colocação e o vice-campeonato também são títulos, e também devem ser comemorados.
No final dos anos 1980 e início dos 1990, acompanhei de perto as equipes de futebol profissional de Osasco, como repórter do extinto “Primeira Hora” – o PH. Na época, o Monte Negro disputava as divisões menores do Paulistão. Teve times deploráveis, mas também equipes competitivas e brilhantes. Lembro-me de uma memorável partida entre o Central de Cotia, então comandado pelo Luisão Pereira (ex-zagueiro do Palmeiras e da Seleção Brasileira que também brilhou nos gramados espanhóis) e o Monte Negro, no acanhado estádio da Vila Yolanda. Um ponta-direita do Monte Negro, cujo nome o tempo apagou na memória, fez uma jogada memorável, que levou a torcida ao delírio. Num lance, deu um drible seco em Luisão Pereira, que caiu sentado. O lance foi mais comemorado que um gol. Isto resume o que é o futebol paulista das divisões menores. Pura emoção!
Depois o ECO substituiu o Monte Negro e criou-se também o Osasco. Ambas as equipes nunca avançaram tão longe como o GEO.
Parabéns a todos os jogadores, equipe técnica e aos diretores do GEO.
sexta-feira, 19 de junho de 2009
O sucesso do ProUni
Na quinta-feira, 18, recebi por e-mail um texto do jornalista Elio Gaspari, publicado no jornal “Folha de S. Paulo no dia anterior, intitulado “A cota de sucesso da turma do ProUni”. Peço licença ao jornalista para reproduzir o texto neste modesto espaço. Vale a pena ser lido.
“A DEMOFOBIA pedagógica perdeu mais uma para a teimosa insubordinação dos jovens pobres e negros. Ao longo dos últimos anos o elitismo convencional ensinou que, se um sistema de cotas levasse estudantes negros para as universidades públicas, eles não seriam capazes de acompanhar as aulas e acabariam fugindo das escolas. Lorota. Cinco anos de vigência das cotas na UFRJ e na Federal da Bahia ensinaram que os cotistas conseguem um desempenho médio equivalente ao dos demais estudantes, com menor taxa de evasão. Quando Nosso Guia criou o ProUni, abrindo o sistema de bolsas em faculdades privadas para jovens de baixa renda (põe baixa nisso, 1,5 salário mínimo per capita de renda familiar para a bolsa integral), com cotas para negros, foi acusado de nivelar por baixo o acesso ao ensino superior. De novo, especulou-se que os pobres, por serem pobres, teriam dificuldade para se manter nas escolas.“Os repórteres Denise Menchen e Antonio Gois contaram que, pela segunda vez em dois anos, o desempenho dos bolsistas do ProUni ficou acima da média dos demais estudantes que prestaram o Provão. Em 2004, os beneficiados foram cerca de 130 mil jovens que dificilmente chegariam ao ensino superior (45% dos bolsistas do ProUni são afrodescendentes, ou descendentes de escravos, para quem não gosta da expressão).“O DEM (ex-PFL) e a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino foram ao Supremo Tribunal Federal, arguindo a inconstitucionalidade dos mecanismos do ProUni. Sustentam que a preferência pelos estudantes pobres e as cotas para negros (igualmente pobres) ofendiam a noção segundo a qual todos são iguais perante a lei. O caso ainda não foi julgado pelo tribunal, mas já foi relatado pelo ministro Carlos Ayres Britto, em voto memorável. Ele lembrou um trecho da Oração aos Moços de Rui Barbosa: 'Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real'.“A 'Oração aos Moços' é de 1921, quando Rui já prevalecera com sua contribuição abolicionista. A discussão em torno do sistema de acesso dos afrodescendentes às universidades teve a virtude de chamar a atenção para o passado e para a esplêndida produção historiográfica sobre a situação do negro brasileiro no final do século 19. Acaba de sair um livro exemplar dessa qualidade, é 'O jogo da Dissimulação - Abolição e Cidadania Negra no Brasil', da professora Wlamyra de Albuquerque, da Federal da Bahia. Ela mostra o que foi o peso da cor. Dezesseis negros africanos que chegaram à Bahia em 1877 para comerciar foram deportados, apesar de serem súditos britânicos. Negros ingleses negros eram, e o Brasil não seria o lugar deles.“A professora Albuquerque transcreve em seu livro uma carta de escravos libertos endereçada a Rui Barbosa em 1889, um ano depois da Abolição. Nela havia um pleito, que demorou para começar a ser atendido, mas que o DEM e os donos de faculdades ainda lutam para derrubar:'Nossos filhos jazem imersos em profundas trevas. É preciso esclarecê-los e guiá-los por meio da instrução'.“A comissão pedia o cumprimento de uma lei de 1871 que prometia educação para os libertos. Mais de cem anos depois, iniciativas como o ProUni mostraram não só que isso era possível mas que, surgindo a oportunidade, a garotada faria bonito.”
“A DEMOFOBIA pedagógica perdeu mais uma para a teimosa insubordinação dos jovens pobres e negros. Ao longo dos últimos anos o elitismo convencional ensinou que, se um sistema de cotas levasse estudantes negros para as universidades públicas, eles não seriam capazes de acompanhar as aulas e acabariam fugindo das escolas. Lorota. Cinco anos de vigência das cotas na UFRJ e na Federal da Bahia ensinaram que os cotistas conseguem um desempenho médio equivalente ao dos demais estudantes, com menor taxa de evasão. Quando Nosso Guia criou o ProUni, abrindo o sistema de bolsas em faculdades privadas para jovens de baixa renda (põe baixa nisso, 1,5 salário mínimo per capita de renda familiar para a bolsa integral), com cotas para negros, foi acusado de nivelar por baixo o acesso ao ensino superior. De novo, especulou-se que os pobres, por serem pobres, teriam dificuldade para se manter nas escolas.“Os repórteres Denise Menchen e Antonio Gois contaram que, pela segunda vez em dois anos, o desempenho dos bolsistas do ProUni ficou acima da média dos demais estudantes que prestaram o Provão. Em 2004, os beneficiados foram cerca de 130 mil jovens que dificilmente chegariam ao ensino superior (45% dos bolsistas do ProUni são afrodescendentes, ou descendentes de escravos, para quem não gosta da expressão).“O DEM (ex-PFL) e a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino foram ao Supremo Tribunal Federal, arguindo a inconstitucionalidade dos mecanismos do ProUni. Sustentam que a preferência pelos estudantes pobres e as cotas para negros (igualmente pobres) ofendiam a noção segundo a qual todos são iguais perante a lei. O caso ainda não foi julgado pelo tribunal, mas já foi relatado pelo ministro Carlos Ayres Britto, em voto memorável. Ele lembrou um trecho da Oração aos Moços de Rui Barbosa: 'Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real'.“A 'Oração aos Moços' é de 1921, quando Rui já prevalecera com sua contribuição abolicionista. A discussão em torno do sistema de acesso dos afrodescendentes às universidades teve a virtude de chamar a atenção para o passado e para a esplêndida produção historiográfica sobre a situação do negro brasileiro no final do século 19. Acaba de sair um livro exemplar dessa qualidade, é 'O jogo da Dissimulação - Abolição e Cidadania Negra no Brasil', da professora Wlamyra de Albuquerque, da Federal da Bahia. Ela mostra o que foi o peso da cor. Dezesseis negros africanos que chegaram à Bahia em 1877 para comerciar foram deportados, apesar de serem súditos britânicos. Negros ingleses negros eram, e o Brasil não seria o lugar deles.“A professora Albuquerque transcreve em seu livro uma carta de escravos libertos endereçada a Rui Barbosa em 1889, um ano depois da Abolição. Nela havia um pleito, que demorou para começar a ser atendido, mas que o DEM e os donos de faculdades ainda lutam para derrubar:'Nossos filhos jazem imersos em profundas trevas. É preciso esclarecê-los e guiá-los por meio da instrução'.“A comissão pedia o cumprimento de uma lei de 1871 que prometia educação para os libertos. Mais de cem anos depois, iniciativas como o ProUni mostraram não só que isso era possível mas que, surgindo a oportunidade, a garotada faria bonito.”
Benjamin Button
Dias destes minha mulher reclamou que há tempos não vamos ao cinema. É verdade. Faz quase um ano que não experimentamos o prazer de ver uma fita (como se dizia antigamente) na “telona”. Bem, sobra-nos o DVD. Num final de semana destes aluguei o filme O curioso caso de Benjamin Button, de David Fincher, com Brad Pitt e Cate Blanchett. Ótimo. O filme é baseado num conto do escritor norte-americano F. Scoott Fitzgerald. Já havia lido o conto. Pelo menos na tradução que tenho, da Editora Casa Jorge, o título do conto é A curiosa história de Benjamin Button. A edição é de 2001.
