Os governos tucanos funcionam assim: desviam o foco da opinião pública para uma questão menor – e contam com as benesses dos meios de comunicação para espalhar o fato – enquanto engatilham o revólver para atingir o cidadão pelas costas. A aprovação da lei antifumo ganhou manchetes dos principais jornais do Estado; teve um bom tempo nos principais noticiários dos jornalísticos de alcance nacional das emissoras de TV. Enquanto isto, o governador José Serra enviou para a Assembleia Legislativa o Projeto de Lei Complementar 62/08, que privatiza a rede de saúde pública, transferindo a administração dos hospitais e unidades para entidades privadas, chamadas de organizações sociais de saúde (OSS). Um parecer da deputado Maria Lúcia Amary (PSDB), uma das relatoras do PLC 62, propõe uma emenda abrindo as unidades de saúde para atendimento de pacientes da rede particular e/ou usuários de planos de saúdes privados! Ou seja, quem puder pagar...
Na prática, o PLC significa o fim da saúde pública no Estado de São Paulo. No Brasil o SUS garante atendimento universal e integral. Mas a sanha dos tucanos para implantar a todo custo a política neo-liberal transformará a saúde pública em negócio, se o PLC for aprovado.
O negócio funciona assim: você paga imposto e o dinheiro repassado para a saúde acaba no bolso destas OSS.
Nos Estados Unidos a coisa é parecida. Lá a saúde é privada. Cerca de 46 milhões de norte-americanos não têm atendimento de saúde. Se o cidadão perde o emprego, perde também o plano de saúde. Aí só recorrendo aos céus!
Para os tucanos, a rede de proteção social é gasto para o Estado. Aqueles que não podem recorrer a hospitais privados, que se danem!
Freiras feias
Sobre a lei antifumo, recomento a leitura de um artigo de Luiz Felipe Pondé, publicado no caderno “Ilustrada” da “Folha de S. Paulo” de segunda-feira. Ele entra fundo na discussão sobre a lei. Até agora tudo o que li a respeito fica na superficialidade, no contra ou a favor. Diz Pondé, em certo trecho de sua reflexão: “O fascismo é, no fundo, uma religião civil e não um tipo específico de política ou de governo. Manifesta-se como um governo cuja autoimagem é a de um agente moral na sociedade. Agente este movido pela fé em gerar melhores cidadãos, por meio do constrangimento legal e científico de comportamentos (…) Na democracia, o fascismo ainda é mais perigoso porque tende a ser invisível. Esta invisibilidade nasce da ilusão de que a legitimidade pelo voto inviabiliza o motor purificador do fascismo. Pelo contrário, a própria ideia de 'maioria' ou de 'vontade do povo' trai a vocação fascista. (…) O fator saúde, seja pessoal, seja do planeta, seja da sociedade, sempre foi uma paixão fascista – e isto já é largamente conhecido.”
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