Dizem que o Brasil é o País da piada pronta. Alguns políticos fazem questão de dar uma mãozinha para confirmar a máxima. O atual governador de São Paulo, José Serra, foi presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes). Com o golpe militar de 1964, não foi cassado ou preso, como muitos imaginam. Decidiu, por conta, se exilar no Chile. Mas é o cara mais autoritário e anti-democrático que governou São Paulo pós-abertura (portanto, não entra aqui Paulo Salim, pois). Mais autoritário até que Quércia.
A Lei anti-fumo, recentemente em vigor, instituí, por meio legal, o dedo-durismo em São Paulo. Veja o que diz o artigo 5º da dita lei: “Qualquer pessoa poderá relatar ao órgão de vigilância sanitária ou de defesa do consumidor da respectiva área de atuação, fato que tenha presenciado em desacordo com o disposto nesta lei.”
Tenho dito.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
64 anos da "rosa" de Hiroshima
Nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, as cidades japoneses de Hiroshima e Nagasaki foram bombardeadas pelos EUA, que usaram pela primeira vez (e graças à Deus, a última) armas nucleares. A "Litte Boy" caiu sobre Hiroshima no dia 6; três dias depois a "Fat Man"arrasava Nagasaki.
Os bombardeios apressaram o fim da Segunda Grande Guerra Mundial (o armistício já havia acontecido na Europa), mas a um preço muito alto para a humanidade. As datas devem ser lembradas para que a besta-homem não repita o grande erro.
Sempre que me lembro da data, vem-me a mente a canção "Rosa de Hiroshima", com letra do grande poetinha Vinícius de Moraes musicada pelo ex-Secos e Molhados Gerson Conrad. Uma das mais belas músicas do cancioneiro brasileiro.
Rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada
Os bombardeios apressaram o fim da Segunda Grande Guerra Mundial (o armistício já havia acontecido na Europa), mas a um preço muito alto para a humanidade. As datas devem ser lembradas para que a besta-homem não repita o grande erro.
Sempre que me lembro da data, vem-me a mente a canção "Rosa de Hiroshima", com letra do grande poetinha Vinícius de Moraes musicada pelo ex-Secos e Molhados Gerson Conrad. Uma das mais belas músicas do cancioneiro brasileiro.
Rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Ah, nossa imprensa
Na segunda-feira, 3, a colunista da “Folha de S. Paulo” Mônica Bergamo trouxe um “furo”, que mereceu até chamada de capa. Diz a nota que “Projeto de lei da Secretaria da Educação paulista quer condicionar o aumento de salário de professores ao desempenho em provas realizadas a cada três anos”. Que minha amiga Mônica me desculpe, mas pareceu-me mais um balão de ensaio do governo, uma nota plantada – o Gilberto Dimenstein, que é do Conselho Editorial da “Folha”, também publicou nota em seu site na mesma data.
No dia seguinte os outros jornais repercutiram a nota. Jornal editado pelo “Grupo Folha”, o “Agora” trouxe matéria com a seguinte manchete: “Salário de professor poderá chegar a R$ 7.000”. A matéria afirma que o secretário de Educação, Paulo Renato Souza, confirmara os detalhes do projeto durante um evento no Itaú Cultural. Parágrafos depois, a matéria afirma: “Procurada ontem, a Secretaria de Educação não confirmou as informações”. O “Estadão” vai pelo mesmo caminho.
Cabe a pergunta: o tal projeto existe mesmo ou não passa de uma intenção do governo? Se não passa de uma mera especulação do governo, as matérias deveriam abordar o assunto: secretário e subordinados não se entendem. Os títulos das matérias deveriam ser: “Secretaria nega existência de projeto que vincula salário de professor a desempenho”; ou então algo parecido com “Governo estuda vincular salários a desempenho”. Quem está mentido, o titular da pasta ou os seus assessores? Nenhuma das matérias levanta a lebre. Simplesmente compram o discurso oficial sem questionar. Como diz o símio Simão, “é mole?” Eta jornalismo chapa branca, sô!
No dia seguinte os outros jornais repercutiram a nota. Jornal editado pelo “Grupo Folha”, o “Agora” trouxe matéria com a seguinte manchete: “Salário de professor poderá chegar a R$ 7.000”. A matéria afirma que o secretário de Educação, Paulo Renato Souza, confirmara os detalhes do projeto durante um evento no Itaú Cultural. Parágrafos depois, a matéria afirma: “Procurada ontem, a Secretaria de Educação não confirmou as informações”. O “Estadão” vai pelo mesmo caminho.