Trata-se da história de um bebê que nasce com a aparência e doenças de uma pessoa em torno dos 80 anos. À medida que envelhece em idade, seu corpo rejuvenesce. Quem assistir ao filme primeiro e depois querer ler o conto talvez tenha uma pequena decepção. Não que o conto seja ruim, ao contrário. É ótimo. Mas as linguagens são diferentes e trata-se de uma adaptação. O roteirista foi muito feliz. Criou uma série de personagens interessantes e fatos que não são narrados no livro. Recomendo os dois, livro e filme.
O Carnaval da galinha
Foi há muito tempo. Recordação que nos levou às gargalhadas. Depois de mexer o gelo no copo, Luizão levantou-se. Abriu a gaveta de um velho guarda-comidas, revirando papéis amarelados, fotos, cartões postais, parafusos enferrujados, restos de fios. Alguns odores costumam atiçar minhas lembranças, principalmente as da infância, como o perfume da dama da noite, que tomava toda a frente da casa de minha avó, no interior. O cheiro de café que ela “passava” no coador de pano, também. O cheiro da gaveta (esconderijo de pequenas coisas que teimamos em colecionar por puro esquecimento de jogarmos fora ou porque nos apegamos a objetos que nos remetem a algum lugar no passado) era indescritível, uma mistura ocre de ferrugem e de papéis velhos.
– Achei, sabia que estava aqui – comemorou Luizão. Era uma foto da viagem que fizemos a Cunha, junto com o Du, há mais de 20 anos, durante o feriado de Carnaval. Estava desbotada. Todos nós muito jovens, abraçados. Como um troféu, Luizão exibia uma galinha degolada, que nós apelidamos de Maria Antonieta. Quem fez a foto foi o filho de um sitiante vizinho à chácara onde nos hospedamos, aliás, o mesmo que nos vendeu a galinha em pé, ou seja, viva.
O problema era matar o bichinho. Du se afeiçoou à ave e se recusou a fazer parte do genocídio. Arguto, disse que nem barata matava, quanto mais uma galinha. Luizão argumentou que, como ele que a cozinharia, alguém tinha que matá-la. Por exclusão, a tarefa coube a mim.
Cheio de razão, inchei o peito e, como um soldado que avança em território inimigo na linha de frente, segurei firme a “penosa” pelos pés e, num tranco, tentei destroncar-lhe o pescoço. Conhecia a técnica apenas de teoria, ainda não a tinha praticado. Quando criança, nas vésperas de Natal, especialmente, acompanhava minha avó até o galinheiro, quando ela escolhia as aves mais gordas e iniciava a matança.
Como a teoria nem sempre funciona na prática, deu tudo errado. A penosa estrebuchou. Mas bastou soltá-lo no chão, ciscou e saiu em desesperada correria. Foi um deus nos acuda!
Nós três começamos a caça à galinha, que lutava pela vida. Atravessou a cerca, e nós três atrás, pulando os arames farpados. Tomou o rumo da estrada. Quando Du se aproximou da penosa, ela fez um zigue-zague (deve ter baixado o Garrincha na coitada), num drible seco voltou para o quintal. Soldados corajosos e persistentes, pulamos a cerca de volta. A penosa embrenhou-se debaixo da casa, construída sobre mourões. Ficamos cada um de um lado da casa tentando espantar o bichinho, que batia as pequenas asas em desespero. Finalmente ela saiu. O Du deu um salto sobre a coitada, agarrando-a pelos pés. Vitória!
– E agora Luizão, o que faço com ela?, perguntou Du.
Líder da tropa, o resoluto comandante Luizão entrou na casa e saiu de lá armado com um enorme facão, dando as ordens. “Segura o pescoço dela. Foi condenada à guilhotina”. E assim se fez. Fiquei com o pescoço da galinha nas mãos; Du, com o corpo. Foi a melhor galinhada que já comi na vida.
Tenho dito,
Luís Brandino
OBS: o quadro que ilustra este post é de João Werner.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Escorregão
Antes que alguém grite "burro", eu mesmo me corrijo. No primeiro post deste modesto blog, cometi uma bobagem. Disse que o título do meu blog foi inspirado numa música italiana intitulada Avanti popoli. Que bobagem. O nome do hino é Bandiera rossa, cujo primeiro verso é "Avanti o popolo, alla riscossa". Daí o engano. Agora corrigido.
