Voltei, mas apenas para postar a última mensagem de 2009. Final de ano é uma correria danada. Nem tive tempo de sentar em frente ao computador para enviar mensagens aos meus queridos amigos. É que fico responsável pela ceia de Natal e pela comilança do dia seguinte. Sem contar que nós, brasileiros, sempre deixamos algum presente para comprar na última hora.
Bem, sem lero-lero, quero desejar a todos os meus amigos (e aos dois ou três leitores fiéis deste humilde blog) meus sinceros votos de que 2010 alguns de nossos sonhos possam se tornar realidade. Para encerrar, reproduzo o belíssimo poema de Mário Quintana, fazendo das palavras do poeta gaúcho as minhas:
Esperança
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
Mário Quintana
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Punibilidade e impunibilidade
Quando os datenas da vida bradam (e babam) em seus programas de TV que o Brasil é o país da impunidade, tendo a discordar com eles – mesmo que em termos. E digo porque. Os três pês – putas, pretos e pobres – , por exemplo, não têm direito às benesses da (In)Justiça. Para eles não tem impunidade. Existe a lei. Na política, o mesmo ocorre. Nem entro nos detalhes de políticos flagrados com dinheiro em meias e cuecas. Paulo Maluf, por exemplo, o maior cara-de-pau deste país, nunca teve seus bens arrestados pela Justiça para devolver ao erário o que larapiou. (Cá entre nós, e não é pouco dinheiro não, mas as verdinhas estão todas dormindo em cofres suíços.) Agora a Justiça condena, em última instância, a ex-prefeita de São Paulo e hoje deputada federal pelo PSB, Luiza Erundina, a devolver aos cofres da Prefeitura R$ 350 mil.
A condenação de Erundina se deu porque, em 17 de março de 1989, ela publicou no jornal “Folha de S. Paulo” um anúncio da Prefeitura avaliando a greve geral – ocorrida nos dias 14 e 15 de março daquele ano – contra o “Plano Verão”, uma das últimas tentativas do então presidente José Sarney (“olha ele aí”) para salvar o Plano Cruzado. No texto, ela justificava o fato de não ter punido os motoristas e cobradores da CTMC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos) que participaram da greve geral. “Ao contrário de administrações anteriores, a Prefeitura não usou seu poder para frustrar – pela força, ameaça ou perseguição – o exercício dos legítimos direitos dos trabalhadores e da população. Essa diferença de atitudes surpreende alguns, choca outros e irrita todos quantos, no setor público ou privado, sempre procuram utilizar o Poder Público na defesa dos privilégios de minorias e não dos interesses da maioria da sociedade.” Realmente Erundina desagradou muitos e poderosos.
Quando assumiu a prefeitura de São Paulo, em 1989, Luiza Erundina herdou do polêmico Jânio Quadros uma cidade falida, com obras apenas iniciadas, muitas dívidas. Fez uma excelente administração – é claro que nem tudo é perfeito, com certeza falhou em alguma área. Por exemplo, construiu centenas de escolas públicas, cinco hospitais municipais e, o que é admirável neste país, deixou a Prefeitura com dinheiro em caixa.
Às vésperas da eleição que escolheria seu sucessor, um deslizamento de terra numa área livre soterrou moradores. A imprensa e as emissoras de TV nem piscaram para achar um culpado: a Prefeita. O povo, sempre suscetível a dramalhões e sensacionalismos, embarcou na canoa furada e elegeu Salim Maluf, que gerou Pitta, que...
Erundina foi vereadora, prefeita, senadora e atualmente é deputada federal. Seu patrimônio – o apartamento onde mora e um automóvel – não é suficiente para pagar a dívida. Assim, a justiça penhorou 10% de seus vencimentos. Pois é, este tipo de político a justiça brasileira não tarda em punir! Estão vendo, datenas, como não há impunidade neste país?
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Receita ecológica para matar formigas
Formigas tomaram conta de minha casa, uma verdadeira praga. Não se podia esquecer nada na mesa, nem o açucareiro, que um batalhão invadia a cozinha. Conversando com um especialista, ele me forneceu uma receita ótima – ainda por cima ecologicamente correta. Testei e funcionou. Assim, resolvi compartilhar com os amigos. Vamos à receita:
Ingredientes:
Sal – o quanto baste
Pinga – uma boa dose
Pedaço de madeira
Pedrinha (o tamanho da pedra varia de acordo com o tamanho da formiga)
Como funciona:
Coloque o sal – em pitadas generosas – na frente do formigueiro; a pinga, próxima ao sal (você pode usar uma tampa plástica de refrigerante como recipiente); depois o pedaço de madeira e, próximo, a pedra.
A coisa funciona assim: a formiga vê o sal, pensa que é açúcar e come. Ficará com uma puta sede, com certeza, e correrá para a pinga, pensando que é água. Depois de encher a cara, já grogue, tropeçará no pauzinho. Bêbada, perderá o equilíbrio, cairá e baterá a cabeça na pedra. O acidente provocará traumatismo craniano e levará a formiga a estado de óbito. É infalível.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
O sumiço de Deus
Dois irmãos viviam a fazer travessuras. Uma mais cabeluda que a outra. Toda vez que ouviam falar sobre qualquer diabrura que moleques aprontaram no bairro, os pais, calejados, sabiam: Era batata! Os dois capetinhas estavam envolvidos.
Um dia a mãe dos capetinhas soube que o novo padre da cidade era um “disciplinador”. Sua fama, diziam, atravessava fronteiras. À noite conversou com o marido e propôs levar a dupla para conversar com o padre. O marido concordou.
O padre foi procurado e aceitou conversar com os garotos. Só fez uma exigência. Receber um menino de cada vez.
A mãe levou o mais novo para a palestra na casa paroquial. O padre, um homem alto, com uma voz de trovão, sentou o garoto e perguntou-lhe austeramente:
- Onde está Deus?
O garoto abriu a boca, mas não conseguiu emitir nenhum som. Ficou sentado, com a boca aberta e os olhos arregalados.
O padre repetiu a pergunta, em tom mais ameaçador:
- Onnndeee está Deus?
O garoto ficou pálido, engoliu seco e nem murmurar conseguiu.
O padre levantou ainda mais a voz, e com o dedo no rosto do garoto berrou:
- ONDE ESTÁ DEUS?
Na primeira oportunidade, o garoto saiu da casa paroquial em desembestada correria. Entrou em sua casa e foi direto ao seu quarto, onde se trancou. Preocupado, o irmão mais velho bateu à porta, perguntando o que acontecera.
- Cara, desta vez nos ferramos. DEUS sumiu e acham que foi a gente!
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
E o urubu voou mais alto
Uma campanha perfeita no segundo turno garantiu o título do Campeonato Brasileiro ao Flamengo, depois de dezessete anos. Um título merecido, que a imensa torcida rubro-negra deve, especialmente, ao sérvio Petkovic, que teve um papel mais importante que o goleador Adriano. Petkovic foi o maestro do Mengão.
O sérvio só jogou pelo Flamengo para cobrar uma dívida trabalhista. Na época em que voltou, torcida, dirigentes e comissão técnica desconfiaram. Afinal, o jogador está com 37 anos. Que nada, o homem joga – e sempre jogou – um bolão!
Socialismo verde
Ah, meu Palestra. Que decepção. A culpa pela campanha do time nesta reta final do Brasileirão cabe aos conselheiros do clube, que elegeram um socialista para a presidência, o senhor Luiz Gonzaga Belluzo. Assim o Palmeiras começou a distribuir pontos para todo mundo. Na última partida, resolveu ajudar o Botafogo a escapar da segundona. Afinal, o Bota foi nosso companheiro de série B. Se o Coringão pode ajudar o Fla, porque não o Palestra o time da estrela solitária.
Agora falando sério. Pelo futebolzinho que o Palmeiras mostrou nos últimos dez jogos, o quinto lugar ficou de bom tamanho.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Que moleza!
Encerrou-se há pouco o sorteio dos grupos para a Copa do Mundo da África do Sul. O Brasil, cabeça de chave do Grupo G, enfrentará a Coréia do Norte (jogo da estréia em 15 de junho), Costa do Marfim e Portugal. Uma moleza. Se a zebra não cruzar o caminho dos países lusófonos, Brasil e Portugal classificam-se para a segunda fase.
Azar mesmo teve a África do Sul. Cabeça de chave do Grupo A, a África encara México, Uruguai e Franca. O Grupo B será formado por Argentina, Coréia, Nigéria e Grécia – o time do comandante Maradona não terá muito refresco. O Grupo C terá Inglaterra, Estados Unidos, Argélia e Eslovênia; o D, Alemanha, Austrália, Gana e Sérvia; o E, Holanda, Japão, Camarões e Dinamarca; o F, Itália, Nova Zelândia, Paraguai e Eslováquia; o 8, Espanha, Honduras, Chile e Suíça.
Azar mesmo teve a África do Sul. Cabeça de chave do Grupo A, a África encara México, Uruguai e Franca. O Grupo B será formado por Argentina, Coréia, Nigéria e Grécia – o time do comandante Maradona não terá muito refresco. O Grupo C terá Inglaterra, Estados Unidos, Argélia e Eslovênia; o D, Alemanha, Austrália, Gana e Sérvia; o E, Holanda, Japão, Camarões e Dinamarca; o F, Itália, Nova Zelândia, Paraguai e Eslováquia; o 8, Espanha, Honduras, Chile e Suíça.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Brasil: cabeça de chave
Na próxima sexta-feira, 4, a Fifa e o Comitê Organizador sorteiam os grupos da Copa do Mundo da África do Sul 2010. Hoje, foram definidos os cabeças de chave dos oito grupos da primeira fase da Copa: Brasil, Argentina, Espanha, Itália, Alemanha, Inglaterra, Holanda e África do Sul – esta última por ser sede do Mundial.
De acordo com analistas, se o Brasil tiver sorte, pode pegar Gana, Coréia do Norte e Eslováquia. No pior cenário, o país encararia na primeira fase França, Camarões e México. Há chances ainda de o Brasil pegar Portugal e Estados Unidos.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Flaco ou Cofla?
Você deve estar se perguntando: O que é isso, Flaco ou Cofla? Explico. O título deste post deveria ser: “O dia em que o Corinthians foi Flamengo”. Mas achei muito óbvio, daí resolvi criar o neologismo que a torcida do Flamengo e do Corinthians poderiam usar para incentivar os times em campo. Sim, é isso mesmo que estou propondo, a junção das duas maiores torcidas do Brasil. Não dos times, que fique claro. Funcionaria assim: quando o Corinthians estiver em situação difícil no campeonato, ou ao contrário, precisando de um resultado positivo, o Flamengo ajuda; a recíproca é verdadeira. As duas torcidas, então, entoariam: Flacooo – ou Coflaaa. É óbvio que esta fórmula não valeria para o Campeonato Paulista e nem para o Carioca. Nos regionais, os times que se virem ou encontrem novos parceiros.
