sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Professores e engenheiros


O desavisado que chegasse a uma banca de jornal na manhã desta sexta-feira, 4, e desse uma olhadela no “O Estado de S. Paulo” e depois na “Folha” ficaria confuso. Explico. O MEC (Ministério da Educação) divulgou o resultado do Enade (Exame Nacional de Desempenho do Estudante), que avalia as faculdades brasileiras. O “Estadão” fez do fato sua manchete principal – “Um em cada 4 professores se forma em faculdades ruins”. A “Folha” também fez chamada de capa, mas não usou o exame como manchete principal: “1 em cada 4 engenheiros estuda em cursos ruins”.
Os jornais têm o direito de escolher o enfoque que querem dar ao fato. Mas as duas manchetes são preconceituosas contra duas profissões. A do “Estadão” com um agravante, pois o curso em tela é o de Pedagogia, que não forma professores. Pelo menos no Estado de São Paulo, para lecionar o professor tem que fazer o curso de Magistério – em âmbito de segundo grau para os primeiros anos da escola e de Licenciatura Plena nos demais, ou seja, cursar uma faculdade de Letras, de Matemática, de Biologia etc. O ideal seria afirmar que 36% das faculdades do País foram reprovadas pelo MEC, como fez o “Diário de São Paulo”.
“Estadão” e “Folha” são uma espécie de braço jornalístico do tucanato paulista. O primeiro assumidamente (inclusive em editorial); o segundo, veladamente. A Educação Pública, nos últimos catorze anos – desde Mário Covas – sofreu uma política deliberada de desmonte. E tem sido a pedra no calcanhar de José Serra, provável candidato do PSDB ao Palácio do Planalto. Serra tem deliberadamente orquestrado uma campanha para culpabilizar os professores pelas mazelas da Educação. Daí a manchete. Com relação ao enfoque dado pela “Folha”... sei não, o Aécio Neves seria engenheiro? Não, o governador mineiro é formado em Economia.

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