Cabe a pergunta: o tal projeto existe mesmo ou não passa de uma intenção do governo? Se não passa de uma mera especulação do governo, as matérias deveriam abordar o assunto: secretário e subordinados não se entendem. Os títulos das matérias deveriam ser: “Secretaria nega existência de projeto que vincula salário de professor a desempenho”; ou então algo parecido com “Governo estuda vincular salários a desempenho”. Quem está mentido, o titular da pasta ou os seus assessores? Nenhuma das matérias levanta a lebre. Simplesmente compram o discurso oficial sem questionar. Como diz o símio Simão, “é mole?” Eta jornalismo chapa branca, sô!
O cigarro nosso de cada dia - 3
Já tem gente faturando com a lei anti-fumo. Na segunda, 3, pela manhã flagrei um rapaz vendendo um adesivo da campanha ao dono do bar por R$ 4,00. São os espertalhões em ação. Eta povinho. O que poucos sabem é que os avisos podem ser “baixados”, de graça, no sítio do governo do Estado.
O cigarro nosso de cada dia - 2
Dia destes estava num bar com amigos molhando a palavra. Um conhecido de um dos meus amigos aproximou-se de nossa mesa. Puxou uma cadeira e sentiu-se no direito de entrar na conversa. De repente, sem mais nem menos, voltou-se para mim e disse:
– Tenho uma péssima notícia pra te dar. Você fuma muito, assim você vai morrer.
Respondi de pronto: “Também tenho uma péssima notícia para te dar. Você também morrerá. É a lei da natureza, meu caro”.
Amóz Oz, excelente escritor israelense, publicou uma pequena pérola onde discute a intolerância, tentendo entender o que acontece em seu País com a insana disputa entre judeus e muçulmanos (palestinos). Não recordo-me o título do livro (é a idade, é a idade!), mas Oz define muito bem estes metidos a besta: aqueles que se intrometem na vida dos outros são intolerantes. É verdade. Sempre digo que não gostaria de morrer saudável. É chato.
– Tenho uma péssima notícia pra te dar. Você fuma muito, assim você vai morrer.
Respondi de pronto: “Também tenho uma péssima notícia para te dar. Você também morrerá. É a lei da natureza, meu caro”.
Amóz Oz, excelente escritor israelense, publicou uma pequena pérola onde discute a intolerância, tentendo entender o que acontece em seu País com a insana disputa entre judeus e muçulmanos (palestinos). Não recordo-me o título do livro (é a idade, é a idade!), mas Oz define muito bem estes metidos a besta: aqueles que se intrometem na vida dos outros são intolerantes. É verdade. Sempre digo que não gostaria de morrer saudável. É chato.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
O cigarro nosso de cada dia – 1
Contagem regressiva: daqui a quatro dias entra em vigor no Estado de São Paulo a Lei anti-fumo. O assunto é polêmico. Agrada aos não-fumantes e provoca a ira dos viciados em tabaco. Sou fumante há mais de 20 anos; já tentei parar algumas vezes. Consegui por longos dezoito meses, mas voltei a soltar fumaça. Não considero-me vencido pelo vício, um fracassado. Voltei a fumar porque gosto. Sou, até onde é possível ser, um fumante educado. Evito fumar em restaurantes, por exemplo. Ou nas casas de amigos não fumantes (no quintal pode, né?). No trabalho, uso o “fumódromo”. Agora, fumaremos na rua.
O que me desagrada nesta questão é um governo controlar por lei o que pode ou não fazer uma pessoa adulta. Daqui a pouco algum governante ferrenhamente vegetariano elaborará uma lei proibindo a existência de churrascarias porque a carne vermelha faz mal à saúde.
Sei que muitos podem pensar: mas que argumentinho mais chocho, o cigarro faz mal à saúde não só ao fumante, mas aos fumantes passivos, o Serra está certo! Você não deixa de ter razão, mas o que me incomoda é a hipocrisia.
Uma das peças publicitárias veiculadas pelo governo do Estado de São Paulo é hilária – e hipócrita. Aparece o dr. Varela (não sei se é implicância minha, mas ele tem uma cara de moribundo!) dentro de um bar fazendo o discurso anti-tabagismo. A câmera o acompanha em sua viagem por diversos compartimentos da casa noturna até chegar à rua. O dr. Varela termina o discurso dizendo algo parecido com “todos têm o direito a respirar melhor”. Respirar melhor? Meu Deus!
Recente pesquisa realizada pela USP – e divulgada numa pequena matéria de pé de página pelo jornal “O Estado de S. Paulo” – revelou que 65% das doenças respiratórias são provocados pela poluição emitida pelos automóveis. Ou seja, quem não dirige ou tem automóvel pode ser acometido por doenças respiratórias. Não vi ninguém fazer campanha contra o uso de automóveis.
