quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Atiçando machos selvagens


As palavras têm poder, dizem. Poder de “profetizar”, poder de salvar, numa interpretação, digamos, etéria. E exercem influência sobre a grande massa (a língua é ideológica, não nos esqueçamos). Afinal, vivemos em tempos líquidos em que a informação deixou de ser coisa sólida para se desmanchar no ar, em função da quantidade – em detrimento da qualidade – do que se escreve, se fala e é veiculado pelos meios eletrônicos. As notícias, as opiniões ganham uma amplidão imensurável e uma áurea de “verdade” pura e, portanto, inquestionável, em função da falta de reflexão.
A bela e bem informada atriz Maitê Proença caiu na armadilha das opiniões jogadas ao léu sem qualquer prudência. Em entrevista à coluna de Sonia Racy, do Estadão, Maitê pisou no cocô da vaca e o escremento respingou para todos os lados. Vamos aos fatos.
A entrevista pautou-se pelas polêmicas que sua personagem na novela da Globo – uma balzaquiana devoradora de garotões – estão suscitando. Lá pelas tantas, a entrevistadora dispara: “Já decidiu seu voto? O que acha das atuais opções para a Presidência da República?”. A resposta: “Gosto da Marina e do Serra”. Se a atriz parasse por aí, OK. Todos têm suas preferências políticas e ideológicas. O escorregão aconteceu na sequência. A jornalista perguntou se o feminismo já era ou se as mulheres ainda precisam lutar contra a discriminação. A resposta foi de um infelicidade brutal, digamos até burra. “A mulher ainda é tratada como escrava na África, Ásia, países árabes, na maior parte do planeta. Só no ocidente houve progressos, muitos, mas ainda há discriminação. Quem sabe a própria [discriminação] a calhar nesse momento de eleição, atiçando os machos selvagens e nos salvado da Dilma?”.
Comentário que se equivale àquele famoso do Maluf, o estupra mas não mata!
Tenho dito!

2 comentários:

  1. Camarada, está cada vez mais difícil acompanhar os noticiários, principalmente nesta época de eleições. Mas como dizem, os cães ladram, mas a caravana da Dilma passa. Abraço.

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