Com sinceridade, o Brasileirão está uma delícia na reta final. A cada final de semana cai um favoritíssimo ao título. No final de semana que passou foi o São Paulo, do arrogante Rogério Seni. No domingo, os cadernos de Esportes dos jornais paulistas apontavam: “O São Paulo pode ser campeão hoje”. Mas o brioso Goiás – que tem jogadores que honram as calças que vestem – tirou o pirulito da turma do Morumbi. O caneco sobrou para o Flamengo, que, aliás, contou com a ajuda de todos os santos do futebol, da arbitragem e do time adversário para faturar 3 pontinhos e ficar com um ponto a mais que Palmeiras, Internacional e São Paulo. Será que domingo cai mais um campeão certo e o título ficará com um azarão (claro que quero que o título vá para o Parque Antártica, mas não me entresteceria nenhum pouco se o Inter faturasse)?
Está tudo de cabeça para baixo, como dizia minha avó. É claro que ela não se referia ao futebol quando dizia isto, mas às moças que vestiam minissaias cada vez mais curtas. Para ela, católica até debaixo d'água, as mulheres que mostravam as pernas andavam ao lado do DEMO – não, não é o partido da Arena disfarçado de democratas e nem as moças andavam com José Roberto Arruda lá no Distrito Federal!
Foi muito estranho no domingo ver corintianos torcerem contra seu time amado, enquanto palmeirenses e são-paulinos rezavam para que o Timão batesse no Flamengo.
Coisa semelhante acontecerá com as duas maiores torcidas do Rio Grande do Sul no próximo domingo. Quem viver, verá!
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Coisas da política
Quem mora em Osasco deve pelo menos ter ouvido falar na Vila Piauí, bairro localizado na Zona Norte da cidade, na divisa com São Paulo (região de Pirituba). O nome do bairro não é à toa. Lá vive gente que veio de Picos, Teresina, Caraúbas, Currais, Gilbués, Bocaina, Santo Antonio de Lisboa.
Na época vereador em Osasco pelo PT e em campanha para a reeleição, meu amigo Guima aceitou o convite de um cabo eleitoral da região para um churrasco com os piauienses – devidamente pago pelo parlamentar, é claro. Guima chegou ao local e entusiasmou-se. O Piauí inteiro estava lá. Conversa vai, conversa vem, Guima resolveu perguntar a um deles em qual colégio iria votar. A resposta: “Lá em Gilbués, mesmo, vereador. Aliás, ninguém aqui transferiu o título de eleitor, não”.
Sim ou não, eis a questão
Fenelón Guedes era um daqueles nordestinos arretados. Migrou para o sul maravilha com uma mão atrás e outra na frente. Fez a vida em São Paulo. Em meados dos anos 1980 elegeu-se vereador em Osasco pelo PMDB. Na época, o prefeito era Humberto Parro, do mesmo partido. Parro tinha maioria na Câmara e, portanto, folga na votação dos projetos. A oposição basicamente resumia-se aos dois vereadores do PT, João Paulo Cunha e Rosa Lopes Martins.
O voto em projetos importantes geralmente era nominal. Era normal, portanto, um vereador da situação votar “sim”. Numa sessão, Fenelón cochilava em sua cadeira. O presidente da Casa, Tonca Falsetti (PMDB), colocou em votação um projeto de autoria de João Paulo Cunha. Ao ouvir seu nome anunciado, não teve dúvidas: “Voto sim, seu presidente”. O líder do governo, Zé David, enquadrou o colega de bancada. Ao final da votação, Fenelón resolveu justificar seu voto: “Sr. presidente, votei 'sim' porque nesta casa nós sempre votamos 'sim' aos projetos. Como estava distraído, não sabia que votava num projeto do nobre colega João Paulo”. A gargalhada foi geral. Típico do caso em que o silêncio às vezes é precioso.
O cavalo que atravanca
Outra do Fenelón Guedes. Ao reclamar de um problema que a Prefeitura vinha “empurrando um problema com a barriga”, o nobre vereador resolveu inovar na explicação. Recorreu a uma imagem, digamos, “literária”. “A Prefeitura, senhor presidente, está agindo assim, como aquele povo que mora na rua de cima. Um cavalo morreu. A Prefeitura não foi tirar o cavalo do local. O bicho começou a feder. Então o pessoal se reuniu e resolveu transferir o cavalo em putrefação para a rua de baixo. Problema resolvido? Não, né? O pessoal da rua de baixo fez a mesma coisa. Levou o cavalo de volta para a rua de cima. Aí o pessoal da rua de cima faz o mesmo. Leva o dito pra rua de baixo. E o fedor aumentando, aumentando. Bem, era isso sr. Presidente”.
Sem entender nada, Tonca arguiu: “O problema do bairro é um cavalo morto, vereador?” De pronto Fenelón respondeu: “Claro que não! É um problema de tapa-buraco. A Prefeitura diz que foi a Telesp (aos mais novos, a atual Telefônica); a Telesp, que foi a Prefeitura. Não ficou claro?”
Na época vereador em Osasco pelo PT e em campanha para a reeleição, meu amigo Guima aceitou o convite de um cabo eleitoral da região para um churrasco com os piauienses – devidamente pago pelo parlamentar, é claro. Guima chegou ao local e entusiasmou-se. O Piauí inteiro estava lá. Conversa vai, conversa vem, Guima resolveu perguntar a um deles em qual colégio iria votar. A resposta: “Lá em Gilbués, mesmo, vereador. Aliás, ninguém aqui transferiu o título de eleitor, não”.
Sim ou não, eis a questão
Fenelón Guedes era um daqueles nordestinos arretados. Migrou para o sul maravilha com uma mão atrás e outra na frente. Fez a vida em São Paulo. Em meados dos anos 1980 elegeu-se vereador em Osasco pelo PMDB. Na época, o prefeito era Humberto Parro, do mesmo partido. Parro tinha maioria na Câmara e, portanto, folga na votação dos projetos. A oposição basicamente resumia-se aos dois vereadores do PT, João Paulo Cunha e Rosa Lopes Martins.
O voto em projetos importantes geralmente era nominal. Era normal, portanto, um vereador da situação votar “sim”. Numa sessão, Fenelón cochilava em sua cadeira. O presidente da Casa, Tonca Falsetti (PMDB), colocou em votação um projeto de autoria de João Paulo Cunha. Ao ouvir seu nome anunciado, não teve dúvidas: “Voto sim, seu presidente”. O líder do governo, Zé David, enquadrou o colega de bancada. Ao final da votação, Fenelón resolveu justificar seu voto: “Sr. presidente, votei 'sim' porque nesta casa nós sempre votamos 'sim' aos projetos. Como estava distraído, não sabia que votava num projeto do nobre colega João Paulo”. A gargalhada foi geral. Típico do caso em que o silêncio às vezes é precioso.
O cavalo que atravanca
Outra do Fenelón Guedes. Ao reclamar de um problema que a Prefeitura vinha “empurrando um problema com a barriga”, o nobre vereador resolveu inovar na explicação. Recorreu a uma imagem, digamos, “literária”. “A Prefeitura, senhor presidente, está agindo assim, como aquele povo que mora na rua de cima. Um cavalo morreu. A Prefeitura não foi tirar o cavalo do local. O bicho começou a feder. Então o pessoal se reuniu e resolveu transferir o cavalo em putrefação para a rua de baixo. Problema resolvido? Não, né? O pessoal da rua de baixo fez a mesma coisa. Levou o cavalo de volta para a rua de cima. Aí o pessoal da rua de cima faz o mesmo. Leva o dito pra rua de baixo. E o fedor aumentando, aumentando. Bem, era isso sr. Presidente”.
Sem entender nada, Tonca arguiu: “O problema do bairro é um cavalo morto, vereador?” De pronto Fenelón respondeu: “Claro que não! É um problema de tapa-buraco. A Prefeitura diz que foi a Telesp (aos mais novos, a atual Telefônica); a Telesp, que foi a Prefeitura. Não ficou claro?”
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Com preguiça na sexta
Como todos sabem, semana passada estive em Serra Negra, região conhecida por Circuito das Águas. Não sei se foi a água ou a tal “Bico Doce” que saboreei por aquelas bandas, mas entrei em curto-circuito. Preciso recarregar as baterias. Como estou com imensa preguiça de pensar, reproduzo um texto pra lá de saboroso de Luiz Antônio Simas, um professor de História carioca dono do blog “Histórias Brasileiras"
Fala a verdade, tô parecendo aqueles alunos “espertoooos” que fazem trabalho escolar usando o Ctrl C, Ctrl V.
SEMANA DE PROVA
Estamos, eu e meus alunos, em semana de prova. Nesse exato momento tenho ao meu lado quatro simpáticos pacotes para corrigir. É divertido e trabalhoso.
Ao longo desses anos, li coisas monumentais, de que até Deus duvida e o capeta desconfia. Algumas, pela originalidade, mereciam ganhar o ponto. Exemplos que me ocorrem:
Cite dois acordos presentes no Tratado de Petrópolis de 1903.
R: O Brasil compra o Acre da Bolívia e vai construir a ferrovia Montanha-Maomé [esclareço para os menos versados no babado: A ferrovia é a Madeira-Mamoré].
Caracterize a Era Mauá.
R: Sim, era Mauá.
Cite dois grupos presentes na formação do Quilombo dos Palmares.
R: Judeus e bons samaritanos.
Caracterize os povos indígenas da América pré-colombiana.R: Os incas, mouros e histéricos viviam na América desde o início do planeta e bem antes de Colombo.
Apresente duas razões para a crise que levou ao suicídio de Getúlio Vargas.
R: Nenhuma, já que ele não se matou. Foi assassinado enquanto dormia.
Cite duas medidas joaninas que tenham transformado a estrutura urbana da cidade do Rio de Janeiro.
R: D. João criou várias coisas. O jardim zoológico e a Ponte Rio-Niterói, por exemplo.
Aponte uma medida do governo Ernesto Geisel para o setor de energia, no contexto da primeira crise do petróleo.
R: A criação do Rio São Francisco.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Retorno
De volta a Sampa depois de uma semana desgastante em Serra Negra, onde trabalhei na 4ª Conferência de Educação da APEOESP. A cidade é agradável, mas pouco tempo livre tivemos. Só numa das noites nos demos o direito de uma cerveja gelada entre amigos na praça principal da cidade - também um dos pontos noturnos de diversão.
Toda vez que vou a Serra Negra não deixo de tomar uma deliciosa cachaça da região, a "Bico Doce".
Voltei não voltando, não sei se vocês me entendem. Estou sem idéias e pique para retomar com toda força o meu blog. Escrevo esta nota para dar satisfação aos meus três ou quatro leitores.
Tenho dito!
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Meus sais
Na quinta-feira meu filho estava “navegando” pela TV buscando o que ver. Estacionou por alguns minutos no SBT, num programa chamado “BO”- uma clara referência a boletim de ocorrência. No momento estava no ar uma matéria sobre as chuvas que castigaram a Baixada Fluminense. O repórter, vestido com uma bota até os joelhos, comentou que a água era “poluída”. Depois, fez uma senhora, sem qualquer proteção e aparentemente descalça, passear pela enchente, nas mesmas águas “poluídas”, pode?
O pior veio em seguida. A matéria era sobre um assalto. A narrativa da repórter: “depois CHEGOU mais dois ladrões”. Ai meus sais!
Em tempo: Em função de um trabalho fora de São Paulo entrarei em recesso neste espaço por alguns dias.
O pior veio em seguida. A matéria era sobre um assalto. A narrativa da repórter: “depois CHEGOU mais dois ladrões”. Ai meus sais!
Em tempo: Em função de um trabalho fora de São Paulo entrarei em recesso neste espaço por alguns dias.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Zé Celso: Lula é antropófago
As declarações de Caetano Veloso à jornalista Sonia Racy, do Estadão (o porta-voz dos tucanos), publicadas na semana passada, deram o que falar (leiam nota abaixo). No “Caderno 2”, do mesmo Estadão, de terça, o ator, diretor e dramaturgo Zé Celso Martinez Corrêa, publicou um delicioso artigo, intitulado “Tropicália, sob o signo de escorpião”. O catatau de Zé Celso tem mais de meia página. Merece ser lido na íntegra, mas como o espaço é exiguo e como também não quero tirar a paciência de meus dois ou três leitores, reproduzo alguns trechos:
“Acho, diferentemente de Caetano, que temos em Lula o primeiro presidente antropófago brazyleiro, aliás, Lula é nascido em Caetés, nas regiões onde foi devorado por índios analfabetos o Bispo Sardinha que, segundo o poeta maior da Tropicália, Oswald de Andrade, é a gênese da história do Brazil. Não é o quadro de Pedro Américo com a 1ª Missa como a imagem fundadora de nossa nação, mas a da devoração que ninguém ainda conseguiu pintar. (…)
“Lula tem phala e sabedoria carnavalesca nas artérias, tem dado entrevistas maravilhosas, onde inverte, carnavaliza totalmente o sendo comum do rebanho. Por exemplo, quando convoca os jornalistas da Folha de S. Paulo a desobedecer seus editores e ouvir, transmitindo ao vivo a phala do povo. A interpretação da editoria é a do jornal e não a da liberdade do jornalista. Aí, quando liberta o jornalista da submissão ao dono do jornal, é acusado de ser contra a liberdade de expressão. (…)
“Essa sabedoria filosófica reflete-se na revolução cultural internacional que Lula criou com Celso Amorim [Ministro das Relações Exteriores] e Gil [Gilberto Gil, ex-ministro da Cultura] para a política internacional. O Brasil inaugurou uma política de solidariedade internacional. Não aceita a lógica da vendetta, da ameaça, da retaliação. Porpõe o diálogo com todos os diabos, santos, mortais, tendo certa ojeriza pelos filisteus como ele mesmo diz. Adoro ouvir Lula falar, principalmente em direto com o público, como num teatro grego. Mais que alfabetizado na batucada da vida, Lula é um interprete dela: a vida, o que é muito mais importante que o letrismo. Quantos eruditos analfabetos não sabem ler os fenômenos da escrita viva do mundo diante de seus olhos? (…)
“A própria pessoa de Lula é culta, apesar de não gostar, ainda, de ler. Acho que quando tirar férias da Presidência vai dedicar-se a estudar e aprender mais do que já sabe em muitas línguas. (…) Lula é um escândalo permanente para a mente moralista do rebanho. (…) Lula faz política culta e com arte. Sabe que a cultura de sobrevivência do povo brasileiro não é super, é infra estrutura.”
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Lula, os argentinos e Caetano
Na quinta-feira, 5, recebemos no sindicato em que trabalho a visita de duas professoras argentinas, representantes do Sindicato Unificado de Trabajadores de la Educación de la Provincia de Buenos Aires. Em conversa informal, Esther Gomes Bermejo perguntou-nos sobre o governo Lula. Disse-nos que ele é muito admirado na Argentina. “Creio que é admirado em toda a América Latina”, arriscou.
Bermejo contou-nos ter estranhado a reação de algumas pessoas no Brasil em relação ao nosso presidente. “Contudo, compreendo. Na Argentina, o mesmo acontece em relação aos Kirchener, a elite não gosta deles (referindo-se ao casal, o ex-presidente e sua esposa, Cristina, que ocupa o comando da Casa Rosada)”. De acordo com a professora, a imprensa argentina posiciona-se claramente contra o governo. “Não é só contra a presidente da Argentina, não, demonizam o Chavez, o Evo Morales.” Não é muito diferente do que acontece no Brasil
O “Estadão”trouxe hoje, 6, a matéria “Sindicato pró-Kirchner sitia 'Clarín' e 'La Nación'”, dois jornais conservadores e de grande circulação. Aos fatos: o Sindicato dos Caminhoneiros realizou bloqueio para impedir a saída de caminhões que fazem entrega dos jornais, pois as empresas não cumpriram acordo de incluir os funcionários que trabalham com a distribuição de jornais e revistas ao sindicato dos caminhoneiros. A interpretação do jornalão: censura. Isto porque o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros, Pablo Moyano, é filho de Hugo Moyano, secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores, que seria ligada ao governo. Ou seja, uma ação sindical – concorde-se com ela ou não – não pode ser traduzida como tentativa de censura aos jornais.
Grosseria
Gosto muito de Caetano Veloso como compositor. Marcou toda uma geração com suas belas canções. Mas quando posa de intelectual... Lembro-me que na década de 1980 travou polêmica com o jornalista Paulo Francis – então correspondente da “Folha” e da Globo em Nova York. Ninguém aguentava mais ler Caetano e Francis trocando farpas pelas páginas do jornal paulista. Em entrevista a Sônia Racy, do Estadão, na quinta, Caetano desancou Lula para dizer que vota na ex-ministra Mariana Silva: “Marina é Lula e é Obama ao mesmo tempo. Ela é meio preta, é uma cabocla. É inteligente como o Obama, não é analfabeta como o Lula, que não sabe falar, é cafona falando, é grosseiro”.
Como defendo as liberdades em geral, creio que todo mundo tem de ter suas preferências – sejam elas quais forem – e de defendê-las. Mas entendo que Caetano foi preconceituoso, grosseiro e muito infeliz em suas declarações. Escolheu mal as palavras. Suas declarações foram cafonas e grosseiras.
Caetano já criticou abertamente Chico Buarque por este apoiar o governo Lula. Pelo jeito, Caetano não defende as liberdades... Creio que tem uma raiva imensa do Lula porque o presidente convidou Gilberto Gil para assumir o Ministério da Cultura, não ele.
Sobre FHC
As declarações de Caetano Veloso provocaram orgasmos em parlamentares do DEMO e do PSDB. Lobos em pele de cordeiro que se colocam como bastiões da ética. Conhecemos a história de muitos deles. Aliás, a tucanada e os “demos” têm se mostrado de uma incompetência na oposição – ou seria inapetência para com o papel, afinal esta estirpe esteve no poder 500 anos no Brasil.
O ex-presidente Fernando Henrique, o verdadeiro pai do “mensalão”, de vez em quando dá umas gritas, tentando ensinar-nos sobre como ser um estadista – coisa que nunca foi. Sobre a postura de FHC, a melhor análise quem fez foi o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo: “O risco que ele corre é ficar parecendo o Salieri, que ficava criticando o talento de Mozart porque ele não conseguia ter o mesmo talento, não conseguir ter o mesmo reconhecimento”.
Em tempo: o italiano Antônio Salieri foi compositor oficial da corte de José II, Arquiduque da Áustria. Conta a lenda (nada é provado) que teria uma grande inveja de Wolfgang Amadeus Mozart. Esta versão foi criada pelo dramaturgo Peter Shaffer, depois adaptada para o cinema por Milos Formam, com o título Amadeus. Aliás, um belíssimo filme.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Marighella
Passava um pouco das 20 horas daquela terça-feira, 4 de novembro de 1969. Como em outras vezes, o líder da ALN (Ação Libertadora Nacional), Carlos Marighella, marcara um “ponto” com os freis dominicanos Ivo e Fernando na altura do número 806 da Alameda Casa Branca. O que Mariguella não sabia era que os dominicanos tinham sido presos e torturados e nem supunha que cairia numa emboscada. Sob o comando do temido delegado Sérgio Fleury, 29 agentes fortemente armados haviam cercado o local e aguardavam sua chegada. Marighella foi fuzilado.
Figura política que se tornou conhecida como militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), foi deputado no Congresso que elaborou a Constituição de 1946.
Para marcar os 40 anos de sua morte, às 11 horas de hoje, 4, houve um ato na Alameda Casa Branca, onde foi erguido um memorial no exato local onde ele foi morto. Uma sessão solene na Câmara Municipal de São Paulo, às 19 horas, marcou a concessão do título de Cidadão Paulistano, in memorian.
Há dez anos o intelectual Antônio Cândido escreveu uma texto em homenagem ao guerrilheiro morto:
“Naquele momento elas não mataram apenas o militante intimerato de uma organização de luta, mas um líder que encarnava as aspirações de liberdade e justiça do povo brasileiro. Os que assumem a grave responsabilidade de combater pelo interesse de todos tornam-se símbolos e constituem patrimônio coletivo. Carlos Marighella deu a vida pelos oprimidos, os excluídos, os sedentos de justiça. Ao fazê-lo, transcendeu a sua própria opção partidária e se projetou na posteridade como voz dos que não se conformam com a iniqüidade social.”
Ontem, 3, durante um Congresso em Olinda-PE, o presidente Lula fez-lhe uma homenagem. Chamou-o de "herói" para arrepio dos Bolsonaros da vida...
No quarto da Estelinha
Neste sábado, 7, às 17 horas, acontece o lançamento do livro No quarto da Estelinha, do meu amigo Paulo Netho – com ilustrações de Suppa. O evento será na Livraria Panapaná, na rua Leandro Dupré, 396, Vila Clementino. Em tempo: haverá participação especial do Chico dos Bonecos. Um programa imperdível para a garotada!
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Fim do livro?
Há tempos venho lendo sobre o surgimento de um aparelho chamado e-books – como o Kindle, da Amazon, que chega ao País por módicos R$ 900,00 – , o leitor eletrônico de livros digitais. Fiquei pensando com meus botões (aliás, meus botões já estão cansados de pensar): será o fim do livro? Adoro livros. Adoro os cheiros de livro, do papel, da tinta de impressão. Será que os e-books terão cheiro? Já tentei ler livros em formato PDF. Não consegui.
Neste diálogo surdo com meus botões, um deles me alertou: que tempos vivemos estes da chamada pós-modernidade, em que a tecnologia convive com o arcaico. Quantos brasileirinhos nunca tiveram contato com um livro, o folearam, o cheiraram?
Na sexta-feira o escritor Milton Hatoum (um dos melhores escribas da atualidade, autor de Dois Irmãos, Cinzas do Norte, entre outros) tratou do assunto em sua crônica quinzenal no “O Estado de São Paulo”. Um primor de texto. A certa altura se questiona: “É como se da noite para o dia milhares de plaquetas eletrônicas fosse aterrissar nos povoados, cidades e aldeias pobres e miseráveis deste planeta. A tecnologia antes da caligrafia, antes mesmo do desenho, dos rabiscos, dos jogos infantis.”
A segunda parte do seu texto, intitulado Notícias sobre o fim do livro, é tocante. Por isso a reproduzo abaixo:
“(…) Sobre o fim do livro, tenho duas breves histórias para contar. A primeira é um sonho, ou um pesadelo mais radical e futurista que a plaqueta eletrônica: um chip que armazenasse a biblioteca do universo, uma biblioteca cujo acervo seria renovado por um único comando externo. O chip seria implantado no ombro, na perna ou numa artéria do coração do leitor. Um chip com bilhões de palavras no coração. Há algo mais poético? Mais sublime?