Ontem, hoje
Dia destes, um grande amigo – Luís Pires – , a quem muito admiro, divulgou em seu blog um desafio lançado pela revista Serafina, publicação da “Folha de S. Paulo”, na matéria intitulada Vintage (substantivo que significa o ano da colheita do vinho, ou o vinho de excepcional qualidade). O desafio: o leitor deveria completar 32 frases – divididas em dezesseis sobre o passado (1978) e outras dezesseis sobre o presente (2008): : “Eu era... / Eu sou...”; “Eu queria... / Eu quero...”, e por aí afora. Ou seja, descobrir sua vintage. Ele “brincou” e gostou. Também me diverti muito com suas respostas.
Não resisti. Peguei papel e caneta e comecei a construir as frases: 1978: “Eu era magricela... 2008: Eu sou barrigudo... Eu queria mudar o mundo; eu quero mudar o mundo.” Foi ai que me toquei que 30 anos nos separam do ontem e do hoje. O que mudou nestes 30 anos? Será que em 1978 era feliz e não sabia? Ou sou feliz hoje e também não sei? Nós sempre caímos na armadilha de crer que “no nosso tempo” tudo era melhor. “Ah, no meu tempo o futebol era bem melhor do que esta coisa que se jogada hoje, tinha o Pelé, o Garrincha... Quem joga hoje? Quem, quem?”
É claro que amadurecemos com o tempo – como o vinho. E passamos, por um ardil de nossa mente, a fantasiar nossas lembranças. O primeiro beijo, será que foi tão bom quanto nos lembramos? Ouvir os quatro cavaleiros de Liverpool pela primeira vez nos causou mesmo aquela sensação de espanto, ficamos realmente embasbacados?; ou quando rolou pela primeira vez na vitrola de casa o bolachão The piper at the Gates of dawn, uma viagem psicodélica de Syd Barrett e companhia, quase piramos?
Não interessa. O que importa é que construímos, ao longo dos anos, histórias para podermos contar aos filhos, aos netos, aos amigos nos encontros fortuitos ou nas rodas dos bares. E porque não, para preenchermos desafios propostos por revistas! Histórias construídas no presente, cotidianamente, sem o peso do passado nem a angústia do futuro, como nos ensina o Livro Sagrado: “Não andeis inquieto pelo dia de amanhã. Porque o dia de amanhã a si mesmo trará o seu cuidado; ao de hoje basta sua própria aflição.”
Em 1978 ainda era um garoto. Ouvia Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Milton Nascimento, chorinho e um pouco de rock – os velhos e bons Black Sabbath e Led Zeppelin, principalmente. Adorava jogar bola na rua (prova de que o treino nem sempre ajuda, pois chutava a pelota todo dia e ainda não aprendi a arte!), empinar pipa; quando íamos passar férias no interior, também roubar frutas nos quintais alheios. E como confessou o Luís Pires, torcia sempre para meus pais fossem cedo para a cama, às sextas-feiras, para dar uma espiada nos filmes da Sala Especial para ver peitos e bundas nas pornochanchadas brasileiras. Às vezes nem peitos e bundas se mostrava, apenas um casal na cama se esfregando, com a mulher exibindo, no máximo, as coxas ou parte dos seios.
Hoje continuo ouvindo Chico, Caetano, Milton, rock (acrescente-se Pink Floyd, que sou fã de carteirinha, além de Yes, Gênesis etc), João Sebastião, Villa-Lobos, Egberto Gismonti, Cartola, Noel, Ná Ozzetti, Itamar Assumpção... Não virei músico, como sonhava, mas adoro o que faço.
Aos catorze anos já era rebelde, embora não entendesse muito bem a política. Só sei que recusei-me a fazer um curso de Inglês, por ser a língua pátria dos ianques imperialistas, dos estadunidenses, como se dizia à época. Mantenho minhas convicções políticas da juventude, embora decepcionado com o rumo de certas coisas neste nosso Brasil varonil, mas isto são outros quinhentos.
Comparar o presente com o passado só nos reforça uma convicção: não somos nem piores nem melhores. Somos, ponto. Afinal viver o dia de hoje já se basta por “sua própria aflição”.
