quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Privatização ou precarização?


Há onze anos, em sua sanha neoliberal, o presidente Fernando Henrique Cardoso promoveu a privatização do Sistema Telebrás – então responsável por 95% dos serviços públicos de telefonia do País. O discurso era de que a concorrência provocaria a melhora na qualidade dos serviços prestados. O bolo foi repartido entre doze empresas. A ideia era fomentar a concorrência. Na prática, contudo, o mercado ainda é controlado basicamente por três empresas: a espanhola Telefónica (que opera rede fixa e detém metade da Vivo e da Tim), a Oi/Brasil Telecom e a mexicana Telmex, dona da Embratel, da Claro e da Net.
Em apenas dez anos no Brasil, a Telefônica apurou lucro de R$ 18 bilhões. Neste mesmo período, por seis vezes liderou o ranking de reclamações no Procon. Ou seja, a insatisfação da clientela foi proporcional aos lucros dos espanhóis.
Os problemas se aprofundaram com o serviço de Internet, principalmente da banda larga – estima-se que existam 11 milhões de usuários do serviço no País. Recentemente, a Telefônica foi proibida pela Anatel de comercializar o Speedy, em função, principalmente, dos quatro “apagões” em menos de um ano, com interrupções que chegaram a 36 horas.
O Brasil errou ao privatizar o Sistema Telebrás. Poderia flexibilizar o sistema, permitindo que outras empresas entrassem no mercado para, ai sim, “fomentar a concorrência”.
Na idade da pedra
Na minha casa a Internet ainda é discada. Quando surgiu a banda larga – Speedy – o preço do moden e da mensalidade estava fora da minha humilde realidade. No ano passado, tentei assinar o Speedy e optei pelo Terra como provedor. Não deu certo. Primeiro que demoraram mais de um mês para enviar-me o moden; depois, descobri que o dito cujo não estava habilitado. Ai a briga começou com a Telefônica, que insistia em dizer que na minha região o sinal não chegava; bem, mas meu vizinho tem Speedy. Desisti. Parti para a Net, com o Virtua. Mais uma negativa: esta região não é atendida pela Net. Não consegui contra-argumentar, pois é uma secretária eletrônica que atende a ligação e não dá qualquer outra opção. Detalhe, o cabo da Net passa no poste em frente a minha casa e meu cunhado é assinante. A banda larga móvel não é para o meu bico. A iniciativa privada realmente é competente no Brasil!
Estamos ainda na idade da pedra. Numa reportagem da Revista do Brasil, descobri que em Portugal há dez empresas que oferecem o serviço de banda larga. Mais, a velocidade da Internet móvel é de 21,6 megabytes e custa o equivalente a R$ 80,00. (Nossa tecnologia lembra aquela da piada do celular com câmera -- foto.)

Um comentário:

  1. Mano, passei mais de um ano brigando com a Telefonica por causa do Speedy. Funcionava meia hora, caia o sinal e ficava duas horas fora do ar. Sem outra alternativa, pois o Virtual não estava disponível na minha região. Assim que liberaram o sinal troquei para o Virtual. Esperei a instalação e -- com enorme prazer -- liguei para cancelar o Speedy. Primeiro quiseram me cobrar um taxa de R$ 360 por quebra de fidelidade. Discuti, bati o pé dizendo que era cliente há quase dez anos e não iria pagar porcaria de taxa nenhuma. Com muito custo, consegui o cancelamento. Dois dias depois me liga uma fulana querendo que eu repensasse o caso, dizendo que disponibilizaria um técnico VIP, que nos daria todo o suporte para que o Speedy funcionasse a contento. Mandei ela enfiar o técnico naquele lugar. Era tarde. Eles tinham perdido um cliente, que costuma ser fiel com seus fornecedores. Faz quase um ano que utilizamos o Virtual. Neste tempo, não ficamos um dia sequer sem conexão.

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