sexta-feira, 16 de outubro de 2009

“Peruada” e movimentos sociais


Cerca de mil estudantes de Direito da USP (Largo de São Francisco) realizaram no início da tarde desta sexta-feira a tradicional “Peruada” – manifestação que remontaria há de cem anos. A tradicional passeata contou com um grande aparato da Polícia Militar. Centenas de homens da PM formaram um longo cordão de isolamento; uma dezena de motocicletas da Roncam e pelo menos cinco viaturas da Força Tática fizeram a “segurança” dos foliões.
A “peruada” provocou cerca de 80 quilômetros de engarrafamento, segundo sítios de notícia, parando inclusive a avenida 23 de Maio.
Nada contra a “Peruada”. Acho que a meninada da USP tem o direito de se manifestar. Como têm o direito de se manifestar os sindicatos, as entidades estudantis, os sem-terra, enfim, os movimentos sociais. Só que o tratamento dispensado aos estudantes pela imprensa e pelo governo não é o mesmo empregado aos professores, por exemplo. Em São Paulo a prática é “criminalizar” os movimentos sociais.
Em 2005, professores em greve fizeram uma passeata da Assembleia Legislativa até a avenida Paulista, fechando parte da Brigadeiro Luiz Antônio. É claro que se atrapalhou o trânsito na região. As manchetes dos principais meios de comunicação enfocaram, basicamente, o fato de a manifestação “atrapalhar” o trânsito da cidade. Nenhuma foi positiva ou mesmo informou sobre as reivindicações dos trabalhadores. No caso da “Peruada”, o UOL, por exemplo, afirmou em chamada da página principal: “Estudantes fazem alusão a Sarney durante 'Peruada 2009' em SP”.
O Ministério Público processou o ex-presidente da APEOESP – o Sindicato dos Professores – pela passeata de 2005. À época, pediu a indenização de R$ 4 milhões, que deveria ser paga pelo professor Carlos Ramiro de Castro. A alegação: o congestionamento teria provocado prejuízos à população. Todos sabemos que os promotores são advogados. Também participaram de “peruadas”, não de greves. Aos amigos, os louros; aos inimigos, a lei!

Um comentário:

  1. Brandino,

    Parabéns pelo post, é isso mesmo. Enquanto desocupados, filhinhos de papais, interronpem o trânsito, são tratados com benevolência, e os movimentos sociais à lei.

    Todo ano, a mesma coisa, eles (peruada), bêbados, drogados, fazendo alegorias em plena avenida Ipiranga, e o povo ó!!!! Que façam a peruada no sambódromo, e se matem lá, mas essa história de "pesos e medidas" é foda.

    A Paulista, só tem hospitais, quando o movimento popular a interrompe. Quando é final de campeonato, os hospitais fecham....engraçado isso!!!
    Paulinho (do blog)

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