O que me desagrada nesta questão é um governo controlar por lei o que pode ou não fazer uma pessoa adulta. Daqui a pouco algum governante ferrenhamente vegetariano elaborará uma lei proibindo a existência de churrascarias porque a carne vermelha faz mal à saúde.
Sei que muitos podem pensar: mas que argumentinho mais chocho, o cigarro faz mal à saúde não só ao fumante, mas aos fumantes passivos, o Serra está certo! Você não deixa de ter razão, mas o que me incomoda é a hipocrisia.
Uma das peças publicitárias veiculadas pelo governo do Estado de São Paulo é hilária – e hipócrita. Aparece o dr. Varela (não sei se é implicância minha, mas ele tem uma cara de moribundo!) dentro de um bar fazendo o discurso anti-tabagismo. A câmera o acompanha em sua viagem por diversos compartimentos da casa noturna até chegar à rua. O dr. Varela termina o discurso dizendo algo parecido com “todos têm o direito a respirar melhor”. Respirar melhor? Meu Deus!
Recente pesquisa realizada pela USP – e divulgada numa pequena matéria de pé de página pelo jornal “O Estado de S. Paulo” – revelou que 65% das doenças respiratórias são provocados pela poluição emitida pelos automóveis. Ou seja, quem não dirige ou tem automóvel pode ser acometido por doenças respiratórias. Não vi ninguém fazer campanha contra o uso de automóveis.
Cerveja na Casa Branca
No dia 30 de julho, quando sorvia uma cerva gelada – lamentando que minhas férias chegavam ao fim – li uma notinha no “Estadão” que o presidente norte-americano Barack Obama, e seu vice, Joe Biden, recebiam na Casa Branca o professor Henry Louis Gates Jr e o policial James Crowley para uma cervejada. O intuito era selar a paz entre o professor e o policial pelo incidente racial deflagrado quando Crowley prendeu Louis Gates, que arrombara a própria casa.
Aos fatos: duas semanas antes, o professor Louis, que é negro e leciona em Harvard, uma das mais conceituadas universidades americanas, chegara em casa e descobrira que a fechadura estava emperrada. Com a ajuda do motorista, arrombou a porta. O fato chamou a atenção de vizinhos, que avisaram a polícia. O policial Crowley chegou rapidamente à luxuosa casa na valorizada região de Cambridge, Massahusetts. Encontrou um homem negro dentro da residência e pediu que ele saísse. O homem se recusou. Então, o policial exigiu que o homem se identificasse. O professor identificou-se e pediu para que não fosse incomodado. A discussão se acalorou e o policial, com a ajuda de outros colegas, prendeu o professor.
Amigo do professor, o presidente Obama acabou dando um puxão de orelhas no policial. Depois voltou atrás e fez o convite para que selassem a paz tomando cerveja na Casa Branca.
O fato daria uma tese sobre a questão do racismo nos Estados Unidos, ainda não superada – nem lá e nem aqui, mas isto é uma outra história.
Quero chamar a atenção para um fato: a imprensa tupiniquim não fez qualquer menção de desaprovação ao fato de o presidente e o vice dos EUA convidarem alguém para tomar cerveja na Casa Branca. Fosse o presidente Lula o anfitrião, os comentários maldosos teriam pipocado na imprensa e nos programas de TV. Coisas de nossa imprensa capurreira.
Aos fatos: duas semanas antes, o professor Louis, que é negro e leciona em Harvard, uma das mais conceituadas universidades americanas, chegara em casa e descobrira que a fechadura estava emperrada. Com a ajuda do motorista, arrombou a porta. O fato chamou a atenção de vizinhos, que avisaram a polícia. O policial Crowley chegou rapidamente à luxuosa casa na valorizada região de Cambridge, Massahusetts. Encontrou um homem negro dentro da residência e pediu que ele saísse. O homem se recusou. Então, o policial exigiu que o homem se identificasse. O professor identificou-se e pediu para que não fosse incomodado. A discussão se acalorou e o policial, com a ajuda de outros colegas, prendeu o professor.
Amigo do professor, o presidente Obama acabou dando um puxão de orelhas no policial. Depois voltou atrás e fez o convite para que selassem a paz tomando cerveja na Casa Branca.
O fato daria uma tese sobre a questão do racismo nos Estados Unidos, ainda não superada – nem lá e nem aqui, mas isto é uma outra história.
Quero chamar a atenção para um fato: a imprensa tupiniquim não fez qualquer menção de desaprovação ao fato de o presidente e o vice dos EUA convidarem alguém para tomar cerveja na Casa Branca. Fosse o presidente Lula o anfitrião, os comentários maldosos teriam pipocado na imprensa e nos programas de TV. Coisas de nossa imprensa capurreira.
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