Há oito anos, o mundo assistia, basicamente ao vivo, aos atentados às torres gêmeas do Word Trade Center e ao Pentágono. Na época, editava o jornal “Terça-feira”, em Osasco. Um tablóide experimental que não durou mais que um ano. Na época, publiquei o poema que reproduzo abaixo no espaço dedicado aos meus artigos semanais:
Os jornais de ontem trouxeram
nas manchetes o cheiro de pólvora,
de sangue, de poeira que penetrou
nas narinas pós-modernas de Nova York
e dos intelectuais do Post,
que pensam o supremo saber
deitados em berço esplêndido
ao lado do Pentágono – polígono do poder.
Não sobrou uma linha
sequer para falar do massacre
promovido por indonésios contra os
timorenses – os algozes usaram armas made in USA.
Nem da fome que o Timor Leste tenta não passar.
O cheiro de pólvora-sangue perturbou
narizes europeus sensíveis;
mas os mesmos brancos colonizadores
não se sensibilizam com o fedor
de corpos em decomposição que a fome e as guerras
– que usam armas made in USA –
provocam na África.
A poeira do Word Trade Center
feriu olhos ingleses, que choraram
com a Rainha-Mãe
os corpos carbonizados.
Olhos que não enxergam
palestinos matando judeus,
judeus matando palestinos.
Olhos que cegam para o embargo
econômico imposto ao Iraque
(almas civis passam fome).
Olhos que não veem – ou fingem – o desespero
dos cubanos que querem viver
em paz com Fidel, ou sem ele, mas querem viver.
Ontem chorei por almas
ceifadas por kamikazes
muçulmanos; chorei pela
intolerância racista de George W. Bush
e pela América ávida pelo
sangue dos meninos
que trabalham de graça
em suas fábricas poluidoras
plantadas no quarto mundo.
Chorei por mim mesmo!
Luís Brandino, 12 de setembro de 2001
Belas palavras,tocam fundo na alma e realmente mostram o que significa E.U.A
ResponderExcluir