Um chip implantado no cérebro seria robótico demais, além de ser uma cena comum de ficção científica, albo bem menos estranho do que uma serpente de fogo numa montanha de gelo. Com esse chip cravado no corpo, o leitor não teria necessidades de olhar para uma tela: a página escrita apareceria no ar, como se fosse uma holografia. Textos soltos no espaço, sem qualquer suporte. A mais fina e diminuta tele será anacrônica.
A outra história é coisa do passado.
Ao amanhecer de um dia de 1979, conheci um piauiense que migrara para São Paulo na década de 1960. Ele era dono de uma pequena pastelaria na antiga rodoviária, onde eu comia pastel às cinco da manhã, antes de pegar o ônibus para Taubaté.
Donato me contou passagens de sua vida em um povoado miserável, próximo a Santo Antônio dos Milagres. Aprendeu a ler com uma velha, que era uma vizinha de tapera onde ele morava. Lia bula de medicamentos, lia jornais velhíssimos que embrulhavam latas de leite enviadas pelo governo, lia as palavras impressas nessas latas.
Em um dia eu li um livro, disse Donato, emocionado. Um livro que um vendedor de bugigangas deixou para mim. Lia devagar, duas, três vezes cada frase, cada parágrafo. De vem em quando, parava de ler para pensar. Li tantas vezes meu único livro que decorei trechos mais bonitos. Minha vida não valia nada, nem uma casca de cebola. Eu era um jovem que não tinha onde cair morto, como se diz. Aí consegui um emprego em Santo Antônio. Trabalhei quatro anos no balcão de uma mercearia, economizei uns tostões e vim para São Paulo. Quando ganhei um dinheirinho, abri essa pastelaria. E um dia viajei para o Rio. Queria conhecer quem tinha publicado aquele livro, queria ver o edifício da editora, as pessoas que trabalhavam com livros. Não tive coragem de entrar, fiquei espiando na calçada, olhando a placa com o nome da editora. Aí me deu vontade de fazer uma coisa, e fiz mesmo. Abracei as paredes, beijei as paredes da editora e beijei o livro que mudou a minha vida.”
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
De minissaia e mala branca
Uma estudante vestindo minissaia causou o maior furdúncio numa faculdade de Turismo da Uniban de São Bernardo. O caso veio à tona hoje, mas aconteceu dia 22. A repercussão do vídeo veiculado no Youtube chamou a atenção da imprensa. Uma turba ensandecida a perseguiu. Os outros estudantes a xingavam de “puta” e outros que tais de baixo calão. A moça acabou sendo acuada dentro da própria sala e chamou a polícia.
Até agora confesso que não entendi a atitude dos alunos da tal faculdade. Que bobagem. Na minha época, nós gostávamos que as meninas vestissem minissaia. Será que os homens mudaram? Que tempos são estes?
Mala branca
Bastou o Flamengo ganhar alguns jogos para a imprensa – inclusive a paulista – eleger um novo campeão Brasileiro de 2009 (mesmo quando o Palmeiras liderava com folga, sempre surgiam candidatos à vaga). Na atual rodada, o Fla tropeçou em Barueri. Perdeu para o Grêmio por 2 a 0. Depois do jogo, Val Baiano e o goleiro Renê declararam que o Cruzeiro teria prometido um incentivo financeiro aos jogadores do Grêmio pela vitória contra o Fla. Certamente isto não influenciou em nada no resultado do jogo.
Agora até o Superior Tribunal de Justiça Desportiva disse que julgará o caso. (Sei não, isso me cheira armação para favorecer o rubro-negro carioca.)
Mala preta não é novidade no futebol. É uma expressão brasileira que significa o oferecimento de um incentivo em dinheiro para uma equipe que disputa outro jogo de seu interesse. Geralmente era para a equipe perder. No caso do Grêmio – se é que a tal mala existe mesmo – era para que ganhasse o jogo.
A cor da mala tem muito a ver a um modelo conhecido como “007”, ou pasta de executivo. Não dá para entender o porquê a imprensa está chamando o caso Grêmio Barueri-Flamengo-Cruzeiro de “mala branca”. A prática é moralmente condenável, seja aceitar dinheiro para perder ou para ganhar o jogo. O uso pela imprensa do termo mala branca – e isso não é exagero de minha parte – tem no fundo uma conotação preconceituosa; se é para o “mal” (perder para lucrar), a mala é “preta”; se é para o “bem” (ganhar para lucrar) a mala é 'branca”.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Vecchio amici
“Velhos amigos/ quando se encontram/ trocam notícias/ e recordações./ Bebem cerveja/ no bar de costume/ e cantam em voz rouca/ antigas canções”. Vez em quando caço um dos LPs (aos mais jovens informo: os “bolachões”, os discos de vinil) de minha modesta coleção para matar saudades. Ou melhor, provocar saudades. Outro dia peguei o primeiro LP do cantor e violeiro Almir Sater. Bastou rodar na agulha Velhos amigos (Paulo Simões) para que sentisse um grande aperto no coração.
Estou ficando mole. No fundo, sei que não é isto. Apenas senti grande saudades de alguns amigos que, pelas circunstâncias da vida, perderam-se do convívio mais íntimo. Amigo é como uma planta, temos que regá-la sempre para que não morra. Confesso que sou um jardineiro infiel.
Há mais de seis meses tento entregar um livro a um dos meus melhores amigos. Não consigo. A rotina nos massacra nesta cidade de doidivanas. Ai pensei: será que não é desculpa?
Peguei o regador e comecei a trabalhar. Um camarada que não vejo há uns oito ou nove anos consegui localizá-lo nesta semana, graças à Internet. Luizão – ou como é conhecido por seus clientes estrangeiros, o Big Lou – é uma grande figura. Estudamos juntos no ensino médio. Ele fazia Turismo, eu Redator Auxiliar na Fundação Bradesco. Éramos como unha e carne. Vivíamos no Aeroclube de Sorocaba, na casa de seus pais, em Iperó, ou viajando por outras plagas. Ele sempre amou viajar. Conhece mais de quarenta países. Nos falamos por telefone, com a promessa de nos reunirmos com outros camaras para molhar a palavra. Tenho ainda muito o que regar por aí, mas fiquei feliz com este pequeno reencontro.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Inaugurando a propaganda
Em véspera de ano eleitoral vale-tudo. Até anunciar uma obra que só estará pronta daqui a dois, três anos. Dias destes escrevi que o governo de José Serra é platônico: o mundo perfeito do governador acontece na televisão, nas propagandas. Mas agora o governo está indo longe demais. Você já viu uma propaganda do “Expansão SP”?
Estava no metrô, outro dia, e deparei-me com um cartaz com o seguinte texto:
Quem diria: Santo Amaro
vai ficar mais perto do Centro
Hoje, para ir de Santo Amaro até o Centro, você gasta no mínimo 1 hora. Com o Expansão São Paulo, você vai gastar apenas 35 minutos.
Até aí, nada de anormal. O problema é que havia um asterisco (aquele sinalzinho que indica sempre um porém, geralmente colocado no final do texto, em corpo bem pequeno para ninguém enxergar). Pois é, o tal texto informa que as obras devem ficar prontas a partir de 2014.
Quem diria: teremos de esperar quatro anos – pois é, praticamente mais um mandato de governador – para chegar do Centro a Santo Amaro, ou vice-versa, em 35 minutos. Puta eficiência de propaganda, sô!
Estava no metrô, outro dia, e deparei-me com um cartaz com o seguinte texto:
Quem diria: Santo Amaro
vai ficar mais perto do Centro
Hoje, para ir de Santo Amaro até o Centro, você gasta no mínimo 1 hora. Com o Expansão São Paulo, você vai gastar apenas 35 minutos.
Até aí, nada de anormal. O problema é que havia um asterisco (aquele sinalzinho que indica sempre um porém, geralmente colocado no final do texto, em corpo bem pequeno para ninguém enxergar). Pois é, o tal texto informa que as obras devem ficar prontas a partir de 2014.
Quem diria: teremos de esperar quatro anos – pois é, praticamente mais um mandato de governador – para chegar do Centro a Santo Amaro, ou vice-versa, em 35 minutos. Puta eficiência de propaganda, sô!
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Button, agora dono da F1
Todo campeão, dizem, carrega uma dose de sorte. Em Interlagos, no domingo, o inglês Jenson Button contou com doses duplas. Ao chegar em quinto lugar no GP do Brasil – depois de ter largado em 14º, o inglês da Brawn GP conquistou o primeiro título mundial da carreira, aos 29 anos de idade.
Na corrida vencida pelo australiano Webber, Button contou com a sorte para ganhar posições graças a alguns acidentes e com competência para fazer ultrapassagens e cumprir a tática de corrida que lhe deram o quinto lugar. Contou ainda com alguns problemas no carro de seu companheiro de equipe, Rubens Barrichello, que não passou do oitavo posto, e Vettel, que ficou em quarto. Rubinho e Vetel mantinham remotas chances de tirar o pirulito do inglês. Não conseguiram.
Rubinho, outro vencedor
No início do ano, Rubinho não sabia se disputaria a F1 deste ano, pois estava sem equipe – assim como Button. Ambos assinaram com a Brawn GP. Agora o brasileiro brigará com Vettel pelo vice-campeonato no Grande Prêmio dos Emirados Árabes. Vettel soma 74 pontos, contra 72 de Rubinho. Pelo menos para os dois, o próximo GP terá sabor especial. Quiça possamos, nós brasileiros, comemorar também!
Que coisa, Palestra!
A oito rodadas da final do Campeonato Brasileiro, o Palmeiras vem acumulando um tropeço atrás do outro. Nas últimas três rodadas conquistou apenas um dos nove pontos disputados. A sorte é que os adversários diretos na disputa do caneco também têm acumulado infortúnios. Ontem perdeu para o Flamengo por 2 a 0, dois gols do Petkovic – o primeiro deles um golaço; o segundo, fruto de lambança da defesa. Para piorar, Vágner Love chutou nas nuvens uma cobrança de pênalti (dizem que o cavalo de São Jorge se assustou). Não vi a partida, mas pelo que li nos jornais, o Palmeiras jogou muito mal. Contudo manteve a liderança e só depende dele para conquistar o hexacampeonato brasileiro (ah, o título da série B também é Brasileiro, ou não!)
O Flamengo está entre as equipes com melhor desempenho no segundo turno. Subiu sete posições em dez jogos. Campanha inversa a do Avaí, que iniciou o segundo turno em quarto lugar, e caiu para o 10º posto, mesmo com a vitória sobre o Goiás, por 2 a 1, no sábado. Goiás, aliás, que chegou a vice-líder, mas com o acúmulo de tropeços agora está na 6ª posição na tabela.
No sábado, o Atlético Mineiro beliscou três pontos no Morumbi e assumiu a vice-liderança, com 50 pontos (quatro a menos que o Palmeiras). Bateu o São Paulo por 1 a 0, com tento anotado por Diego Tardelli. O Corinthians encarou o Sport, em Recife, e tomou 2 a 0, gols marcados por dois de seus ex-jogadores (o boliviano Arce e Wilson). Deu adeus, definitivamente, à tríplice coroa.