Luís Brandino
Não resisti. Peguei papel e caneta e comecei a construir as frases: 1978: “Eu era magricela... 2008: Eu sou barrigudo... Eu queria mudar o mundo; eu quero mudar o mundo.” Foi ai que me toquei que 30 anos nos separam do ontem e do hoje. O que mudou nestes 30 anos? Será que em 1978 era feliz e não sabia? Ou sou feliz hoje e também não sei? Nós sempre caímos na armadilha de crer que “no nosso tempo” tudo era melhor. “Ah, no meu tempo o futebol era bem melhor do que esta coisa que se jogada hoje, tinha o Pelé, o Garrincha... Quem joga hoje? Quem, quem?”
É claro que amadurecemos com o tempo – como o vinho. E passamos, por um ardil de nossa mente, a fantasiar nossas lembranças. O primeiro beijo, será que foi tão bom quanto nos lembramos? Ouvir os quatro cavaleiros de Liverpool pela primeira vez nos causou mesmo aquela sensação de espanto, ficamos realmente embasbacados?; ou quando rolou pela primeira vez na vitrola de casa o bolachão The piper at the Gates of dawn, uma viagem psicodélica de Syd Barrett e companhia, quase piramos?
Não interessa. O que importa é que construímos, ao longo dos anos, histórias para podermos contar aos filhos, aos netos, aos amigos nos encontros fortuitos ou nas rodas dos bares. E porque não, para preenchermos desafios propostos por revistas! Histórias construídas no presente, cotidianamente, sem o peso do passado nem a angústia do futuro, como nos ensina o Livro Sagrado: “Não andeis inquieto pelo dia de amanhã. Porque o dia de amanhã a si mesmo trará o seu cuidado; ao de hoje basta sua própria aflição.”
Em 1978 ainda era um garoto. Ouvia Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Milton Nascimento, chorinho e um pouco de rock – os velhos e bons Black Sabbath e Led Zeppelin, principalmente. Adorava jogar bola na rua (prova de que o treino nem sempre ajuda, pois chutava a pelota todo dia e ainda não aprendi a arte!), empinar pipa; quando íamos passar férias no interior, também roubar frutas nos quintais alheios. E como confessou o Luís Pires, torcia sempre para meus pais fossem cedo para a cama, às sextas-feiras, para dar uma espiada nos filmes da Sala Especial para ver peitos e bundas nas pornochanchadas brasileiras. Às vezes nem peitos e bundas se mostrava, apenas um casal na cama se esfregando, com a mulher exibindo, no máximo, as coxas ou parte dos seios.
Hoje continuo ouvindo Chico, Caetano, Milton, rock (acrescente-se Pink Floyd, que sou fã de carteirinha, além de Yes, Gênesis etc), João Sebastião, Villa-Lobos, Egberto Gismonti, Cartola, Noel, Ná Ozzetti, Itamar Assumpção... Não virei músico, como sonhava, mas adoro o que faço.
Aos catorze anos já era rebelde, embora não entendesse muito bem a política. Só sei que recusei-me a fazer um curso de Inglês, por ser a língua pátria dos ianques imperialistas, dos estadunidenses, como se dizia à época. Mantenho minhas convicções políticas da juventude, embora decepcionado com o rumo de certas coisas neste nosso Brasil varonil, mas isto são outros quinhentos.
Comparar o presente com o passado só nos reforça uma convicção: não somos nem piores nem melhores. Somos, ponto. Afinal viver o dia de hoje já se basta por “sua própria aflição”.
Luís Brandino
Avanti Popoli!
Há tempos venho ensaiando criar um blog. Ter um espaço para colocar minhas ideias, comentários que possam ser lidos por outras pessoas, sejam amigos ou desconhecidos. Perdi a timidez e estou inaugurando meu espaço na Internet com estas mal traçadas. É só um começo. Espero agradar a alguns internautas desavisados que, no cipoal da rede mundial, caírem neste espaço.
Avanti Popoli!
O nome do blog tirei de uma canção dos comunistas italianos - um dia publico a letra aqui. Primeiro porque gosto da música, segundo porque, embora não seja filiado a nenhum partido comunista, defendo a igualdade social. Achei o nome simpático e resolvi batizar este espaço.
Sejam bem-vindos (inclusive os Benvindos).
Avanti Popoli!
O nome do blog tirei de uma canção dos comunistas italianos - um dia publico a letra aqui. Primeiro porque gosto da música, segundo porque, embora não seja filiado a nenhum partido comunista, defendo a igualdade social. Achei o nome simpático e resolvi batizar este espaço.
Sejam bem-vindos (inclusive os Benvindos).
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