Ulisses, o Odisseu, que deixou Ítaca para lutar em Tróia, precisou amarrar-se ao mastro de seu navio e a colocar cera nos ouvidos de seus marinheiros – conforme ensinamentos de Circe – para não sucumbir ao belo canto das sereias e ver seus navios arrebentarem-se nas pedras. O mito grego deu origem à frase “o canto da sereia faz tormenta”.
A senadora Marina Silva, (Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima), ex-ministra do Meio-Ambiente, deixou recentemente o PT para filiar-se ao PV. Nada contra a mudança de partido. Mesmo porque a senadora nunca encontrou muito apoio da cúpula do PT e nem muito espaço no governo para desenvolver seu trabalho em defesa do meio-ambiente. Não deixou a legenda com mágoas. Quando anunciou sua desfiliação, no dia 19 de agosto, disse que a decisão “exigiu de mim coragem para sair daquela que foi até agora a minha casa política e pela qual tenho tanto respeito, mas estou certa de que o faço numa inflexão necessária à coerência com o que acredito ser necessário alcançar como novo patamar de conquistas para os brasileiros e para a humanidade."
O grande problema da senadora Marina Silva é que parece que ela está caindo no canto da sereia. Mal anunciara sua saída do PT, ganhou entrevistas em quase todos os jornais de grande circulação e as páginas amarelas da revista “Veja”. Transformou-se, da noite para o dia, numa alternativa à possível candidatura de Dilma Rousseff. Tudo o que a direita quer, dividir os votos. A mosca azul parece que picou o PV. Marina estrelou a propaganda obrigatória a que o partido tem direito. Infelizmente, como vejo TV muito pouco, peguei uma das inserções já no final. Não pude, contudo, acompanhar o discurso dela.
O mesmo aconteceu em 2006, com Heloísa Helena – outra que tem nome grande: Holoísa Helena Lima de Moraes Carvalho. Ela também caíu no canto da sereia e acreditou que poderia derrotar Lula e Alckmin. Obteve 6,8% dos votos válidos. Lula foi reeleito no segundo turno.
O PV ainda é um partido pequeno no Brasil. Nas últimas eleições para presidente, seu candidato teve sua legenda cassada pelo TSE; no segundo turno apoiou Lula e acabou abocanhando o Ministério da Cultura, na figura de Gilberto Gil.
Em São Paulo, por exemplo, na eleição para governador, obteve 0,8% dos votos.
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