A rodada teve ainda Grêmio 2, Coritiba 0; Atlético Paraná 3, Santo André 0; Vitória 3, Náutico 1.
Na outra ponta da tabela, o Fluminense continua dono absoluto da lanterna. No domingo até que se esforçou, arrancando um 2 a 2 com o Internacional, mas continua em último, com 26 pontos, seis a menos que o Botafogo, que ocupa o 16º lugar. Fazem compania ao Flu o Santo André (17º, com 29 pontos), o Náutico (18º com 29 pontos) e o Sport (19º com 28 pontos).
O Fluminense está numa situação complicadíssima, pois tem pedreiras pela frente: encara Goiás, Cruzeiro e Sport fora de casa, e pega no Rio Atlético Mineiro (que luta pelo título), Palmeiras, Atlético PR e Vitória. Se mantiver a média de pontos conquistados até agora, disputará, com toda certeza, a série B em 2010.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
“Peruada” e movimentos sociais
Cerca de mil estudantes de Direito da USP (Largo de São Francisco) realizaram no início da tarde desta sexta-feira a tradicional “Peruada” – manifestação que remontaria há de cem anos. A tradicional passeata contou com um grande aparato da Polícia Militar. Centenas de homens da PM formaram um longo cordão de isolamento; uma dezena de motocicletas da Roncam e pelo menos cinco viaturas da Força Tática fizeram a “segurança” dos foliões.
A “peruada” provocou cerca de 80 quilômetros de engarrafamento, segundo sítios de notícia, parando inclusive a avenida 23 de Maio.
Nada contra a “Peruada”. Acho que a meninada da USP tem o direito de se manifestar. Como têm o direito de se manifestar os sindicatos, as entidades estudantis, os sem-terra, enfim, os movimentos sociais. Só que o tratamento dispensado aos estudantes pela imprensa e pelo governo não é o mesmo empregado aos professores, por exemplo. Em São Paulo a prática é “criminalizar” os movimentos sociais.
Em 2005, professores em greve fizeram uma passeata da Assembleia Legislativa até a avenida Paulista, fechando parte da Brigadeiro Luiz Antônio. É claro que se atrapalhou o trânsito na região. As manchetes dos principais meios de comunicação enfocaram, basicamente, o fato de a manifestação “atrapalhar” o trânsito da cidade. Nenhuma foi positiva ou mesmo informou sobre as reivindicações dos trabalhadores. No caso da “Peruada”, o UOL, por exemplo, afirmou em chamada da página principal: “Estudantes fazem alusão a Sarney durante 'Peruada 2009' em SP”.
O Ministério Público processou o ex-presidente da APEOESP – o Sindicato dos Professores – pela passeata de 2005. À época, pediu a indenização de R$ 4 milhões, que deveria ser paga pelo professor Carlos Ramiro de Castro. A alegação: o congestionamento teria provocado prejuízos à população. Todos sabemos que os promotores são advogados. Também participaram de “peruadas”, não de greves. Aos amigos, os louros; aos inimigos, a lei!
Conferência da Comunicação
Não existe democracia de fato sem a pluralidade dos meios de comunicação. No Brasil, os grandes conglomerados de comunicação estão nas mãos de poucos; por aqui o que vale é a “liberdade de empresa”, e não de imprensa. Os barões da comunicação ditam as regras das coberturas, especialmente da política. É um jogo de interesses; uma briga de cachorro grande.
O Grupo Traffic, por exemplo, está se tornando poderoso no Estado, pois mantém oito jornais no Interior, e a TV Tem, afiliada da Rede Globo. Ontem comprou o “Diário de S. Paulo”. Poder político, pois forma a opinião pública. É o que tentam, por exemplo, alguns jornalistas que exercem grande influência porque trabalham na poderosa Rede Globo, a exemplo de Miriam Leitão e Alexandre Machado. Miriam Leitão prega o caos econômico; Alexandre, o político.
A oportunidade de o País dar um salto enorme rumo à democratização dos meios de comunicação acontecerá na 1ª Conferência Nacional da Comunicação (Confecom), que acontecerá em Brasília entre os dias 1 e 3 de dezembro. A Confecom é precedida por encontros municipais e estadual, processo que tem garantido à sociedade civil mobilizar milhares de pessoas em centenas de cidades Brasil afora.
Osasco realiza hoje, 16, e amanhã a sua 1ª Conferência Municipal de Comunicação, no auditório da Unifeo, campus da Vila Yara. A abertura dos eventos, que contará com a presença do prefeito Emídio de Souza, acontecerá às 19 horas. Haverá palestras com os jornalistas Pedro Pomar e Luiz Carlos Azenha.
As mesas de debate acontecem neste sábado, a partir das 9 horas, quando os jornalistas Renato Rovai e Altamiro Borges e o cientista político Francisco Fonseca debatem o tema “Produção de conteúdo nos meios de comunicação”. Às 11 horas os jornalistas José Américo, Marcelo Parada e Alberto Luchetti falam sobre “Meios de Distribuição”. Encerrando os debates, às 16h30 o jornalista Ricardo Dias e o deputado federal João Paulo Cunha discorrem sobre “Cidadania: Direitos e Deveres”.
O Grupo Traffic, por exemplo, está se tornando poderoso no Estado, pois mantém oito jornais no Interior, e a TV Tem, afiliada da Rede Globo. Ontem comprou o “Diário de S. Paulo”. Poder político, pois forma a opinião pública. É o que tentam, por exemplo, alguns jornalistas que exercem grande influência porque trabalham na poderosa Rede Globo, a exemplo de Miriam Leitão e Alexandre Machado. Miriam Leitão prega o caos econômico; Alexandre, o político.
A oportunidade de o País dar um salto enorme rumo à democratização dos meios de comunicação acontecerá na 1ª Conferência Nacional da Comunicação (Confecom), que acontecerá em Brasília entre os dias 1 e 3 de dezembro. A Confecom é precedida por encontros municipais e estadual, processo que tem garantido à sociedade civil mobilizar milhares de pessoas em centenas de cidades Brasil afora.
Osasco realiza hoje, 16, e amanhã a sua 1ª Conferência Municipal de Comunicação, no auditório da Unifeo, campus da Vila Yara. A abertura dos eventos, que contará com a presença do prefeito Emídio de Souza, acontecerá às 19 horas. Haverá palestras com os jornalistas Pedro Pomar e Luiz Carlos Azenha.
As mesas de debate acontecem neste sábado, a partir das 9 horas, quando os jornalistas Renato Rovai e Altamiro Borges e o cientista político Francisco Fonseca debatem o tema “Produção de conteúdo nos meios de comunicação”. Às 11 horas os jornalistas José Américo, Marcelo Parada e Alberto Luchetti falam sobre “Meios de Distribuição”. Encerrando os debates, às 16h30 o jornalista Ricardo Dias e o deputado federal João Paulo Cunha discorrem sobre “Cidadania: Direitos e Deveres”.
Diário é da Traffic
Na quarta-feira postei informação que a Rede Bom Dia, que pertence ao Grupo Traffic, do empresário J. Hawilla, lançaria jornal em Osasco. Pois bem, a ganância de Hawilla está insaciável. O grupo adquiriu da Rede Globo o “Diário de S. Paulo”. O negócio foi fechado na quinta-feira, 15. Leia nota divulgada pela Globo na página do jornal na Internet:
“A Infoglobo Comunicação e Participações comunica a venda dos ativos do jornal 'Diário de São Paulo' para o grupo Traffic. As negociações foram concluídas na tarde do dia 15 de outubro, com a aprovação da proposta apresentada pelo proprietário da rede de jornais 'Bom Dia'.
“A Infoglobo Comunicação e Participações comunica a venda dos ativos do jornal 'Diário de São Paulo' para o grupo Traffic. As negociações foram concluídas na tarde do dia 15 de outubro, com a aprovação da proposta apresentada pelo proprietário da rede de jornais 'Bom Dia'.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Argentina na África
A Argentina, de Don Dieguito Maradona, carimbou o passaporte para a África do Sul ao bater o Uruguai pelo raquítico placar de 1 a 0. Não faltou sofrimento para los hermanos. O gol argentino saiu dos pés de Bolatti aos 40 minutos do segundo tempo. O Uruguai contou com uma força do Chile, que bateu o Equador por 1 a 0, placar que garantiu a Celeste em 5º lugar e com chances de ir à Copa da África. Os uruguaios encaram na repescagem a Costa Rica, quarta colocada da Concacaf.
Muita gente ontem estava torcendo para uma derrota dos argentinos, movida por uma rivalidade futebolística, que muitas vezes descamba para a xenofobia, coisa que não consigo entender. Bem, mas na minha opinião uma Copa do Mundo sem a Argentina não tem a mínima graça; é como uma Campeonato Paulista sem o Corinthians, por exemplo.
O Brasil, já classificado, não passou de um 0 a 0 com a Bolívia. O empate garantiu o primeiro lugar das eliminatórias sul-americanas. A vitória sobre o Equador garantiu o segundo lugar ao Chile. O Paraguai caiu diante da Colômbia (2 a 0) e acabou em terceiro lugar – com os mesmos 33 pontos do Chile, mas com dois gols a menos de saldo.
Das Américas, por enquanto, estão classificados o Brasil, o Chile, o Paraguai, a Argentina, os Estados Unidos, o México e Honduras.
O tempo
Um ensinamento do mestre Mário Quintana, um dos meus poetas preferidos:
O tempo
(Mário Quintana)
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo:
Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo,
pois a única falta que terá,
será desse tempo que infelizmente não voltará mais.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Traffic abre jornal em Osasco
Até o final deste mês, a região Oeste da Grande São Paulo deve ganhar um novo jornal. Trata-se do “Bom Dia”, do Grupo Traffic, do empresário J. Hawilla – que cansou de ganhar dinheiro negociando jogadores. A rede “Bom Dia” já possui oito jornais no interior do Estado – São José do Rio Preto, Bauru, Sorocaba, Jundiaí, Fernandópolis, Marília, Catanduva e ABCD – e a TV Tem, afiliada da Rede Globo. Para lançar o jornal na região, o empresário J. Hawilla associou-se ao Grupo Metromídia, que edita a “Folha de Alphaville” e as revistas “Metrópolis”e “A Magazine”. A tiragem inicial será de 25 mil exemplares, que poderão se encontrados em bancas de jornal, livrarias e postos de combustível.
Será o primeiro jornal diário da região – com edições de domingo a domingo. Todos os jornais do grupo mantêm o mesmo padrão gráfico e alguns colunistas em comum. Não é nenhum jornal revolucionário, ao contrário, bem comum. Mantém as editorias de política (com cobertura regional), economia (basicamente as mesmas pautas são publicadas por todos os jornais da rede), dia-a-dia, que mistura cidades, polícia etc, o caderno Viva, de variedades, e esportes, que mescla cobertura nacional e local.
Na falta de um concorrente à altura, o Bom Dia Região Oeste chega para dominar o pedaço. Guardando-se as devidas proporções – especialmente a financeira – foi o que o “Primeira Hora” tentou fazer na região no final dos anos 1990 e início de 2000 com as edições de Osasco e Barueri; se o projeto desse certo, haveria edições de Carapicuíba, Jandira, Itapevi...
