sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Collor, agora imortal


Até o final da década de 1980, meados da década de 1990, considerava-se uma celebridade um grande ator – de novela, cinema ou teatro –, um cantor de MPB, um escritor. Jogador de futebol era jogador de futebol (menos o Pelé, é claro, o brasileiro mais conhecido no mundo). Depois as magérrimas modelos de passarela tornaram-se famosas; um tempo depois, participantes de reality shows passaram a ganhar as primeiras páginas de jornal.
No fim do século XIX, intelectuais brasileiros começaram a alimentar a ideia de uma academia nacional, como a Academia Francesa. No dia 15 de dezembro de 1896 aconteceu a primeira reunião preparatória, na sala de redação de redação da Revista Brasileira, na travessa o Ouvidor, nº 31. Machado de Assis foi aclamado presidente. Em 28 de janeiro do ano seguinte, na sétima e última sessão preparatória instalou-se a Academia,com trinta membros: Araripe Júnior, Artur Azevedo, Graça Aranha, Guimarães Passos, Inglês de Sousa, Joaquim Nabuco, José Veríssimo, Lúcio de Mendonça, Machado de Assis, Medeiros e Albuquerque, Olavo Bilac, Pedro Rabelo, Rodrigo Otávio, Silva Ramos, Teixeira de Melo, Visconde de Taunay, Coelho Neto, Filinto de Almeida, José do Patrocínio, Luís Murat e Valentim Magalhães, Afonso Celso Júnior, Alberto de Oliveira, Alcindo Guanabara, Carlos de Laet, Garcia Redondo, conselheiro Pereira da Silva, Rui Barbosa, Sílvio Romero e Urbano Duarte.
A partir daí começaram a nascer inúmeras academias nos Estados. A de São Paulo, por exemplo, data de 1909. No mesmo ano surgiu a Academia Alagoana de Letras, fundada por intelectuais de Maceió no dia 1º de novembro.
A menos de dois meses de completar 100 anos, a Academia Alagoana de Letras elegeu o ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Mello seu mais novo membro. Detalhe: Collor não tem nenhum livro publicado.
Para não sermos injustos com os alagoanos, devemos lembrar que a Academia Brasileira de Letras teve entre seus membros o general Aurélio de Lira Tavares, ministro do Exército do governo Costa e Silva, eleito em 1970. Sarney também é acadêmico. Autor de Marimbondo de Fogo, derrotou na disputa o poeta Mário Quintana. O bigodudo que hoje preside o Senado não foi o único presidente a ocupar um cargo na Academia. Getúlio Vargas – outro que nunca publicou nada – também foi acadêmico.

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