segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O cigarro nosso de cada dia – 1

Contagem regressiva: daqui a quatro dias entra em vigor no Estado de São Paulo a Lei anti-fumo. O assunto é polêmico. Agrada aos não-fumantes e provoca a ira dos viciados em tabaco. Sou fumante há mais de 20 anos; já tentei parar algumas vezes. Consegui por longos dezoito meses, mas voltei a soltar fumaça. Não considero-me vencido pelo vício, um fracassado. Voltei a fumar porque gosto. Sou, até onde é possível ser, um fumante educado. Evito fumar em restaurantes, por exemplo. Ou nas casas de amigos não fumantes (no quintal pode, né?). No trabalho, uso o “fumódromo”. Agora, fumaremos na rua.
O que me desagrada nesta questão é um governo controlar por lei o que pode ou não fazer uma pessoa adulta. Daqui a pouco algum governante ferrenhamente vegetariano elaborará uma lei proibindo a existência de churrascarias porque a carne vermelha faz mal à saúde.
Sei que muitos podem pensar: mas que argumentinho mais chocho, o cigarro faz mal à saúde não só ao fumante, mas aos fumantes passivos, o Serra está certo! Você não deixa de ter razão, mas o que me incomoda é a hipocrisia.
Uma das peças publicitárias veiculadas pelo governo do Estado de São Paulo é hilária – e hipócrita. Aparece o dr. Varela (não sei se é implicância minha, mas ele tem uma cara de moribundo!) dentro de um bar fazendo o discurso anti-tabagismo. A câmera o acompanha em sua viagem por diversos compartimentos da casa noturna até chegar à rua. O dr. Varela termina o discurso dizendo algo parecido com “todos têm o direito a respirar melhor”. Respirar melhor? Meu Deus!
Recente pesquisa realizada pela USP – e divulgada numa pequena matéria de pé de página pelo jornal “O Estado de S. Paulo” – revelou que 65% das doenças respiratórias são provocados pela poluição emitida pelos automóveis. Ou seja, quem não dirige ou tem automóvel pode ser acometido por doenças respiratórias. Não vi ninguém fazer campanha contra o uso de automóveis.

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