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Time dos sonhos
Há tempos a revista “Placar” propôs a brincadeira: o time dos sonhos de todas as torcidas. O do Palmeiras, modéstia a parte, é uma verdadeira seleção. Na foto aparecem, em pé: Djalma Santos, Marcos, Dudu, Luizão Pereira, Roberto Carlos, Waldemar Fiúme; agachados: Julinho, César Sampaio, Rivaldo, Ademir da Guia e Evair. O técnico? Claro, Luiz Felipe Scolari, o Felipão!
Deste timaço, tive o prazer de ver jogar, além do Marcão, o Dudu, o Luizão Pereira, o Roberto Carlos, o César Sampaio, o Rivaldo, o Ademir da Guia e o Evair.
Eleição e publicidade
Os repórteres Paulo Peixoto e Breno Costa, da “Folha de S. Paulo”, revelaram que o governador José “Vampirus” Serra (PSDB) pretende aumentar em 158% os gastos com publicidade no orçamento de 2010. Como todos sabem, Serra quer ser o candidato tucano à sucessão presidencial. Outro tucano que vem investindo em publicidade é Aécio Neves, governador de Minas Gerais, que também pleiteia a legenda para candidatar-se à presidência. De acordo com a matéria da “Folha”, Aécio prevê um aumento de 21% nos gastos com publicidade. Mais modesto, né?
Diz a matéria: “A previsão de gastos para 2010, no caso do governo de São Paulo, ultrapassa a evolução real do Orçamento do Estado desde 2006.” Serra prevê gastar no próximo ano R$ 119,9 milhões em publicidade institucional, enquanto Aécio prevê gastos de R$ 40,4 milhões, conforme as propostas orçamentárias que os governos enviaram no mês passado aos seus respectivos Legislativos estaduais.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Discutindo a relação
Aos meus três ou quatro leitores devo uma explicação pelo sumiço. Meu último post foi editado na segunda-feira. Pois é, andamos atolados no trabalho e sem tempo. Como hoje é sexta-feira – dia internacional da cerveja e de jogar conversa fora – , publico uma piadinha enviada por uma amiga.
Discutindo a relação:
Sempre tem aquelas horas em que a mulher decide "discutir" a relação. Ela puxa conversa com o marido:
– Se eu morresse você casava outra vez?
– Claro que não!
– Não?! Não por quê?! Não gosta de estar casado?
– Claro que gosto!
– Então por que é que não casava de novo?
– Está bem, casava...
– Casava? (com a voz magoada)
– Casava. Só porque foi bom com você...
– E dormiria com ela na nossa cama?
– Onde é que você queria que nós dormíssemos?
– E substituiria as minhas fotografias por fotografias dela?
– É natural que sim...
– E ela ia usar o meu carro?
– Não. Ela não dirige...
– ... !!!!
O marido, em pensamento: F.u.d.e.u !!!
Moral da história: JAMAIS prolongue um assunto com uma mulher, apenas abane a cabeça ou diga: “a-ham”, ou “hum-hum”.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Adiós, Sosa
Às 11 horas de hoje (horário de Buenos Aires) os restos mortais da cantora argentina Mercedes Sosa foram levados ao Cemitério de la Chacarita, onde seriam cremados, conforme era sua vontade. Aos 74 anos, símbolo da música argentina e latino-americana, a cantora faleceu no domingo. Seu corpo foi velado no Congresso Nacional Argentino, por onde passaram a presidente Cristina Kirchner, músicos e milhares de pessoas para dar o último adeus à cantora.
Mercedes Sosa embalou minha adolescência e juventude. Ainda ouço com prazer a música latino-americana. Uma perda a se lamentar. Abaixo, reproduzo uma das canções que mais gosto de ouvir em sua voz.
Canción con todos
(Armando Tejado Gómes/César Isella)
Salgo a caminar
Por la cintura cósmica del sur
Piso en la región
Más vegetal del tiempo y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de América en mi piel
Y anda en mi sangre un río
Que libera en mi voz
Su caudal.
Sol de alto Perú
Rostro Bolivia, estaño y soledad
Un verde Brasil besa a mi Chile
Cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña América y total
Pura raíz de un grito
Destinado a crecer
Y a estallar.
Todas las voces, todas
Todas las manos, todas
Toda la sangre puede
Ser canción en el viento.
¡Canta conmigo, canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz!
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Fiesp vermelha
Quando vi o Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) numa propaganda de TV falando sobre as escolas mantidas pelo Sesi, deduzi: esse cara quer ser candidato. Imaginei que o homem buscava filiação no Demo, no PSDB – partidos que têm mais o seu perfil. Qual foi minha surpresa. Ele filiou-se ao PSB (Partido Socialista Brasileiro). Cabe uma pergunta: ou PSB não é mais socialista ou o empresariado brasileiro deu uma rasteira no proletariado e está empunhando a bandeira vermelha do socialismo? (Sim, sei que o PSB nunca teve um perfil radical, mas não podia perder a piada.)
Tem mais, pessoas ligadas ao partido e a Skaf revelaram os planos da legenda para 2010: lançar Skaf à sucessão de José Serra, com outro recém-filiado, o ex-secretário de Educação do Estado, Gabriel Chalita, candidato ao Senado. Ciro Gomes seria o candidato do partido ao Palácio do Planalto. Ao que tudo indica, a cúpula socialista desistiu de convencer Ciro Gomes a transferir seu domicílio eleitoral para São Paulo para candidatar-se ao governo (parte do PT apoiava a ideia). Antes que alguém levante a bola: “pô, um cearense quer governar São Paulo!”, há que se esclarecer que ele nasceu em Pindamonhangaba.
Chalita foi o candidato a vereador mais votado na Capital em 2008 – conquistou mais de 100 mil votos –, o que o cacifou. Até o PT andou tentando um namoro com o ex-tucano. O controvertido “educador” enamorou-se pela pombinha da paz e não pela estrela que enfeitam bandeiras vermelhas.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
A crise hondurenha e o PIG
A primeira notícia que li sobre o golpe em Honduras foi no portal do jornal argentino “Pagina 12”. Os jornalões brasileiros – e os outros meios de comunicação, em geral – cobrem muito mal a América Latina. Deram a notícia depois, usando material de agências de notícia.
Os correspondentes brasileiros só foram enviados à capital daquele país, Tegucigalpa, depois de Manuel Zelaya, o presidente deposto pelo golpe, receber abrigo na Embaixada brasileira ao retornar ao país. Roberto Micheletti, o golpista, chegou a anunciar que invadiria a embaixada para prender Zelaya.
A “crise” virou um prato cheio para a aposição e, principalmente, para o pessoal do chamado Partido da Imprensa Golpista (PIG) – criação do jornalista Paulo Henrique Amorim para designar parte da imprensa que desde a posse de Lula no primeiro mandato não tem feito outra coisa a não ser tentar derrubá-lo da cadeira de presidente. “Casa da sogra”, atrapalhada, esculacho foram alguns adjetivos usados pela imprensa para anunciar o desastre da operação.
O pessoal do PIG, principalmente aqueles que exercem funções de comentaristas, beira às raias da fobia. Clovis Rossi é um deles. Na “Folha” de ontem chegou a afirmar que “se eu fosse do governo brasileiro, chamaria o capitão Nascimento (…) para dizer: 'pede para sair, Zelaya'. É a única solução para acabar com o esculacho na missão em Tegucigalpa”.
Na mesma edição e jornal, Eliana Catanhêde escreveu: “O Brasil perdeu totalmente as condições de exercer uma de suas especialidades na solução da crise em Honduras: a capacidade de liderança e mediação”. Carlos Heitor Cony emenda: “A condição de asilado que Zelaya desfruta na embaixada brasileira é prejudicada pela pregação do ex-presidente (…). A primeira obrigação de um asilado é manter um silêncio obsequioso”.
Um prega a violência para expulsar um presidente legitimamente eleito e deposto por um golpe da nossa embaixada; outra diz que o Brasil se equivocou e perdeu forças; um terceiro propõe censura ao abrigado.
O Brasil sai fortalecido?
Enquanto a imprensa tupiniquim malha o governo, o jornal espanhol “El País”, um dos mais influentes do mundo, publicou artigo de Jorge Heine, diplomata e ex-ministro de Estado chileno, elogiando o posicionamento do Brasil frente à crise hondurenha. Leia trecho:
“Uma crítica recorrente à política exterior brasileira durante os governos do presidente Lula tem sido o de ter prestado demasiada atenção aos temas globais (rodada de Doha e da OMC, reforma do Conselho de Segurança da ONU) e não o suficiente as realidades regionais. Agora o argumento se inverte, e se aventa que ao envolver-se numa questão regional como Honduras, o Brasil estaria prejudicando suas aspirações maiores. Isto não tem sentido. Uma potencia regional com aspirações globais que é incapaz de resolver crises em seu próprio entorno não é levado a sério no resto do mundo.
Ao assumir a crise de Honduras como uma prioridade, o Brasil não faz senão expressar o consenso latino-americano (e ibero-americano) na matéria. A noção de que isto prejudicaria o Brasil e seu papel global não tem fundamento. Se Brasília pretende com isto resolver as intrigas de Hondruas e com isto resolver um problema dos Estados Unidos, Washington estaria eternamente agradecido. Com isto, Brasília começaria a assumir um tipo de liderança regional que temos esperado há muito tempo.”
Atos secretos dos tucanos
Deu na “Isto É” desta semana: “Assembleia de São Paulo repete falta de transparência do Senado Federal e esconde 46 decisões para nomear funcionários e pagar viagens sem que ninguém saiba.”
O repórter Alan Rodrigues pesquisou edições do “Diário Oficial do Estado” entre fevereiro de 2003 e setembro de 2009 para levantar os 46 atos secretos do Legislativo paulista. “Na publicação, a numeração dos atos deve ser sequencial e a publicidade é determinada pelo artigo 37 da Constituição Federal, mas isto não acontece”, revela a reportagem.
De acordo com a publicação, em 2003, pouco antes de deixar a presidência da Assembleia Legislativa, o deputado Celino Cardoso (PSDB) aprovou 27 atos secretos. Sob o comando do deputado Sidney Beraldo (PSDB), atual secretário de Gestão Pública do governador José Serra, teriam sido aprovados outros dez atos secretos. À frente da Mesa Diretora, o deputado Vaz de Lima (PSDB) repetiu a prática de seus antecessores, com oito atos secretos.
Sidney Beraldo limitou-se a comentar: “Há atos internos que não somos obrigados a publicar, pois não envolvem despesas financeiras”. (Não é o que diz a Constituição.)
O atual presidente da Casa, Barros Munhoz, inicialmente negara a existência de atos secretos; depois assumiu que eles existem.
Pois bem, a notícia não foi repercutida pelos jornalões e nem pelas emissoras de TV. Em São Paulo o PSDB e o governador José Serra são blindados pela imprensa. Há na Assembleia Legislativa mais de 60 pedidos de CPI. Nenhum foi aprovado, isto porque o governo tem folgada maioria em sua base de sustentação, formada pelo PSDB, pelo DEMO e alguns partidos nanicos que flutuam em torno do poder.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
GEO encara Sertãozinho
A Federação Paulista de Futebol divulgou hoje as rodadas da segunda fase da Copa Paulista. O Grêmio Esportivo Osasco (GEO) estréia às 15 horas de sábado, 3 de outubro. Recebe no Estádio José Liberatti, o Liberatão, a forte equipe do Sertãozinho – a melhor campanha da primeira fase do campeonato. Na quarta-feira, 7, viaja até Piracicaba para enfrentar o XV no Barão de Serra Negra, às 20 horas. Depois, no dia 10, pega o Sorocaba, às 15 horas, no Walter Ribeiro, em Sorocaba.
