Quem mora em Osasco deve pelo menos ter ouvido falar na Vila Piauí, bairro localizado na Zona Norte da cidade, na divisa com São Paulo (região de Pirituba). O nome do bairro não é à toa. Lá vive gente que veio de Picos, Teresina, Caraúbas, Currais, Gilbués, Bocaina, Santo Antonio de Lisboa.
Na época vereador em Osasco pelo PT e em campanha para a reeleição, meu amigo Guima aceitou o convite de um cabo eleitoral da região para um churrasco com os piauienses – devidamente pago pelo parlamentar, é claro. Guima chegou ao local e entusiasmou-se. O Piauí inteiro estava lá. Conversa vai, conversa vem, Guima resolveu perguntar a um deles em qual colégio iria votar. A resposta: “Lá em Gilbués, mesmo, vereador. Aliás, ninguém aqui transferiu o título de eleitor, não”.
Sim ou não, eis a questão
Fenelón Guedes era um daqueles nordestinos arretados. Migrou para o sul maravilha com uma mão atrás e outra na frente. Fez a vida em São Paulo. Em meados dos anos 1980 elegeu-se vereador em Osasco pelo PMDB. Na época, o prefeito era Humberto Parro, do mesmo partido. Parro tinha maioria na Câmara e, portanto, folga na votação dos projetos. A oposição basicamente resumia-se aos dois vereadores do PT, João Paulo Cunha e Rosa Lopes Martins.
O voto em projetos importantes geralmente era nominal. Era normal, portanto, um vereador da situação votar “sim”. Numa sessão, Fenelón cochilava em sua cadeira. O presidente da Casa, Tonca Falsetti (PMDB), colocou em votação um projeto de autoria de João Paulo Cunha. Ao ouvir seu nome anunciado, não teve dúvidas: “Voto sim, seu presidente”. O líder do governo, Zé David, enquadrou o colega de bancada. Ao final da votação, Fenelón resolveu justificar seu voto: “Sr. presidente, votei 'sim' porque nesta casa nós sempre votamos 'sim' aos projetos. Como estava distraído, não sabia que votava num projeto do nobre colega João Paulo”. A gargalhada foi geral. Típico do caso em que o silêncio às vezes é precioso.
O cavalo que atravanca
Outra do Fenelón Guedes. Ao reclamar de um problema que a Prefeitura vinha “empurrando um problema com a barriga”, o nobre vereador resolveu inovar na explicação. Recorreu a uma imagem, digamos, “literária”. “A Prefeitura, senhor presidente, está agindo assim, como aquele povo que mora na rua de cima. Um cavalo morreu. A Prefeitura não foi tirar o cavalo do local. O bicho começou a feder. Então o pessoal se reuniu e resolveu transferir o cavalo em putrefação para a rua de baixo. Problema resolvido? Não, né? O pessoal da rua de baixo fez a mesma coisa. Levou o cavalo de volta para a rua de cima. Aí o pessoal da rua de cima faz o mesmo. Leva o dito pra rua de baixo. E o fedor aumentando, aumentando. Bem, era isso sr. Presidente”.
Sem entender nada, Tonca arguiu: “O problema do bairro é um cavalo morto, vereador?” De pronto Fenelón respondeu: “Claro que não! É um problema de tapa-buraco. A Prefeitura diz que foi a Telesp (aos mais novos, a atual Telefônica); a Telesp, que foi a Prefeitura. Não ficou claro?”
Olá Luis,
ResponderExcluirPor ventura você conhece mais alguma história sobre esse Senhor Fenelon Guedes?