terça-feira, 22 de setembro de 2009

Vento da Lua


Acabo de ler o adorável romance Vento da Lua (Companhia das Letras, 288 páginas), do escritor espanhol Antônio Muñoz Molina. É um romance de formação que contrapõe o lento cotidiano de uma pequena e imaginária aldeia andaluza durante a ditadura franquista – Mágina, uma espécie particular de Macondo* – à velocidade vertiginosa da expedição Apolo 11.
Nesse vilarejo rural e arcaico, um narrador de 13 anos acompanha, empolgado e esperançoso, a missão da Apollo 11 em direção à Lua. O escritor contrapõe a viagem da equipe de Neil Armstrong às descobertas e iniciações do garoto – sexuais, intelectuais (é aficionado por Júlio Verne e H.G. Wells), morais, religiosas – e à rotina da cidadezinha.
Entremeados com as notícias da fantástica viagem, a dura rotina no campo (seus pais e avós são hortelões), a penosa falta de água encanada, a mesquinhez dos vizinhos e o obscurantismo dos padres professores são nítidas reminiscências da infância do autor - também nascido e crescido numa pequena cidade do sul da Espanha.
A obra de Molina nos permite uma outra leitura, as contradições da pós-modernidade, com a alta tecnologia convivendo com o atraso provinciano. Um belo livro. Recomendo a leitura.
Molina, que atualmente reside em Nova York, Estados Unidos, é um dos mais premiados escritores espanhóis. De sua vasta obra, a Companhia das Letras já lançou no Brasil Carlota Fainberg, Lua Cheia e Serafad.

*Macondo é a cidade imaginária criada por Gabriel García Marquez.

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