Os jogos de volta iniciam-se no dia 17 de outubro, quando o GEO recebe em casa o Sorocaba, a partir das 15 horas; na quarta-feira seguinte, dia 21, encara o XV de Piracicaba, às 16 horas, no Liberattão. Na última partida desta fase encara, no dia 25, às 11 horas, o Sertãozinho, no Estádio Frederico Dalmazo. Avanti, GEO!
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Na liderança
Mesmo jogando mal, o Palmeiras bateu o Atlético-PR no sábado, 26, por 2 a 1, com gols de Figueroa e Danilo. No domingo, torci muito pelo empate entre o Corinthians e o São Paulo. Os deuses do futebol deram uma ajudinha. Fizeram o excelente zagueiro André Dias atrasar a bola na fogueira para o goleiro Bosco. O Gorducho Ronaldo – está visivelmente acima do peso, mas como dizem, mesmo gordo joga mais do que muitos por aí – aproveitou-se da lambança para escrever 1 a 0 no placar. Depois vieram as atrapalhadas do árbitro Ricardo Gomes Ribeiro, que anulou mal um gol de Dentinho e validou mal o gol de Washington, que estava em impedimento. Ou seja, partida maravilhosa.
Os resultados da rodada isolaram o Palmeiras na liderança, com 50 pontos, cinco a mais que o Goiás, que surpreendeu o Grêmio (2 a 1), e assumiu a vice-liderança. Os placares da rodada: Barueri 0, Cruzeiro 1; Coritiba 2, Náutico 0; Internacional 0, Flamengo 0; Fluminense 3, Avaí 2; Sport 2, Santo André 1; Atlético 3, Santos 1; Botafogo 1, Vitória 3.
Fazendo contas
Sei que ainda faltam doze rodadas pela frente e tudo pode acontecer. Num exercício de futurologia – levando-se em consideração as estatísticas até a última rodada – o Palmeiras tem, potencialmente, a chance de faturar 22 pontos nos doze jogos que ainda restam. Isto faria o time chegar ao 77 pontos. As mesmas estatísticas apontam que o potencial do Goiás é de conquistar 58 pontos; o São Paulo, poderia chegar 65 pontos. Fosse simples, assim, poderíamos entregar o troféu ao Palestra.
Como nem macumba e nem estatísticas ganham campeonato, o melhor é o Palmeiras pôr as barbas de molho e garantir, em campo, os pontos necessários para sagrar-se hexacampeão brasileiro!
GEO avança na Copa Paulista
Com gols de Wesley, aos 31 da etapa inicial, e Daniel, aos 6 do segundo tempo, o Grêmio Esportivo Osasco garantiu a vitória por 2 a 1 sobre o São Bernardo no sábado, 26, e garantiu a classificação para a segunda fase da Copa Paulista. A partida, disputada no Estádio Primeiro de Maio, em São Bernardo, teve transmissão ao vivo pela TV Cultura.
Na segunda fase, a equipe osasquense comporá o Grupo 5, ao lado do Sertãozinho, XV de Piracicaba e Atlético Sorocaba. Pelo regulamento, os dezesseis clubes foram distribuídos em quatro grupos de quatro, com jogos de ida e volta. Os dois melhores classificados passam à fase seguinte. Os outros grupos: 6: Botafogo, Ituano, São Bernardo e Ferroviária; 7: Paulista, Pão de Açúcar, Rio Preto e Mogi Mirim; 8: Juventus, Linense, Itapirense e Votoraty.
A Federação Paulista de Futebol deve divulgar a tabela dos jogos amanhã, terça-feira, 29.
(O crédito da foto é de Luís Pires.)
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Um adeus
Ontem uma grande figura – embora nos últimos tempos tivéssemos um pouco afastados, com certeza o sentimento de amizade nunca nos abandonou – deixou nossa convivência terrena. Jeanete Beauchamp, a Jane, partiu fora do combinado.
Conheci a Jane em meados da década de 1980, por meio de minha companheira. Na época, ela era dirigente sindical. Uma valente nas trincheiras da luta pela melhoria da qualidade do ensino em nosso País; uma mulher que sonhava mudar o mundo.
Nestas horas, na impossibilidade de construirmos o futuro, nos resta recordar o passado – “Nesse desassossego que o descanso/ Nos traz às vidas quando só pensamos/ Naquilo que já fomos,/E há só noite lá fora.” Lembro-me das festas que fazíamos em casa, das campanhas políticas – dela e de outras pessoas que nós apoiávamos. Tudo transforma-se num filme que precisamos rever. Recordar para nunca esquecermos os amigos.
Apesar do sobrenome francês, Jane tinha origem libanesa (seus avós, ou bisavós, não me recordo agora, migraram primeiro para o Canadá). E adorava comida árabe. Às vezes saíamos na hora do almoço para saborear uma berinjela recheada – ou pimentão. Uma iguaria preparada num pequeno restaurante comandados também por libaneses escondido numa das galerias entre a 24 de Maio e a Barão de Itapetininga.
Agora nossa amiga volta para a sua terra, Assis, no interior do Estado, para seu descanso eterno.
Jane adorava Fernando Pessoa, o poeta português. Dizia-nos que todas as manhãs, ao acordar, lia um poema dele. Era sua oração. Abaixo reproduzo um poema de Ricardo Reis, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, para homenageá-la.
Cada coisa a seu tempo tem seu tempo.
Não florescem no inverno os arvoredos,
Nem pela primavera
Têm branco frio os campos.
À noite, que entra, não pertence, Lídia,
O mesmo ardor que o dia nos pedia.
Com mais sossego amemos
A nossa incerta vida.
À lareira, cansados não da obra
Mas porque a hora é a hora dos cansaços,
Não puxemos a voz
Acima de um segredo,
E causais, interrompidas, sejam
Nossas palavras de reminiscência
(Não para mais nos serve
A negra ida do sol).
Pouco a pouco o passado recordemos
E as histórias contadas no passado
Agora duas vezes
Histórias, que nos falem
Das flores que na nossa infância ida
Com outra consciência nós colhíamos
E sob uma outra espécie
De olhar lançado ao mundo.
E assim, Lídia, à lareira, como estando,
Deuses lares, ali na eternidade,
Como quem compõem roupas
O outrora compúnhamos
Nesse desassossego que o descanso
Nos traz às vidas quando só pensamos
Naquilo que já fomos,
E há só noite lá fora.
(Ricardo Reis)
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Cresce número de analfabetos em SP
Os números da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (Pnad), divulgadas na semana passada pelo IBGE, revelam que o analfabetismo das crianças entre 10 e 14 anos cresceu no Estado de São Paulo. Os números do Pnad referem-se a 2008. O levantamento apontou salto de 29 mil, em 2007, para 51 mil, em 2008, o número de crianças que não sabem ler e escrever nesta faixa etária. O problema é sério e tem várias raízes, inclusive sócio-econômicas e psicopedagógicas.
A estrutura educacional do Brasil, como a conhecemos hoje, é muito recente. Data da década de 1930, quando intelectuais e educadores, como Anísio Teixeira, tentaram organizar o universalizar o ensino. A escola era para muito poucos. Quase 80% da população era analfabeta.
A universalização do ensino, por incrível que pareça, começou a ser levada em prática pelos governos militares. O interesse era econômico, pois as fábricas precisavam de mão-de-obra especializada, e sem saber ler e escrever o operário não conseguia se especializar.
O grande problema é que faltavam professores. A solução encontrada pelo MEC foi a abertura de inúmeras faculdades de licenciatura em várias partes do país. Óbvio, com qualidade contestável.
O grande problema é que o Brasil nunca pensou a Educação com seriedade. Só agora, no final do segundo mandato de Lula, se prepara um novo Plano Nacional de Educação; em São Paulo, os governos tucanos sempre ignoraram a necessidade de um Plano Estadual de Educação, preferindo tirar da manga planos mirabolantes e definitivos, logo abandonados pelo novo ocupante do Palácio dos Bandeirantes, numa roda de infortúnios. A última foi a colocação de dois “professores” em sala de aula nos primeiros anos da escolaridade. A aspas em professores é proposital. O professor tem a “ajuda” de um estagiário. O resultado é este apontado pelo Pnad.
Tucanos põem culpa na Pnad
Costumo dizer que o governo de José Serra é platônico. Explico. A grosso modo, para Platão o mundo concreto percebido pelos sentidos é uma pálida reprodução do mundo das Idéias. Cada objeto concreto que existe participa, junto com todos os outros objeto de sua categoria de uma Idéia perfeita. Por exemplo, ao construir uma cadeira, o marceneiro faz uma reprodução da Idéia de cadeira, que é perfeita.
Assim é no governo Serra. O mundo perfeito do governador acontece na televisão, nas propagandas do governo. Lá as escolas são perfeitas, o sistema de transporte em São Paulo é ideal, tudo funciona. No mundo real, o metrô entra constantemente em pane, as escolas são péssimas, com professores mal-pagos e desmotivados. (Aliás, quem dependeu de metrô hoje, quarta, no início da manhã sabe o que estou dizendo.)
O secretário da Educação, Paulo Renato Souza, limitou-se a contestar os números do Pnad: “Nossos indicadores não mostram isso, só pode ser erro amostral”. É assim, no mundo perfeito ninguém erra. A arrogância é a mãe do desastre.
A estrutura educacional do Brasil, como a conhecemos hoje, é muito recente. Data da década de 1930, quando intelectuais e educadores, como Anísio Teixeira, tentaram organizar o universalizar o ensino. A escola era para muito poucos. Quase 80% da população era analfabeta.
A universalização do ensino, por incrível que pareça, começou a ser levada em prática pelos governos militares. O interesse era econômico, pois as fábricas precisavam de mão-de-obra especializada, e sem saber ler e escrever o operário não conseguia se especializar.
O grande problema é que faltavam professores. A solução encontrada pelo MEC foi a abertura de inúmeras faculdades de licenciatura em várias partes do país. Óbvio, com qualidade contestável.
O grande problema é que o Brasil nunca pensou a Educação com seriedade. Só agora, no final do segundo mandato de Lula, se prepara um novo Plano Nacional de Educação; em São Paulo, os governos tucanos sempre ignoraram a necessidade de um Plano Estadual de Educação, preferindo tirar da manga planos mirabolantes e definitivos, logo abandonados pelo novo ocupante do Palácio dos Bandeirantes, numa roda de infortúnios. A última foi a colocação de dois “professores” em sala de aula nos primeiros anos da escolaridade. A aspas em professores é proposital. O professor tem a “ajuda” de um estagiário. O resultado é este apontado pelo Pnad.
Tucanos põem culpa na Pnad
Costumo dizer que o governo de José Serra é platônico. Explico. A grosso modo, para Platão o mundo concreto percebido pelos sentidos é uma pálida reprodução do mundo das Idéias. Cada objeto concreto que existe participa, junto com todos os outros objeto de sua categoria de uma Idéia perfeita. Por exemplo, ao construir uma cadeira, o marceneiro faz uma reprodução da Idéia de cadeira, que é perfeita.
Assim é no governo Serra. O mundo perfeito do governador acontece na televisão, nas propagandas do governo. Lá as escolas são perfeitas, o sistema de transporte em São Paulo é ideal, tudo funciona. No mundo real, o metrô entra constantemente em pane, as escolas são péssimas, com professores mal-pagos e desmotivados. (Aliás, quem dependeu de metrô hoje, quarta, no início da manhã sabe o que estou dizendo.)
O secretário da Educação, Paulo Renato Souza, limitou-se a contestar os números do Pnad: “Nossos indicadores não mostram isso, só pode ser erro amostral”. É assim, no mundo perfeito ninguém erra. A arrogância é a mãe do desastre.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Vento da Lua
Acabo de ler o adorável romance Vento da Lua (Companhia das Letras, 288 páginas), do escritor espanhol Antônio Muñoz Molina. É um romance de formação que contrapõe o lento cotidiano de uma pequena e imaginária aldeia andaluza durante a ditadura franquista – Mágina, uma espécie particular de Macondo* – à velocidade vertiginosa da expedição Apolo 11.
Nesse vilarejo rural e arcaico, um narrador de 13 anos acompanha, empolgado e esperançoso, a missão da Apollo 11 em direção à Lua. O escritor contrapõe a viagem da equipe de Neil Armstrong às descobertas e iniciações do garoto – sexuais, intelectuais (é aficionado por Júlio Verne e H.G. Wells), morais, religiosas – e à rotina da cidadezinha.
Entremeados com as notícias da fantástica viagem, a dura rotina no campo (seus pais e avós são hortelões), a penosa falta de água encanada, a mesquinhez dos vizinhos e o obscurantismo dos padres professores são nítidas reminiscências da infância do autor - também nascido e crescido numa pequena cidade do sul da Espanha.
A obra de Molina nos permite uma outra leitura, as contradições da pós-modernidade, com a alta tecnologia convivendo com o atraso provinciano. Um belo livro. Recomendo a leitura.
Molina, que atualmente reside em Nova York, Estados Unidos, é um dos mais premiados escritores espanhóis. De sua vasta obra, a Companhia das Letras já lançou no Brasil Carlota Fainberg, Lua Cheia e Serafad.
*Macondo é a cidade imaginária criada por Gabriel García Marquez.
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
De novo, as cotas
Recentemente, o geógrafo e professor da USP Demétrio Magnoli lançou o livro Uma gota de sangue – História do pensamento racial. Não li o dito cujo, por isso recorri a uma matéria do caderno Aliás, do jornal “O Estrado de São Paulo”. De acordo com a matéria, o compêndio de Magnoli é “um libelo contra o que o autor chama de mito das raças”. O próprio autor se explica: “Raças não existem. O que existe é o mito da raça, uma invenção recente, nascida há 150 anos junto com a expansão das potências européias na África e na Ásia e usada para conquistar poder político e econômico”. O jornalista Ali Kamel – todo poderoso da Rede Globo – percorre o mesmo caminho: em 2006 lançou o livro Não somos racistas, que recebeu elogios rasgados da revista “Veja”, a mais preconceituosa de nossas revistas semanais.
Os dois livros são sim libelos contra a política de cotas para negros e índios nas universidades brasileiras. Cansei de ouvir mesmices daqueles que se colocam contra as cotas baseados apenas no que viram e ouviram, na época, nas “reportagens” e opiniões de comentaristas da Globo.
A “Folha de S. Paulo” de hoje, 17, traz um artigo do professor José Jorge de Carvalho, da UnB (Universidade de Brasília). Reproduzo alguns trechos do artigo, que vão de encontro ao meu pensamento:
“Enquanto cresce o número de universidades que aprovam autonomamente as cotas, a reação a esse movimento de dimensão nacional pela inclusão de negros e indígenas vai se tornando cada vez mais ideológica (…).
“Um grupo de acadêmicos e jornalistas brancos, concentrados no eixo Rio-São Paulo, reage contra esse movimento apontado para cenários catastróficos, como se, por causa das cotas, as universidades brasileiras pudessem ser palco de genocídios como o do nazismo e o de Ruanda!
“Como não podem negar a necessidade de alguma politica de inclusão racial, passam a repetir tediosamente aquilo que todos sabem e do que ninguém discorda: não existem raças no sentido biológico do termo. (…) Começaram a negar a própria existência de racismo no Brasil.
Fugindo do debate substantivo, os anticotas optam pela desinformação e pela negacionismo: raça não existe, logo, não há negros no Brasil; se existem por causa das cotas, não há como identificá-los, logo, não pode haver cota”.
Os dois livros são sim libelos contra a política de cotas para negros e índios nas universidades brasileiras. Cansei de ouvir mesmices daqueles que se colocam contra as cotas baseados apenas no que viram e ouviram, na época, nas “reportagens” e opiniões de comentaristas da Globo.
A “Folha de S. Paulo” de hoje, 17, traz um artigo do professor José Jorge de Carvalho, da UnB (Universidade de Brasília). Reproduzo alguns trechos do artigo, que vão de encontro ao meu pensamento:
“Enquanto cresce o número de universidades que aprovam autonomamente as cotas, a reação a esse movimento de dimensão nacional pela inclusão de negros e indígenas vai se tornando cada vez mais ideológica (…).
“Um grupo de acadêmicos e jornalistas brancos, concentrados no eixo Rio-São Paulo, reage contra esse movimento apontado para cenários catastróficos, como se, por causa das cotas, as universidades brasileiras pudessem ser palco de genocídios como o do nazismo e o de Ruanda!
“Como não podem negar a necessidade de alguma politica de inclusão racial, passam a repetir tediosamente aquilo que todos sabem e do que ninguém discorda: não existem raças no sentido biológico do termo. (…) Começaram a negar a própria existência de racismo no Brasil.
Fugindo do debate substantivo, os anticotas optam pela desinformação e pela negacionismo: raça não existe, logo, não há negros no Brasil; se existem por causa das cotas, não há como identificá-los, logo, não pode haver cota”.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Os dois leões
O humor é o melhor dos remédios. Dia destes numa conversa lembramos do Stanislaw Ponte Preta, heterônimo do jornalista e humorista Sérgio Porto, que fez grande sucesso nas décadas de 1950 e 1960. Foi o criador da Tia Zulmira, Rosamundo e Primo Altamiro. Seu maior sucesso foi a obra FEBEAPÁ – Festival de Besteiras que Assolam o País, lançado em plena ditadura militar. O carioca Sérgio Porto faleceu aos 45 anos, em 1968.
Tenha uma ideia do que era o FEBEAPÁ: "No mesmo dia em que o governo resolvia intervir em todos os sindicatos, resolvia mandar uma delegação à 16a. Sessão do Conselho de Administração da OIT, em Genebra. Ao Brasil caberia exatamente fazer parte da Comissão de Liberdade Sindical. Na mesma ocasião, um time da Alemanha Oriental vinha disputar alguns jogos aqui e então o Itamarati distribuiu uma nota avisando que eles só jogariam se a partida não tivesse cunho político. Em Mariana, MG, um delegado de polícia proibia casais de se sentarem juntos na única praça namorável da cidade, baixando portaria dizendo que moça só podia ir ao cinema com atestado dos pais. Em Belo Horizonte, um outro delegado distribuía espiões pelas arquibancadas dos estádios.Dali em diante quem dissesse mais de três palavrões ia preso."
Em homenagem a este grande humorista, reproduzo abaixo a “fábula” dos leões. O texto é atualíssimo. Basta você trocar as siglas do PTB pela do PMDB e deputado por senador.
Fábula dos Dois Leões
Stanislaw Ponte Preta
(Sérgio Porto)
Diz que eram dois leões que fugiram do Jardim Zoológico. Na hora da fuga cada um tomou um rumo, para despistar os perseguidores. Um dos leões foi para as matas da Tijuca e outro foi para o centro da cidade. Procuraram os leões de todo jeito mas ninguém encontrou. Tinham sumido, que nem o leite.
Vai daí, depois de uma semana, para surpresa geral, o leão que voltou foi justamente o que fugira para as matas da Tijuca. Voltou magro, faminto e alquebrado. Foi preciso pedir a um deputado do PTB que arranjasse vaga para ele no Jardim Zoológico outra vez, porque ninguém via vantagem em reintegrar um leão tão carcomido assim. E, como deputado do PTB arranja sempre colocação para quem não interessa colocar, o leão foi reconduzido à sua jaula.
Passaram-se oito meses e ninguém mais se lembrava do leão que fugira para o centro da cidade quando, lá um dia, o bruto foi recapturado. Voltou para o Jardim Zoológico gordo, sadio, vendendo saúde. Apresentava aquele ar próspero do Augusto Frederico Schmidt que, para certas coisas, também é leão.
Mal ficaram juntos de novo, o leão que fugira para as florestas da Tijuca disse pro coleguinha: — Puxa, rapaz, como é que você conseguiu ficar na cidade esse tempo todo e ainda voltar com essa saúde? Eu, que fugi para as matas da Tijuca, tive que pedir arreglo, porque quase não encontrava o que comer, como é então que você... vá, diz como foi.
O outro leão então explicou: — Eu meti os peitos e fui me esconder numa repartição pública. Cada dia eu comia um funcionário e ninguém dava por falta dele.
— E por que voltou pra cá? Tinham acabado os funcionários?
— Nada disso. O que não acaba no Brasil é funcionário público. É que eu cometi um erro gravíssimo. Comi o diretor, idem um chefe de seção, funcionários diversos, ninguém dava por falta. No dia em que eu comi o cara que servia o cafezinho... me apanharam.
Cultura paulista
Acontece até o próximo domingo, 20, no Parque da Água Branca, a 13ª edição do Revelando São Paulo – Festival da Cultura Paulista Tradicional. Participam do festival 600 artesãos e culinaristas, além de mais de 300 grupos de manifestações artísticas e culturais do interior paulista.
Lá você encontra várias comidas típicas, como o arroz carreteiro, cuzcuz paulista, virado de feijão, além de doces caseiros.
Vale a pena conferir!
Serviço
Revelando São Paulo – Festival da Cultura Paulista Tradicional
Parque da Água Branca, avenida Francisco Matarazzo, 455, Água Branca
Todos os dias, até domingo, 20, das 9 às 22 horas.
Uma dica: o Parque da Água Branca fica próximo ao Terminal da Barra Funda (dá para ir de trem ou de metrô)
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Cara de Pavio
Meu amigo Paulo Netho promoverá o lançamento de três livros de sua autoria, que fazem parte da coleção Cara de Pavio: Confissões de um louco, Confissões de um mentiroso e Confissões de um otário. Em tempo, as ilustrações são de Girotto.
O evento acontecerá no próximo dia 26 de setembro, a partir das 18h30, na Livraria Saraiva do Shopping Ibirapuera (avenida Ibirapuera, 3103, Moema).
Paulo é um grande poeta e tem vários livros de literatura infantil e infanto-juvenil publicados; um trabalho consistente. Vale a pena conferir!
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