quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Cresce número de analfabetos em SP

Os números da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (Pnad), divulgadas na semana passada pelo IBGE, revelam que o analfabetismo das crianças entre 10 e 14 anos cresceu no Estado de São Paulo. Os números do Pnad referem-se a 2008. O levantamento apontou salto de 29 mil, em 2007, para 51 mil, em 2008, o número de crianças que não sabem ler e escrever nesta faixa etária. O problema é sério e tem várias raízes, inclusive sócio-econômicas e psicopedagógicas.
A estrutura educacional do Brasil, como a conhecemos hoje, é muito recente. Data da década de 1930, quando intelectuais e educadores, como Anísio Teixeira, tentaram organizar o universalizar o ensino. A escola era para muito poucos. Quase 80% da população era analfabeta.
A universalização do ensino, por incrível que pareça, começou a ser levada em prática pelos governos militares. O interesse era econômico, pois as fábricas precisavam de mão-de-obra especializada, e sem saber ler e escrever o operário não conseguia se especializar.
O grande problema é que faltavam professores. A solução encontrada pelo MEC foi a abertura de inúmeras faculdades de licenciatura em várias partes do país. Óbvio, com qualidade contestável.
O grande problema é que o Brasil nunca pensou a Educação com seriedade. Só agora, no final do segundo mandato de Lula, se prepara um novo Plano Nacional de Educação; em São Paulo, os governos tucanos sempre ignoraram a necessidade de um Plano Estadual de Educação, preferindo tirar da manga planos mirabolantes e definitivos, logo abandonados pelo novo ocupante do Palácio dos Bandeirantes, numa roda de infortúnios. A última foi a colocação de dois “professores” em sala de aula nos primeiros anos da escolaridade. A aspas em professores é proposital. O professor tem a “ajuda” de um estagiário. O resultado é este apontado pelo Pnad.

Tucanos põem culpa na Pnad

Costumo dizer que o governo de José Serra é platônico. Explico. A grosso modo, para Platão o mundo concreto percebido pelos sentidos é uma pálida reprodução do mundo das Idéias. Cada objeto concreto que existe participa, junto com todos os outros objeto de sua categoria de uma Idéia perfeita. Por exemplo, ao construir uma cadeira, o marceneiro faz uma reprodução da Idéia de cadeira, que é perfeita.
Assim é no governo Serra. O mundo perfeito do governador acontece na televisão, nas propagandas do governo. Lá as escolas são perfeitas, o sistema de transporte em São Paulo é ideal, tudo funciona. No mundo real, o metrô entra constantemente em pane, as escolas são péssimas, com professores mal-pagos e desmotivados. (Aliás, quem dependeu de metrô hoje, quarta, no início da manhã sabe o que estou dizendo.)
O secretário da Educação, Paulo Renato Souza, limitou-se a contestar os números do Pnad: “Nossos indicadores não mostram isso, só pode ser erro amostral”. É assim, no mundo perfeito ninguém erra. A arrogância é a mãe do desastre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário